Rodadas da semana: startup para o clima levanta R$ 350 milhões em Série A

Startup de remoção de carbono fundada em Stanford e liderada no Brasil por Julia Sekula atraiu empreas como Google, Microsoft e Valor Capital em uma das maiores rodadas do ano

Olivos en Letur
Por Marcos Bonfim
14 de Dezembro, 2024 | 07:20 AM

Bloomberg Linea — O número de anúncios de investimentos em startup da América Latina desacelerou nesta semana, como já previsto pela proximidade com as festas de fim de ano.

Ainda assim, o mercado registrou um dos maiores anúncios de 2024 em uma climate tech, a Terradot, que captou US$ 58,2 milhões, o equivalente a cerca de R$ 350 milhões.

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O negócio, criado a partir de Stanford, tem o Brasil como principal campo de teste em razão do clima tropical do país. Ex-Instituto Igarapé e estudante de finanças sustentáveis em Stanford, a brasileira Julia Sekula lidera a operação no país, além de ocupar a posição de CFO da startup.

Veja os principais aportes da semana:

Terradot

Na conexão entre Brasil e Estados Unidos, a Terradot captou US$ 58,2 milhões, o equivalente a cerca de R$ 350 milhões no câmbio atual, em uma rodada Série A.

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A climate tech, que conta com uma equipe científica com quinze profissionais, usa a tese de “intemperismo acelerado de rocha” para a remoção de carbono da atmosfera.

Ou seja, a partir de novas tecnologias e intervenções humanas, busca acelerar um processo de dissolução que levaria centenas ou milhares de anos.

De origem em Stanford, nos Estados Unidos, fundada por James Kanoff e Sasankh Munukutla, a startup tem no Brasil o campo de teste, tanto pelo clima tropical quanto pelo desenvolvimento da agricultura. A líder para o país, e CFO da companhia, é a brasileira Julia Sekula.

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A Terradot está em São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Maranhão, estados onde desenvolve ferramentas de medição, verificação e otimização para escalar a tecnologia nos setores agrícolas e de mineração.

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Para a rodada, a startup atraiu Google, Microsoft, Valor Capital, Gigascale Capital, Acre Venture Partners, além do conhecido investidor John Doerr e de Sheryl Sandberg (ex-COO da Meta).

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Os recursos serão usados para refinar as tecnologias e o desenvolvimento de novos produtos, além da contratação de novos profissionais.

No momento, a Terradot tem dois contratos vigentes. Para o Google, o acordo prevê a remoção de 200 mil toneladas de CO₂, na maior ação da big tech em relação à emissão dos gases de efeito estufa.

O segundo é com a coalizão Frontier, integrada por companhias como Google, a varejista sueca H&M, a consultoria McKinsey, a empresa de softwares Salesforce e a ferramenta de ecommerce Shopify. O contrato prevê a remoção de 90 mil toneladas de CO₂.

Trinus

Holding goiana de produtos financeiros para o mercado imobiliário, a Trinus captou R$ 43 milhões com a Bewater, gestora liderada por Guilherme Weege, herdeiro e ex-CEO do grupo Malwee.

O investimento é uma extensão da Série B levantada no ano passado com a Headline - liderada no Brasil por Romero Rodrigues, fundador do Buscapé, em parceria com a XP -, ocasião em que recebeu R$ 40 milhões.

Os valores serão empregados em tecnologia e em uma agenda de M&As.

De acordo com a holding, a empresa atua em mais de 100 cidades, distribuídas por 25 estados. Os serviços, a partir de tecnologia e da criação de estruturas de governança, abrem portas para que pequenas e médias construtoras e incorporadoras tenham acesso a instrumentos de crédito e financiamento.

Rede Decisão

Com um grupo de 21 escolas em São Paulo e Minas Gerais, a Rede Decisão, fundada em 1984, recebeu aporte de R$ 20 milhões da Rise Ventures, gestora de private equity focada em negócios de impacto.

A empresa diz que busca oferecer a melhor escolha de bairro e tem empreendido uma estratégia de crescimento inorgânico, integrando 17 unidades desde 2017. O faturamento deve ficar em R$ 146 milhões em 2024.

Os novos recursos serão usados tanto em tecnologia e em investimentos pedagógicos quanto para acelerar a estratégia de aquisições. O plano é chegar a 50 escolas no período de cinco anos.

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Marcos Bonfim

Marcos Bonfim

Jornalista brasileiro especializado na cobertura de startups, inovação e tecnologia. Formado em jornalismo pela PUC-SP e com pós em Política e Relações Internacionais pela FESPSP, acumula passagens por veículos como Exame, UOL, Meio & Mensagem e Propmark