Rodadas da semana: startup de mobilidade e fintech levantam capital com fundos

A Kapital, de tecnologia financeira, e a Vammo, de eletrificação de motos, concluíram rodadas Série B e A, respectivamente, com atração de investidores globais

Startups continuam a atrair capital de fundos no fim de 2023, a despeito do ambiente de juros mais altos
16 de Dezembro, 2023 | 09:45 AM

Bloomberg Línea — A busca por soluções sustentáveis e a redução das emissões de carbono têm impulsionado inovações em diversos setores, ao mesmo tempo em que startups de tecnologia para serviços financeiros segue atraindo investidores na região.

Nesta semana, a Vammo, uma empresa que pretende eletrificar a frota de motocicletas utilizadas para entregas, levantou US$ 30 milhões em uma rodada de investimentos Série A para expandir suas operações e promover a transição para veículos elétricos na América Latina.

Já a empresa de tecnologia financeira Kapital levantou financiamento em uma rodada liderada pela Tribe Capital para impulsionar a expansão no México e em outros mercados da América Latina.

Conheça mais de empresas que levantaram fundos nos últimos dias:

PUBLICIDADE

Kapital

A Kapital, que combina serviços bancários e tecnologia em sua plataforma, levantou US$ 40 milhões em capital próprio e US$ 125 milhões em dívida em uma rodada de financiamento Série B, disse o co-fundador e CEO da Kapital, René Saul, em entrevista à Bloomberg News.

Investidores, incluindo Cervin Ventures, Tru Arrow, MS&AD Ventures e Alumni Ventures, também participaram do acordo, segundo ele.

A empresa não divulgou sua avaliação na rodada. Incluindo uma Série A de US$ 75 milhões em agosto, a Kapital havia levantado anteriormente US$ 195,5 milhões, de acordo com o provedor de dados PitchBook.

Com sede na Cidade do México, a Kapital atende pequenas e médias empresas que normalmente não têm acesso a serviços financeiros na América Latina. Seus produtos incluem empréstimos e cartões de crédito, e a startup está expandindo para serviços de folha de pagamento e benefícios.

Os recursos da dívida levantados na rodada serão usados para fornecer empréstimos a clientes em mercados existentes, incluindo México, Colômbia e Peru, disse Saul.

“Para parte de nossa solução, o atrativo é o empréstimo”, disse ele, acrescentando que apenas 0,5% das pequenas e médias empresas têm acesso a crédito bancário. A empresa também planeja incorporar inteligência artificial em sua plataforma para fornecer insights sobre usuários, incluindo recomendar fornecedores e automatizar pagamentos, disse ele.

Vammo

A Vammo, startup brasileira de locação de motos elétricas e trocas de bateria, recebeu um novo aporte em equity e em dívida. A Série A de US$ 30 milhões foi liderada pela monashees, que já havia investido na rodada Seed da companhia.

PUBLICIDADE

O Construct Capital, fundo norte-americano que liderou a rodada semente em 2022, quando a Vammo (na época chamada Leoparda Electric) recebeu US$ 8,5 milhões, também voltou a participar.

Outros investidores do novo financiamento são o fundo de capital de risco europeu 2150 e o Maniv Mobility. A parte da dívida ficou compartilhada entre outros investidores institucionais brasileiros especializados em empréstimos baseados em ativos.

O plano é usar a verba para ampliar as operações em São Paulo e, em seguida, expandir para outros países da América Latina, como Colômbia e México. A expectativa é se tornar o maior player no segmento de veículos elétricos na região em 2024, contando o número de veículos em circulação, e contar com uma carteira que chegue à ordem de 15.000 de clientes até o fim de 2025.

Jack Sarvary, CEO da Vammo, e Billy Blaustein, co-fundador, disseram em entrevista à Bloomberg Línea que suas experiências em empresas como Rappi, Uber e Tesla ajudaram na formação da Vammo.

Jack Sarvary e Billy Blaustein, da Vammo

Sarvary, nascido em Londres e criado principalmente nos Estados Unidos, mudou-se para a América Latina há quase dez anos. Ele viveu na Colômbia, Argentina e, mais recentemente, no Brasil. Com formação em astrofísica, Sarvary dedicou seis anos à Rappi, em que desempenhou papéis importantes no crescimento da empresa, inclusive o serviço de entrega Rappi Turbo.

Já Blaustein, nascido na Califórnia e com extensa experiência na América Latina, iniciou sua carreira na Boston Consulting Group e, em seguida, integrou a equipe da Uber, lançando o serviço em mercados-chave da região. Posteriormente, trabalhou na Tesla por mais de cinco anos, liderando projetos no desenvolvimento de infraestrutura de carregamento para veículos elétricos.

“Queremos ser a vanguarda dessa transformação em toda a América Latina. Acreditamos que, ao eletrificar as motocicletas de entrega, podemos não apenas economizar dinheiro para os mensageiros mas também contribuir significativamente para a redução das emissões de carbono na frota”, disse Sarvary.

O principal produto da Vammo é uma solução de troca de bateria, que permite que motoboys substituam facilmente as baterias descarregadas por outras “cheias” em locais estratégicos.

A empresa conta com uma equipe de mais de 50 profissionais, a maioria dedicada à engenharia e desenvolvimento de hardware.

Eles mencionaram brevemente a concorrência, citaram a experiência da Voltz e destacaram lições aprendidas com a startup pioneira que, em novembro, entrou com pedido de proteção contra credores citando R$ 335 milhões em dívidas. Os fundadores da Vammio afirmaram que estão focados em construir uma empresa centrada na América Latina, investindo em hardware específico para a região.

“Nós somos muito próximos deles, do CEO [da Voltz]. Ele tem sido um grande mentor para nós, ensinando-nos todas as coisas que fez de errado para que evitássemos repetir. E um dos aprendizados é que eles construíram sua própria moto, enquanto nós não vamos construir nossa própria moto, principalmente no começo. Vamos comprar bicicletas que já foram comprovadas”, explicou Sarvary.

Carbigdata

A Carbigdata, uma plataforma de big data analytics focada no segmento de veículos, recebeu um investimento de R$ 5,5 milhões por meio do fundo de corporate venture capital (CVC) da Totvs. O fundo é gerido pela Citrino Ventures.

A startup de Santa Catarina trabalha com bancos, financeiras, locadoras e seguradoras e oferece soluções de monitoramento para prevenir fraudes, reconhecer placas e recuperar veículos.

Em 2022, a empresa já havia captado R$ 4,5 milhões da DOMO Invest.

-- Com informações da Bloomberg News.

Leia também

Brasileira QI Tech levanta US$ 200 milhões em uma das maiores Série B da história

Esta startup brasileira fez do torcedor o seu negócio. E agora ‘desafia’ Real e Barça

Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups