Rodadas da semana: startup de incentivo à leitura infantil com uso de IA tem pré-seed

A semana que passou contou com anúncios de rodadas para startups brasileiras que fazem uso de Inteligência Artificial e de data analytics em seus modelos de negócios

Uso de IA em modelos de negócios continua a ser um dos temas de maior atenção para empreendedores (Foto: Bridget Bennett/Bloomberg)
04 de Maio, 2024 | 07:20 AM

Bloomberg Línea — A semana que passou contou com anúncios de aportes de capital em startups da América Latina com foco em áreas distintas como leitura infantil e agronegócios, com uso de inteligência artificial e data analytics.

Entre os destaques estão a Yuna, que recebeu capital da Canary, a Smartbreeder, que recebeu aporte do EcoEnterprises Fund, e a Indicium, que levantou Série A com a Columbia Capital. A Qred Brasil levantou R$ 25 milhões em dívida por meio da emissão de novas cotas de um FIDC junto com um investidor.

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Além disso, na semana anterior, a QI Tech concluiu uma extensão de sua Série B com General Atlantic e Across Capital no valor de US$ 50 milhões e se tornou o primeiro unicórnio do país em 2024.

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Conheça mais das startups que levantaram fundos nos últimos dias:

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Yuna

A startup Yuna divulgou nesta semana que recebeu R$ 8 milhões em rodada pré-seed liderada pelo Canary, com participação dos fundos Positive Ventures e anjos executivos de grandes empresas. O dinheiro será usado no desenvolvimento de produto de livros infantis interativos e personalizados com o uso de IA.

Em entrevista à Bloomberg Línea, o inglês Louis Markham, fundador da startup, que tem passagens pela Loft, pela Bain & Co. e pela KKR, disse que a Yuna tem como missão incentivar o hábito de leitura entre crianças, combinando a criatividade humana com avanços tecnológicos.

Markham se formou em física e finanças nos Estados Unidos e depois mudou-se para o Brasil, onde trabalhou na Loft.

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Agora, com a Yuna, ele desenvolveu um aplicativo que utiliza inteligência artificial para personalizar histórias de acordo com as preferências individuais das crianças. Esse modelo combina a criatividade humana dos escritores com algoritmos de IA para criar narrativas que buscam ser envolventes e interativas, de acordo com Markham.

Durante os últimos meses, a empresa realizou testes de produto para validar sua ideia. Markham disse que ficou surpreendido com os resultados, citando que o aplicativo atraiu mais de 40.000 famílias e conta com mais de 100 mil livros únicos.

O sucesso inicial da Yuna foi impulsionado principalmente pela recomendação “boca a boca” e pela resposta orgânica das famílias, de acordo com o empreendedor. Apesar de estar atualmente em fase de testes e oferecer o aplicativo gratuitamente, a empresa planeja explorar modelos de monetização no futuro.

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Uma parte significativa do recente financiamento será destinada ao desenvolvimento da equipe.

“O financiamento será utilizado para criar o melhor time de pessoas, de escritores, de tecnologia, para o melhor time para criar esse hábito de leitura para a criança”, disse.

Além do aplicativo atual, a Yuna planeja criar um ecossistema de livros físicos e digitais no futuro, colaborando com ilustradores e editoras para expandir sua oferta. Apesar do uso de tecnologia avançada, Markham disse que a contribuição dos escritores é essencial e a empresa se esforça para manter um equilíbrio entre a criatividade humana e a automação.

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Indicium

A Indicium recebeu um financiamento que pode chegar a R$ 200 milhões de reais (US$ 40 milhões), em rodada Series A feita pela Columbia Capital, venture capital norte-americano.

A empresa de dados abriu um escritório em Nova York e disse que usará o investimento para expansão nos Estados Unidos e para a consolidação “como principal empresa de Modern Data Stack na América Latina”, segundo comunicado.

Criada pelos sócios Isabela Blasi, Daniel Avancini e Vitor Avancini, a Indicium, de Santa Catarina, já tem 30% do faturamento vindo dos Estados Unidos e atende clientes como Pepsico, Bayer, Burger King, Volvo, Stellar, Hyland e Reps & CO.

As soluções da empresa ajudam empresa a prever movimentos de mercado com base em dados.

Com 250 funcionários, a empresa disse que já realizou mais de 600 projetos, com ROI (retorno sobre o investimento) gerado acima de 150%.

Qred Brasil

A Qred Brasil, fintech de empréstimo para PMEs, acertou a captação de R$ 25 milhões por meio de um FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios). Os novos recursos serão utilizados integralmente para novas originações da startup de origem sueca, que está presente no país desde 2020.

O plano é crescer a carteira de crédito, hoje em R$ 30 milhões, em 60% nos próximos doze meses com os mesmos níveis de performance, sem que haja aumento da inadimplência - as taxas ainda não são divulgadas por causa do tempo reduzido do portfólio. Isso significaria, portanto, chegar perto de R$ 50 milhões.

Outro objetivo é reforçar o nome da Qred como um player relevante no segmento de crédito para PMEs.

“Estamos prontos para iniciar uma segunda fase da operação da Qred Brasil. Temos demanda por novos empréstimos e precisávamos da captação para continuar a crescer”, disse o CEO, Romulo Pereira, em entrevista à Bloomberg Línea.

“Mas não vamos abrir mão da performance da carteira. Houve muito competidor do nosso segmento que buscou crescimento em detrimento de qualidade. Não é a estratégia que adotamos”, fez questão de ressaltar o executivo ao falar do aumento esperado das concessões, que não envolvem garantia.

Smartbreeder

A agtech Smartbreeder, que utiliza IA para otimizar a produtividade no campo, recebeu US$ 3 milhões do EcoEnterprises Fund.

A startup afirma promover “uma agricultura sustentável com alta eficiência de insumos agrícolas”, com redução de custos, aumento da produtividade e racionalização do processo de tomada de decisão em todas as etapas do manejo da cultura.

A empresa do interior de São Paulo planeja usar os recursos para expandir pelo país.

QI Tech

Na semana anterior, a QI Tech anunciou que concluiu uma extensão da rodada Série B, desta vez com valor de US$ 50 milhões, com a General Atlantic (GA) e a Across Capital.

Com o novo aporte, a startup de infraestrutura de tecnologia para serviços financeiros - soluções B2B que vão de estruturação de crédito a Banking as a Service e que mira DTVM as a Service - alcançou o status de unicórnio, ou seja, passou a ser avaliada em US$ 1 bilhão ou mais.

“Isso é reflexo do trabalho árduo e da colaboração de cada membro de nossa equipe, e nós agradecemos profundamente a confiança contínua e o apoio da General Atlantic e de nossa base de investidores”, disse o CEO e cofundador, Pedro Mac Dowell, em comunicado.

Os outros sócios fundadores são Marcelo Bentivoglio (CFO) e Marcelo Buosi (COO).

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups