Bloomberg Linea — A última edição do Rodadas da Semana do ano tem como destaques o aporte da Sami, a healthtech que captou R$ 60 milhões como uma extensão de uma rodada Série B, e o investimento de US$ 150 milhões do Nubank no Tyme Group, banco digital presente nos mercados da África do Sul e das Filipinas, com mais de 15 milhões de usuários.
O ano de 2024 foi um em que o chamado “inverno das startups” mostrou contínua persistência no Brasil. Muito do otimismo nos últimos dias de 2023 não se concretizou ao longo dos últimos 12 meses.
Os aportes mais volumosos em valores, em Séries B, C e D, são “contados nos dedos” e começaram a aparecer apenas no final do ano.
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No consolidado do ano até novembro, de acordo com o Distrito, os aportes em startups brasileiras superam os números de 2023, mas por pouca diferença: foi um volume de US$ 1,9 bilhão nos primeiros 11 meses de 2024 contra US$ 1,8 bilhão no mesmo período um ano antes.
Outro levantamento, o The LatAm Tech Report, organizado pela Latitud, evidencia o desafio também na região da América Latina. Até o terceiro trimestre de 2024, os investimentos em startups da região contabilizavam US$ 2,7 bilhões. Em 2023, o montante chegou a US$ 4,2 bilhões.
Não à toa, levantar capital foi apontado como o principal desafio dos fundadores entrevistados pela Latitud. Em pergunta com múltiplas escolhas, a captação apareceu em 39% das respostas, seguido por educação e adoção do mercado e encontrar o product market-fit, ambos com 37%.
As fintechs foram as principais beneficiárias e levaram 57% do capital investido, o que projeta uma estrada de concentração dos aportes em patamares ainda não vistos. Ao longo dos últimos cinco anos, a participação de startups financeiras tinha permanecido próxima de 40%.
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E o que esperar de 2025?
Depois de anos de escassez, fundadores e gestores de fundos de venture capital demonstram otimismo: 69% disseram acreditar que o ambiente de captação estará melhor, contra 27,6% que esperam um volume em semelhante patamar e 3,4% que esperam um cenário pior. Só “falta combinar com os russos” - a célebre frase atribuída a Garrincha na Copa de 1958 - ou, no quadro atual, combinar com os juros.
Veja os principais aportes da semana:
Sami
A Sami, fundada por Vitor Asseituno e Guilherme Berardo, captou R$ 60 milhões em rodada follow-on de uma Série B de R$ 90 milhões em 2023. Desta vez, o aporte, dividido entre equity e dívida, foi liderado pelo Mundi Ventures e o banco americano StoneX.
O montante captado por meio de equity será usado para investimento em infraestrutura e reforço tecnológico da operação. A parte em dívida tem destinação exclusiva para potencializar o crescimento da startup e é um crédito ativo, retroalimentado a partir de uma relação entre a emissão de novos prêmios e o custo de aquisição dos clientes (CAC).
Presente na cidade de São Paulo e em alguns municípios da região metropolitana, a Sami, uma healthtech que atua no modelo de médico de família 2.0, prevê a expansão com planos regionalizados, voltados para o centro, a zona sul e a zona norte de São Paulo. O objetivo, neste momento, é ampliar a densidade - e também melhorar a relação com os parceiros das áreas de saúde.
A estratégia vem associada ao acordo com um novo grupo de corretores para melhorar a distribuição dos produtos. Além disso, a startup começa a oferecer a venda de planos por adesão, que são aqueles vinculados a associações ou sindicatos.
Tyme Group
Fintech presente na África do Sul e nas Filipinas, a Tyme Group recebeu um investimento de US$ 250 milhões, em rodada Série D liderada pelo Nubank.
O banco digital brasileiro liderado por David Vélez e Cristina Junqueira aportou US$ 150 milhões. O valor restante ficou dividido entre o M&G Catalyst Fund, com US$50 milhões, e investidores já no captable, com os US$ 50 milhões restantes.
Com sede em Singapura, o banco digital atende consumidores e pequenas e médias empresas (PMEs) em mercados emergentes. Na carteira, tem mais de 15 milhões de usuários, distribuídos entre a África do Sul e as Filipinas. O próximo mercado será Vietnã, onde já mantém um hub de desenvolvimento de produtos e serviços.
Conta Comigo Digital
A Conta Comigo Digital fecha o ano com a captação de R$ 3,2 milhões, em rodada Seed liderada pela Urca Angels. A fintech busca simplificar o pagamento de contas e reduzir a inadimplência. A tecnologia centraliza os boletos água, luz, gás, telefonia e impostos na conta bancária dos usuários e automatiza os pagamentos.
A startup diz que processa mais de 40 milhões de boletos por mês para mais de 67 milhões de usuários ativos em todo o Brasil. Os recursos captados serão usados para a expansão do time e o reforço do braço comercial. O foco da startup está no B2B, com clientes como TIM e Aegea.
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