Bloomberg Línea — No ecossistema das startups, o que chamou a atenção nesta semana que passou foi o investimento de um grande banco.
O Itaú Unibancou comunicou ao mercado aportes em duas startups com origem mineira: a Kanastra, que apoia fundos e produtos securitizados com uma plataforma de backoffice, e na NeoSpace, uma novata no mercado que desenvolve modelos fundacionais de IA generativa próprios para o setor financeiro.
A Turbi, de locação de carros automáticos, também foi um dos destaques da semana, com a captação de R$ 322 milhões, com a soma de recursos em equity e emissão de debêntures.
Veja os principais aportes da semana:
Turbi
Locadora de veículos para o público final, a Turbi anunciou ao mercado a entrada de R$ 322 milhões no caixa. Em uma rodada Série D, a startup captou R$ 72 milhões com fundos já presentes no cap table.
A maior parte dos recursos, porém, tem origem em uma emissão de debêntures, no valor de R$ 250 milhões. A captação foi a maior entre as dez emissões na história da startup, fundada em 2017.
Os novos recursos serão usados para acelerar o crescimento da startup, que pretende dobrar a receita em 2025, repetindo o movimento registrado em 2024.
A startup chegou ao breakeven no último trimestre do ano passado, após reestruturar a operação e abrir a vertical de venda de veículos seminovos a empresas e ao consumidor final.
Com uma frota de 5.000 veículos automáticos, a Turbi opera no modelo de car sharing, que permite ao usuário alugar o automóvel por horas, em contraposição às tradicionais diárias. A atuação está centrada no mercado paulista, em cidades como São Paulo, Guarulhos, Osasco e na região do ABC.
Kanastra
Plataforma de backoffice para fundos e produtos securitizados, a Kanastra atraiu o Itaú para o cap table.
A instituição financeira entrou com um aporte minoritário, em complemento à rodada Série A em que a startup captou R$ 110 milhões, valor puxado pelos fundos Kaszek e Atlântico. Participaram ainda Valor Capital, Quona Capital, Actyus e QED.
O valor do novo cheque não foi divulgado. O investimento é o oitavo do Corporate Venture Capital (CVC) do Itaú, criado em 2020 e gerido pela Kinea.
Com pouco mais de dois anos de vida, a startup, com escritórios em São Paulo e Uberlândia, criou uma plataforma para serviços de administração, custódia e gestão de fundos estruturados, que opera produtos como FIDCs, CRIs, CRAs e debêntures.
Tem entre os clientes o próprio Itaú, além do Banco BV, Banco ABC, Pátria Investimentos, JGP e PicPay.
NeoSpace
Fundada por Bruno Pierobon, a NeoSpace recebeu US$ 15 milhões do Itaú, em rodada que garantiu ao banco uma fatia de 15% do negócio.
O valor total do investimento foi de US$ 18 milhões e contou com a participação dos investidores-anjo Micky Malka (Ribbit), Martin Escobari (General Atlantic), Nigel Morris (QED) e Hans Morris (NYCA Partners) .
O apelo da NeoSpace está voltado ao desenvolvimento de modelos fundacionais de inteligência artificial generativa para o setor financeiro, que “fogem” de generalistas, como o caso do ChatGPT. A partir dessa base, a startup estrutura operações mais verticalizadas e segmentadas.
A relação de Pierobon com o Itaú vem de longa data. Ele é um dos fundadores da Zup, empresa de sistemas de integração e transformação digital das companhias, adquirida pelo banco em 2019 por cerca de R$ 500 milhões.
O executivo deixou a operação no ano passado, acompanhado por seus ex-sócios, para criar o novo negócio. Desta vez, o Itaú preferiu se antecipar e investir no começo do negócio.
Sindria
Fundada por Alexandre Dubugras, a Sindria captou R$ 5 milhões em uma rodada pré-Seed com a participação de 80 investidores-anjo.
A startup é dona de uma plataforma que reúne mais de 4.000 provas de vestibulares pelo país, o que inclui as do Enem, e usa IA generativa para ajudar estudantes a entrar em universidades de ponta.
O aporte contou com a participação de fundadores e executivos de startups como Olist, Stark Bank, Conta Simples, Remessa Online, Pravaler, Passei Direto, Educbank, Medway, além da Brex, unicórnio americano fundado por Henrique Dubugras, irmão de Alexandre, e Pedro Franceschi.
No mercado desde setembro, a edtech conta com mais de 32.000 alunos ativos, que usam a plataforma gratuitamente e têm acesso a perguntas e temas que caem com frequência nos exames. O objetivo é chegar ao fim do ano com mais de 250 mil estudantes na plataforma.
Beauty for All
A Beauty for All (B4A) levantou uma rodada de investimentos de R$ 15 milhões.
Do total, R$ 10 milhões vieram da 4Equity Media Ventures, empresa que negocia exposição em canais de mídia e influenciadores digitais em troca de equity. O restante do valor foi captado com investidores do Mercado Bitcoin e com investidores há mais tempo da startup.
Posicionada como uma beauty tech, a empresa é dona de marcas de beleza como glam, bfluence, ella, Glam Beauty e Men’s Market.
Com um portfólio diverso, trabalha com modelos de negócio mais personalizados, como experiência de clube de compras, até produtos mais escaláveis e acessíveis ao consumidor final.
Leia também
Moove, startup apoiada pela Uber, compra brasileira Kovi para expandir operação global
Braskem anuncia fim da Oxygea, fundo de CVC para investir em startups
Low profile e gênio quant: como o fundador da DeepSeek colocou a China na vanguarda de IA