Bloomberg Linea — A primeira semana de dezembro foi marcada por anúncios de aportes e de captação de recursos com valores mais elevados na comparação com períodos anteriores.
A fintech CloudWalk “puxou a fila” ao levantar R$ 2,7 bilhões em dívida por meio da emissão de seu nono e maior FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios).
Entre os aportes em equity (participação no capital), a liderança coube à Zig, fintech que atua com soluções no segmento de entretenimento, com uma captação de R$ 155 mihões.
A semana contou ainda com outros dois cheques acima dos R$ 100 milhões: um na Onze, fintech do ramo de previdência corporativa, com R$ 120 milhões, e outro na Resend, startup criada por brasileiros nos Estados Unidos, com US$ 18 milhões (valor aproximado de R$ 110 milhões).
Os aportes indicam um ecossistema mais ativo por parte de fundos de private equity, em movimento que começou a ganhar força no mês de outubro.
Abaixo, os principais aportes da semana:
CloudWalk
A fintech fundada e liderada por Luis Silva realizou a sua maior captação de recursos em dívida por meio de um FIDC. A empresa, dona da InfinitePay, levantou R$ 2,7 bilhões, valor que será usado para financiar a antecipação de recebíveis do cartão de crédito.
Este é o nono veículo de dívida na história da startup e o segundo deste ano - em maio, havia informado ao mercado uma captação de R$ 1,6 bilhão. Entre 2023 e novembro deste ano, a base triplicou para 3 milhões de clientes.
A CloudWalk atende principalmente micro e pequenos empreendedores e atua em mais de 5.000 municípios do país.
Fundada em 2013, a startup tem acelerado em outro ritmo desde 2019, com o lançamento da InfinitePay e a sua oferta de antecipação de recebíveis.
O sucesso comercial levou à ampliação do produto com uma plataforma com serviços como concessão de crédito, gestão de vendas e de pagamento instantâneo, e a introdução da tecnologia “Tap to Pay”, que transforma smartphones em terminais de pagamento sem contato.
Com o novo FIDC, com prazo de três anos, a startup contabiliza R$ 7,7 bilhões levantados desde 2021, quando deu início a esse tipo de operação para financiar a frente de negócios.
Zig
Fintech voltada para o segmento de entretenimento, presente com soluções financeiras para espectadores de shows, festivais, feiras e eventos esportivos, entre outros, a Zig captou R$ 155 milhões em rodada liderada pela Kaszek e acompanhada pela Across Capital.
No ano, a startup fundada e coliderada por Nérope Bulgarelli soma R$ 265 milhões em novos aportes - no começo de 2024, já tinha concluído uma rodada.
De acordo com a startup, a receita cresceu 700% em três anos, período em que avançou na estratégia de internacionalização, que representa 15% do TPV (volume total de pagamentos processados).
Os recursos serão usados para ampliar a presença em mercados como México e países da Europa, além de reforçar a operação brasileira.
A Zig também pretende aprimorar a tecnologia, levando mais produtos como a recente wallet, que elimina a necessidade de um cartão de consumação e a sobra do saldo da recarga.
Onze
A Onze, fintech que atua com previdência privada para empresas, recebeu US$ 20 milhões (cerca de R$ 120 milhões ao câmbio atual) em rodada de investimento liderada pela da gestora americana Ribbit Capital. O fundo Atlantico e a Red Ventures acompanharam o aporte.
Em 2024, a startup, segundo números internos, mais do que dobrou a base de clientes e ativos sob sua gestão, com mais de R$ 4 bilhões. Entre os clientes estão companhias como Dell, Grupo OLX e TIM.
Os recursos serão usados para fomentar a tese de “saúde financeira”, provendo desde crédito a seguros para os funcionários das empresas.
Resend
A startup criada pelos brasileiros Zeno Rocha e Bu Kinoshita e o americano Jonni Lundy no Vale do Silício, nos Estados Unidos, atraiu a gestora Andreessen Horowitz (a16z) para liderar a nova rodada.
O aporte de US$ 18 milhões (cerca de R$ 110 milhões ao câmbio atual) foi acompanhado por investidores como Ali Rogani, ex-CFO da Pixar, e Eric Muntz, ex-CTO do Mailchimp.
A Resend está no mercado desde o ano passado e funciona como uma plataforma para o mercado de e-mails transacionais.
A partir da criação de determinados protocolos, a startup consegue fazer automações para que e-mails de confirmações de cadastro, recuperação de senha e notificações de serviços não se percam e caiam na pasta de spam dos usuários. Warner Bros, Totvs e Decatlhon estão os clientes da startups, cuja tecnologia processa 50 milhões de e-mails por mês.
Klubi
Fundado com o objetivo de ser uma alternativa ao modelo tradicional de consórcios, o Klubi fechou uma rodada Série A de R$ 45 milhões.
O investimento foi coliderado pela L4 Venture Builder, CVC (Corporate Venture Capital) independente criado pela B3, e pelo Vivo Ventures, CVC da Vivo para startups em estágios de crescimento - e que já estava no captable da startup.
A startup entrou no mercado inicialmente de consórcio de automóveis e depois avançou para smartphones e eletrônicos, viagens e motocicletas ao longo deste ano.
Os novos recursos chegam para apoiar o crescimento, com a entrada em consórcios de imóveis a partir de janeiro de 2025.
O investimento também será usado para reforçar o pilar de parcerias, que mantém com empresas como Vivo, PicPay, Magazine Luiza e a startup Allya, com consórcios de produtos como smartphones. A startup pretende ainda impulsionar um negócio de seguros para os produtos no portfólio.
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