Bloomberg Linea — O ano de 2024 marcou um ponto de inflexão na corrida das big techs para o desenvolvimento de agentes de IA. As conversas sobre copilots, impulsionadas pelo ChatGPT e congêneres a partir do fim de 2022, ganharam tração no ano passado, com a promessa da criação de exércitos de agentes de IA para entregar tarefas muito mais complexas - e trabalhosas - das empresas.
Na corrida pela tecnologia, semana após semana novos anúncios foram feitos por techs como Microsoft, Salesforce, SAP e HubSpot. As menções em calls de resultados corporativos cresceram a cada trimestre de 2024 e devem dobrar novamente nos primeiros meses de 2025, segundo projeta a CB Insights.
Os recursos direcionados às startups que criam os seus agentes quase triplicaram em 2024, de acordo com a CB Insights, para um total US$ 3,8 bilhões, versus US$ 1,3 bilhão um ano antes. Em 2020, os valores não haviam passado de R$ 24 milhões.
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Mais da metade das empresas do mercado teve fundaçnao a partir de 2023. É o caso da brasileira CrewAI, que captou R$ 100 milhões em apenas um ano de vida no ano passado.
Os agentes de IA surgem como uma evolução dos modelos de copilots e podem ser aplicados em diferentes setores, como financeiro, de marketing, vendas, jurídico e de consultorias. Orquestrados, têm a capacidade de atuar como equipes na realização de determinadas tarefas, com mínima intervenção humana.
Entre as tendências, a CB Insights considera que as big techs e os operadores de LLM (Large Language Models), como Nvidia e Amazon, além de OpenAI e Anthrophic, continuarão a liderar os investimentos.
Os custos dos modelos têm caído cerca de 10 vezes a cada 12 meses, ao mesmo tempo em que as diferenças de desempenho entre modelos de código aberto e fechado também são reduzidas.
À medida que os modelos mais “horizontais” ficam maduros, a expectativa, segundo a consultoria, é que agentes de IA criados para lidar com “dores” específicas dos clientes ganhem espaço. A consultoria lista, por exemplo, a área de saúde e serviços financeiros.
Também se nota a expansão de startups que lidam com a infraestrutura operacional, oferecendo curadoria de dados, automação de interações na web e acompanhamento de avaliação das atividades desenvolvidas por esses agentes.
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Uma quarta tendência apontada para este ano é o uso dos agentes de IA por grandes companhias, migrando da fase de experimentação para a implementação.
Em pesquisa feita em dezembro de 2024 pela CB Insights, 63% das organizações disseram que “dariam muita importância” aos agentes de IA nos próximos 12 meses. Todas as empresas estavam, pelo menos, experimentando a tecnologia.
Veja os principais aportes da semana:
Mottu
A Mottu levantou US$ 30 milhões em linha de crédito para acelerar a expansão no México, país em que chegou em 2022. Os recursos vieram da Lendable e estão divididos em US$ 10 milhões comprometidos e US$ 20 milhões não comprometidos.
A startup oferece o aluguel de motocicletas para entregadores que atuam com plataformas da chamada economia compartilhada, como iFood e Rappi no Brasil.
A Mottu, comandada por Rubens Zanelatto, iniciou as operações em 2020 com um aporte do fundador da 99 e da Yellow. Partiu da ideia de oferecer aluguel de motocicletas de baixo custo para entregadores de plataformas que não podiam comprar um veículo ou não tinham acesso a crédito.
O negócio está em mais de 100 cidades e atende cerca de 96 mil clientes em um ecossistema de logística de last mile para conectar restaurantes, varejistas e empresas de comércio eletrônico a entregadores.
Jusfy
Com a ambição de se tornar o copilot dos advogados, a Jusfy captou uma rodada pré-Série A liderada pela SaaSholic e pela Maya Capital. O valor não foi divulgado, apenas o valuation: R$ 180 milhões. Entraram ainda as gestoras Norte Ventures, FJ Labs e The Legal Tech Fund.
Fundada em 2021 no Rio Grande do Sul, a startup conta com uma base de 30 mil usuários. O crescimento tem sido apoiado por produtos como o JusProcessos, que auxilia os advogados no fluxo de trabalho, e pelo JusGPT, IA que tira dúvida e ajuda os “doutores” a redigir processo e petições.
A entrada dos novos recursos chega para impulsionar essas duas novas tecnologias, entendidas como o trunfo do negócio para os próximos anos.
Quill
A Quill, startup que faz uso de IA para simplificar transações imobiliárias e analisar documentos, captou R$ 2,5 milhões.
O investimento marcou o primeiro aporte realizado pelo Sororitê Fund 1. O fundo de venture capital voltado para startups em estágio inicial fundadas ou cofundadas por mulheres, foi criado com R$ 25 milhões. A Bossa Invest também participou da rodada.
A Quill foi criada em 2023 por Clarissa Vieira e Letícia Parreira, profissionais com mais de dez anos no mercado imobiliário. Os recursos serão usados para acelerar e aprimorar o produto. A startup ainda prevê ampliar o time em 60% ao longo do ano e chegar ao breakeven.
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