Riverwood e GA veem startups em LatAm mais resilientes e preveem dobrar aportes

‘Estamos muito otimistas e investindo muito mais do que imaginávamos’, disse Rodrigo Catunda, da General Atlantic, em painel com Riverwood e Endeavor Catalyst no South Summit

Em painel no South Summit, gestores dos fundos previram novos investimentos em teses de startups de late stage
10 de Abril, 2025 | 07:23 PM

Bloomberg Línea — Os primeiros meses do ano registraram uma queda acentuada de 37% dos investimentos em startups na América Latina na comparação com os números do ano anterior.

O Brasil, por sua vez, encerrou o período com US$ 482 milhões em investimentos de venture capital, montante que representou 42% do US$ 1,1 bilhão levantado na América Latina.

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São números, no entanto, que tendem a mudar ao longo do ano, na perspectiva de fundos relevantes como Riverwood, General Atlantic e Endeavor Catalyst. Gestores do três fundos participaram nesta quinta-feira (10) de painel no South Summit, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul

“Nós, que estamos no Brasil há muito tempo, estamos muito otimistas e investindo muito mais do que imaginávamos há alguns anos”, afirmou Rodrigo Catunda, managing director da General Atlantic.

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O fundo americano opera no país desde 2012 e é investidor de startups como Neon, QuintoAndar, Hotmart, da plataforma de saúde Conexa e da Live Mode, empresa da Cazé TV.

De acordo com ele, os múltiplos de companhias da América Latina nunca estiveram tão baixos na comparação com negócios de países como Estados Unidos e da Europa. “Quando olhamos para os mercados, a América Latina é a bola da vez em termos de países ideais para investir.”

Rotunda contou que as startups que chegam para análise apresentam melhor qualidade em comparação com aquelas de anos atrás, no boom de investimentos entre os anos de 2020 e 2021. Os fundadores estão mais maduros e chegam com modelos mais sustentáveis, segundo ele.

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O gestor do fundo projeta que os investimentos devem quase dobrar na região. No ano passado, apenas em startups brasileiras, a General Atlantic aportou cerca de US$ 350 milhões.

Um volume maior de capital está previsto também pela Riverwood, que considera aportar US$ 200 milhões em 2025, o dobro do valor no ano passado em quatro startups da área de software, como a netLex, de gestão de contratos, e a Amigo Tech, de saúde.

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O fundo americano, com mais de US$ 6 bilhões sob gestão, começou o ano anunciando um desembolso de R$ 240 milhões na catarinense PayTrack, de gestão de viagens corporativas.

“Nós estamos em um cenário [econômico] que achamos que torna as empresas mais resilientes”, afirmou Joaquim Lima, partner da Riverwood. “Nós investimos em quatro startups, todas no começo de rentabilidade e que não dependem de novas rodadas.”

De acordo com o executivo, hoje não faltam empresas com qualidade suficiente para entrar no portfólio. O que o fundo pondera é a definição do melhor momento para fazer o investimento.

Questionado sobre o potencial dano das tarifas e da guerra comercial desencadeada pelo governo de Donald Trump, Lima disse que o impacto pode ficar no lado da “saída” dos investimentos e que não devem prejudicar novos aportes.

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“Nós gostaríamos que os ‘tuítes’ do Trump fossem menos frequentes para que pudéssemos investir com mais tranquilidade. Mas, independentemente do que acontece lá [nos EUA], nós buscamos as mesmas teses globalmente, que envolvem investimento de longo prazo em tecnologia, cibersegurança e automações da economia”, afirmou Lima.

Para a Endeavor Catalyst, fundo da Endeavor com mais de 350 startups investidas e distribuídas por mais de 40 países, a crise geopolítica pode contribuir para que a América Latina receba ainda mais investimentos.

“Um pouco em cima do caos desta semana e do ano, os investidores globais estão muito mais atentos à diversidade global”, afirmou Igor Piquet, managing director para a América Latina do fundo.

No portfólio de negócios apoiados entram nomes - e unicórnios - como Wellhub (ex-Gympass), Pismo, Brex, Cabify, Kavak, Alura e QI Tech.

“A América Latina é a nossa maior região e o Brasil leva cerca de 60% do VC em dólar. A região, por outro lado, continua a apresentar um dos maiores potenciais e é underfunded porque recebemos só 2% do VC em dólar, sendo que representamos 8% da população mundial”, afirmou Piquet. Ele contou que tem fechado um acordo todo mês no intervalo dos últimos 12 meses.

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Marcos Bonfim

Jornalista brasileiro especializado na cobertura de startups, inovação e tecnologia. Formado em jornalismo pela PUC-SP e com pós em Política e Relações Internacionais pela FESPSP, acumula passagens por veículos como Exame, UOL, Meio & Mensagem e Propmark