Bloomberg Línea — Um dos maiores e mais bem-sucedidos fundos de investimento em capital de risco do mundo, a Sequoia chamou a atenção nos últimos meses ao anunciar um novo aporte em uma startup brasileira. O último aporte do fundo em uma empresa do país havia acontecido doze anos atrás, no Nubank (NU).
A escolhida foi a legaltech Enter (ex-Talismã), que opera no setor jurídico e usa IA (Inteligência Artificial) para analisar processos de consumidores contra empresas, coletar informações das ações judiciais e sugerir caminhos para a defesa.
A Sequoia liderou a captação, que não teve o valor total revelado. A startup informou apenas que levantou US$ 5,5 milhões desde a fundação.
Na lista de clientes estão nomes de grandes empresas como Vivo, Nubank, Agibank, C6 Bank, SulAmerica e BMG. A startup já gerou mais de 34.000 contestações desde a fundação, em 2023.
“Nós gostaríamos de investir em muitas empresas grandes no Brasil. Nós estamos abertos para negócios”, afirmou Konstantine Buhler, partner da Sequoia, em painel com Mateus Costa-Ribeiro, CEO e co-fundador da Enter, no evento Brazil at Silicon Valley, nos Estados Unidos.
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De acordo com o investidor, o aporte recente foi feito ao perceber o tamanho da oportunidade no mercado brasileiro e também do conhecimento do time que está por trás do startup.
Os dois são elementos básicos na tomada de decisão do fundo, com o histórico de investimentos em negócios como Stripe, Doordash, Airbnb, PayPal e HubSpot. E, segundo Konstantine, é o que pode ajudar a atrair novos aportes da Sequoia em território brasileiro.
“Eu levei um tempo para aprender sobre a oportunidade e falei com o Mateus algumas vezes. Eu estudei o mercado no Brasil, e, honestamente, não apenas no país. Há muitas nações do mundo que têm problemas similares”, disse. O aprofundamento no assunto revelou o potencial de mercado e de avançar por outras geografias no médio e no longo prazos.
“Em qualquer coisa que olhamos, queremos garantir que seja suficientemente grande. E eu senti que se fizermos isso certo, podemos fazer diferença”, continuou.
Em complemento, Buhler contou que identificou em Costa-Ribeiro e em Henrique Vaz, o outro co-fundador, o que o fundo categoriza como o perfil dos “melhores fundadores” e define como aqueles empreendedores que sentem, de fato, que estão fazendo a diferença .
“Não dá para colocar um preço nisso. E nós estamos constantemente procurando um fundador que tenha um profundo market fit com o setor e que possa passar a sua vida construindo um negócio, entendendo algo que é novo para nós e para boa parte do mundo”, afirmou o investidor.
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