Queremos novos negócios no Brasil, diz Sequoia após primeiro aporte em 12 anos

Fundo americano anunciou recentemente investimento na Enter, que usa IA para analisar processos de consumidores contra empresas; sócio Konstantine Buhler falou no evento Brazil at Sillicon Valley

Em painel no Brazil At Silicon Valley, Konstantine Buhler, partner da Sequoia, falou sobre os elementos necessários para investir em novas startups brasileiros
24 de Abril, 2025 | 10:02 AM

Bloomberg Línea — Um dos maiores e mais bem-sucedidos fundos de investimento em capital de risco do mundo, a Sequoia chamou a atenção nos últimos meses ao anunciar um novo aporte em uma startup brasileira. O último aporte do fundo em uma empresa do país havia acontecido doze anos atrás, no Nubank (NU).

A escolhida foi a legaltech Enter (ex-Talismã), que opera no setor jurídico e usa IA (Inteligência Artificial) para analisar processos de consumidores contra empresas, coletar informações das ações judiciais e sugerir caminhos para a defesa.

PUBLICIDADE

A Sequoia liderou a captação, que não teve o valor total revelado. A startup informou apenas que levantou US$ 5,5 milhões desde a fundação.

Na lista de clientes estão nomes de grandes empresas como Vivo, Nubank, Agibank, C6 Bank, SulAmerica e BMG. A startup já gerou mais de 34.000 contestações desde a fundação, em 2023.

“Nós gostaríamos de investir em muitas empresas grandes no Brasil. Nós estamos abertos para negócios”, afirmou Konstantine Buhler, partner da Sequoia, em painel com Mateus Costa-Ribeiro, CEO e co-fundador da Enter, no evento Brazil at Silicon Valley, nos Estados Unidos.

PUBLICIDADE

Leia mais: Além da commodity: brasileiros ganham cada vez mais o mundo com suas startups

De acordo com o investidor, o aporte recente foi feito ao perceber o tamanho da oportunidade no mercado brasileiro e também do conhecimento do time que está por trás do startup.

Os dois são elementos básicos na tomada de decisão do fundo, com o histórico de investimentos em negócios como Stripe, Doordash, Airbnb, PayPal e HubSpot. E, segundo Konstantine, é o que pode ajudar a atrair novos aportes da Sequoia em território brasileiro.

PUBLICIDADE

“Eu levei um tempo para aprender sobre a oportunidade e falei com o Mateus algumas vezes. Eu estudei o mercado no Brasil, e, honestamente, não apenas no país. Há muitas nações do mundo que têm problemas similares”, disse. O aprofundamento no assunto revelou o potencial de mercado e de avançar por outras geografias no médio e no longo prazos.

“Em qualquer coisa que olhamos, queremos garantir que seja suficientemente grande. E eu senti que se fizermos isso certo, podemos fazer diferença”, continuou.

Em complemento, Buhler contou que identificou em Costa-Ribeiro e em Henrique Vaz, o outro co-fundador, o que o fundo categoriza como o perfil dos “melhores fundadores” e define como aqueles empreendedores que sentem, de fato, que estão fazendo a diferença .

PUBLICIDADE

“Não dá para colocar um preço nisso. E nós estamos constantemente procurando um fundador que tenha um profundo market fit com o setor e que possa passar a sua vida construindo um negócio, entendendo algo que é novo para nós e para boa parte do mundo”, afirmou o investidor.

Leia também

Sequoia e Google Ventures investem US$ 50 mi em nova startup de agentes de IA

Boticário ‘dobra a aposta’ em startups e prepara aportes de fundo de R$ 100 milhões

Onfly capta R$ 240 mi e atrai investidor do Facebook para tese de viagem corporativa

Marcos Bonfim

Jornalista brasileiro especializado na cobertura de startups, inovação e tecnologia. Formado em jornalismo pela PUC-SP e com pós em Política e Relações Internacionais pela FESPSP, acumula passagens por veículos como Exame, UOL, Meio & Mensagem e Propmark