Para cortar custos, NotCo entrega operações da América do Norte à Kraft Heinz

Startup chilena de alimentos à base de plantas enfrenta dificuldades para se tornar lucrativa e busca acordos com multinacionais, disse o CEO Matias Muchnick à Bloomberg

"Entregar a operação dos EUA a uma empresa do porte da Kraft, com suas métricas de custo, foi uma decisão óbvia", disse Matias Muchnick (Foto: Gabby Jones/Bloomberg)
Por Carolina Gonzalez
04 de Fevereiro, 2025 | 05:07 PM

Boomberg — A startup NotCo fechou seus escritórios em Nova York e a Kraft Heinz passará a vender os produtos da empresa chilena nos Estados Unidos e no Canadá, já que ela luta para se tornar lucrativa, disse o CEO Matias Muchnick à Bloomberg.

O acordo é paralelo a uma joint venture entre as duas empresas assinada em 2022 para produzir versões à base de plantas dos produtos da empresa sediada em Pittsburgh e comercializá-los na América do Norte, excluindo o México. Agora, a empresa também está usando a força de trabalho da Kraft para vender os produtos da NotCo.

PUBLICIDADE

"Entregar a operação dos EUA a uma empresa do porte da Kraft, com suas métricas de custo, foi uma decisão óbvia", disse Muchnick em uma entrevista em Santiago.

Leia também: Não só para veganos: NotCo aposta em bebidas proteicas e mira público mais amplo

A medida ocorre em um momento em que a NotCo tenta cortar custos depois de adiar suas estimativas de quando se tornará lucrativa de 2024 para 2027. A empresa também assinou vários acordos com outras multinacionais do setor alimentício, como a Mars e a Mondelez para licenciar seu software que permite aos produtores replicar sabores usando diferentes ingredientes. A NotCo está procurando assinar mais acordos desse tipo este ano, disse Muchnick, recusando-se a nomear as empresas envolvidas.

PUBLICIDADE

A decisão de fechar o escritório de Nova York também veio no momento em que se torna mais difícil levantar fundos de capital de risco na América Latina, disse Muchnick.

Poucas startups da região conseguiram captar recursos desde a pandemia, pois as altas taxas de juros, a inflação e a agitação política afugentam os investidores. As empresas se voltaram para a redução de custos e demissões, e algumas adiaram seus planos de abrir o capital. Muitas tiveram que contrair dívidas em vez de capital.

A NotCo cortou alguns de seus produtos e demitiu 11% de sua força de trabalho ao tentar reduzir custos, e não está mais considerando expandir a marca NotCo para novos locais ou categorias de alimentos, disse Muchnick.

PUBLICIDADE

Leia também: CEO da NotCo, startup apoiada por Bezos, conta por que levantou US$ 70 milhões

“Temos que parar de fazer muito mais coisas do que pensávamos” para recuperar a lucratividade, acrescentou. “Há momentos em que se tem um produto espetacular, mas como a margem de lucro não está lá, é preciso removê-lo.”

A meta é que as operações no Chile e na Argentina sejam lucrativas até o segundo trimestre deste ano e que o México e o Brasil sigam o mesmo caminho em 2026, disse Muchnick. A meta para 2027 é alcançada levando-se em conta o negócio de co-branding na equação. Ele não vê uma IPO tão cedo.

PUBLICIDADE

Apesar disso, Muchnick não prevê outras medidas de corte de custos. A NotCo tem dinheiro suficiente para pelo menos cinco anos e não quer recorrer novamente aos mercados privados. Agora ela quer se concentrar na inovação e na geração de dinheiro por meio de sua vantagem competitiva, os contratos de licenciamento de tecnologia de IA.

“É isso que torna a NotCo única”, disse Muchnick. A Kraft pode “operar meu negócio de forma dez vezes mais eficiente e eu posso me concentrar no que realmente importa para o futuro da empresa”.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também: Startup chilena aposta em frango e salmão vegano após captação