Nubank adquire startup de brasileiros no Vale do Silício para avançar em IA

Hyperplane, que usa inteligência de dados para as áreas de crédito e de comportamento do cliente, foi cofundada por Felipe Meneses, apontado como talento promissor por Peter Thiel

Sede do Nubank, em São Paulo: aprimorar sistemas de IA em suas áreas de negócios é um dos objetivos para 2024
26 de Junho, 2024 | 02:50 PM

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Bloomberg Línea — O Nubank (NU) anunciou nesta quarta-feira (26) um acordo para adquirir a Hyperplane, uma startup que faz uso de inteligência de dados para a área financeira, fundada em 2022 pelos brasileiros Daniel Silva, Felipe Lamounier e Felipe Meneses, além de Rohan Ramanath, no Vale do Silício.

A informação sobre a atuação de destaque da Hyperplane e a bolsa concedida pelo investidor Peter Thiel a Meneses havia sido noticiada pela Bloomberg Línea em maio.

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Os termos do acordo e os valores não foram informados pelo Nubank. A aquisição chama a atenção porque o Nubank, embora altamente capitalizado ao longo de sua trajetória, em particular nos últimos anos, tem executado uma política muito criteriosa para M&As, com poucos negócios (veja mais abaixo).

Em comunicado, o banco digital - um dos maiores do mundo - disse que a tecnologia da Hyperplane permitirá expandir o potencial do Nubank em machine learning “com a construção de modelos fundamentais para as equipes de produto e engenharia criarem a melhor experiência para o cliente”.

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A Hyperplane, que já trabalhava com o banco digital brasileiro, faz uso de inteligência artificial para ajudar instituições financeiras a processar dados e melhorar a experiência dos usuários.

A startup tem uma equipe de 30 pessoas, incluindo ex-engenheiros do Google (GOOGL) e da Microsoft (MSFT), e oferece três produtos principais: um sistema que estima a capacidade de pagamento dos usuários, uma ferramenta para criar modelos personalizados para bancos e um sistema de segmentação que analisa o comportamento dos usuários.

“Nossos investimentos iniciais em IA, juntamente com a infraestrutura impressionante e o talento que a equipe da Hyperplane conseguiu reunir, acelerarão nossa missão”, disse David Vélez, cofundador e CEO do Nubank, em comunicado.

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Com sede no Vale do Silício, a Hyperplane iniciou suas operações no Brasil e levantou US$ 6 milhões em investimentos de Lachy Groom, SV Angel, Clocktower Technology Ventures, Liquid2 Ventures, Crestone VC, Soma Capital, Latitud e Atman Capital.

Felipe Meneses, cofundador da startup, foi o primeiro brasileiro a receber uma bolsa de US$ 100.000 da Thiel Fellowship, programa lançado por um dos fundadores do PayPal e um dos investidores mais experientes e bem-sucedidos do Vale do Silício para apoiar jovens talentos globais.

Thiel financia bolsistas que concordam em abandonar ou adiar os estudos universitários para se dedicarem a seus projetos empresariais, de pesquisa científica ou inovações tecnológicas.

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O sergipano de 23 anos deixou Stanford para fundar a Hyperplane. “Hoje temos produtos de renda, para aumentar o limite de crédito. Por exemplo, para um banco digital, aumentamos em 45% o volume de utilização do cartão sem aumentar a taxa de inadimplência. Isso é uma eficiência que podemos melhorar com IA”, disse Meneses em entrevista à Bloomberg Línea em abril.

Felipe Meneses

O Nubank tem feito poucas aquisições em sua história, e com o perfil de acqui-hire, termo usado para designar transações em que o capital humano da empresa alvo é um dos motivadores.

Foi assim em janeiro de 2020 com o primeiro M&A de sua história, da PlataformaTec, em que o banco trouxe para dentro a equipe de projetos da consultoria formada por times de engenharia de software e especialistas em metodologias ágeis.

Em julho de 2020, com o mesmo racional, comprou a consultoria americana Cognitect, responsável pela criação de dois sistemas muito usados em programação, o Clojure e o Datomic.

Em setembro do mesmo ano, o Nubank comprou a easyinvest, então uma das maiores plataformas digitais voltadas para o investidor de varejo, em operação que, naquele momento, representou a sua entrada nesse mercado.

Leia mais: Exclusivo: O plano do Nubank para ganhar escala global com uso de tecnologia

O avanço na área de IA havia sido apontado por Vélez como uma das prioridades de 2024 na teleconferência com investidores sobre os resultados do primeiro trimestre.

As prioridades apontadas previam um impulso no México, o que significa criar a base para crescer de forma sustentável e lucrativa no país; intensificar iniciativas de empréstimos e seguros no Brasil; aprimorar estratégias para avançar no segmento de alta renda no Brasil; e lançar produtos e serviços para alavancar tecnologias como pagamentos em tempo real, open banking e IA.

“A IA vai transformar o conceito da nossa plataforma monetária orientada para a tecnologia de consumo em uma realidade para os nossos clientes”, afirmou Vélez em maio.

A empresa financeira também investe em programas de estágio e formação e recruta especialmente estudantes do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups