Bloomberg Línea — A rede de investidoras Sororitê acaba de lançar um fundo venture capital de R$ 25 milhões com foco em startups que tenham mulheres no time de fundadores. A expectativa é que os primeiros aportes sejam realizados ainda em 2024, enquanto os demais recursos sejam investidos ao longo de cinco anos.
“Acredito que nos tornamos referência para fundadoras quando o assunto é captação, mas percebemos que, apesar do trabalho realizado ‘na porta’, ainda faltava essa tese de fundo”, disse Erica Fridman, cofundadora da Sororitê, em entrevista à Bloomberg Línea. “Foi uma evolução natural.”
O fundo já começou a captar. Fridman e Jaana Goeggel, outra cofundadora, disseram que buscam completar o valor planejado com family offices, empresas, pessoas físicas e outros fundos que investem em VCs e que estejam interessados no alpha a ser gerado pela diversificação de gênero para o Sororitê Fund 1.
A proposta é investir em startups early stage que tenham pelo menos uma mulher no time de fundadores.
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“Nossa tese começa com a diversidade de gênero no time de fundadores. Como estamos focando em early stage, a equipe é muito importante”, disse Goeggel. “Obviamente, olhamos a composição do time como um todo. Queremos pessoas complementares e com paixão pelo problema que querem resolver, e, do outro lado, que o problema seja relevante para o Brasil”, completou.
Segundo Goeggel, não faltam exemplos de inspiração para fundadoras. “Queremos encontrar a próxima Cris Junqueira, do Nubank, ou Daniela e Juliana Binatti, da Pismo.”
A aposta em um fundo de venture capital dedicado com atenção maior ao tema da diversidade dos fundadores vem em um momento em que a indústria de venture capital ensaia uma retomada.
No primeiro trimestre de 2024, o investimento global em VCs aumentou de US$ 75,3 bilhões para US$ 94,3 bilhões, segundo dados da KPMG, impulsionado principalmente por um número quase recorde de megadeals acima de US$ 1 bilhão.
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O Brasil liderou o crescimento na América Latina, com investimentos em VC que mais do que dobraram no período na base anual, para US$ 816,8 milhões — maior nível desde o terceiro trimestre de 2022.
Por outro lado, a KPMG apontou que o volume de negócios em venture capital ficou em níveis mais baixos, com a captação de fundos em baixa, sob efeito da disponibilidade de capital não utilizado.
Goeggel disse que é exatamente por essa razão que o Sororitê Fund 1 está focado em startups no início de suas operações.
“Apesar de vermos mais cautela, é um ótimo momento para investimentos. Estamos na baixa e investindo no começo de uma startup para que ela cresça junto com a retomada da economia”, disse.
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