Bloomberg Línea — Fintech de infraestrutura de pagamentos, a Malga acaba de concluir o seu primeiro movimento de M&A com a aquisição da Drip, uma startup de Pix parcelado. A transação abre uma nova avenida de crescimento para a startup, com a entrada no segmento B2BC com crédito ao consumidor final.
O trabalho da Malga está concentrado na orquestração de múltiplos canais e formas de pagamentos, com a conexão de diversos elos dessa cadeia, como provedores, meios de pagamento com carteiras digitais e Pix parcelado e sistemas antifraude. Isso acontece de forma personalizada, para que cada um de seus clientes possa montar a estrutura da forma como for mais conveniente.
A aquisição da Drip reforçará a atuação da Malga, em uma estratégia de criação de ecossistema e de novas esteiras de produtos (veja mais detalhes abaixo).
“Nossa visão de infraestrutura prevê desacoplar a parte de processamento de todos os serviços que uma empresa usa, desde uma antecipação a uma reconciliação, além de antifraude e split de pagamentos”, afirmou Alex Vilhena, cofundador e CEO da Malga.
Ao longo do ano, a Malga registrou um TPV (Volume Total de Pagamentos) de R$ 4 bilhões - no anualizado com os números de novembro, a cifra chega a R$ 5 bilhões.
No período, a plataforma diz que recuperou R$ 170 milhões em vendas perdidas. Com o modelo, procura resolver uma das maiores dores de cabeça das empresas, que são as transações negadas. De acordo com números internos, o incremento médio na receita dos clientes é de 4%.
Leia mais: Mercado de VC parado? Esta gestora planeja 10 ‘saídas’ de startups em 2025
No portfólio da Malga, antes conhecida como Plug Pagamentos, estão empresas como Petlove, Privalia, JCA, Ingresse e Barte, uma startup de pagamentos.
A fintech ainda dispõe de split de pagamentos (divisão do valor entre fornecedores diversos), tokenização de cartões, checkout transparente, plugins e SDKs (kit de desenvolvimento de software).
“Temos uma visão de infraestrutura de pagamentos que vem se concretizando, de algo totalmente flexível e modular para que as empresas consigam adaptar o seu uso e a cada momento. Acredito que é isso o que vem impulsionando o nosso crescimento”, afirmou Vilhena.
Ele fundou a Malga, antes conhecida como Plug, com Thiago Garuti, COO e ex-Medicinae Solutions, e Marcel Nicolay, CTO e ex-Zoop e Gympass. Vilhena, por sua vez, trabalhou na Braintree, pertencente ao grupo PayPal.
Neste ano, a startup registra uma expansão de três vezes no TPV e na receita. O CEO da Malga disse que projeta a chegada ao breakeven nos primeiros meses de 2025.
A transação de compra da Drip foi realizada com caixa próprio e também envolveu troca de ações. Os fundadores da Drip, Patrick McDougall Sterea e Paulo Albuquerque, dois ex-funcionários do Nubank, deixam a operação. Do time original, a Malga vai reter apenas seis profissionais.
No mercado desde 2022, a Drip captou inicialmente R$ 15 milhões com investidores como GFC, Possible Ventures e Y Combinator.
No ano passado, levantou com R$40 milhões com a SRM Ventures - braço de venture capital da gestora SRM Asset -, em funding de crédito. A venda à Malga deu saída a todos os investidores.
Com o Pix parcelado, conhecido também pela sigla BNPL (Buy Now Buy Later), a Drip oferece a possibilidade de compras online sem juros em mais de 500 varejistas no país, em lojas de marcas ou plataformas como Nike, Boticário, Shein e Shopee.
Leia mais: Como a Oracle tem atraído startups em LatAm como clientes na nova era de IA
A Drip conta com mais de 30.000 usuários em sua base, essencialmente um público com limite baixo em cartões de crédito ou que prefere deixar o cartão para transações mais elevadas. Na média, o crédito ofertado pela startup gira entre R$ 600 e R$ 1.000.
“A Drip também opera, na realidade, uma infraestrutura de Pix parcelado. Dá para escolher, por exemplo, se é o lojista, um FIDC [Fundo de Investimento em Direito Creditório] ou a Malga quem toma o risco. É uma flexibilidade presente também no número de parcelas e na decisão sobre se haverá entrada ou não. Isso tem uma sinergia muito grande com a nossa base”, afirmou Vilhena.
Dentro da nova estrutura, em casos de compras negadas por falta de limite em cartão de crédito, por exemplo, os usuários podem entrar na esteira de crédito da Drip, marca que, por ora, vai permanecer.
Mas esse é, segundo Vilhena, um ganho apenas inicial da primeira compra da Malga. No médio e no longo prazos, abrirá portas para novos produtos.
“É como se fosse uma semente para o que queremos oferecer, com produtos relacionados a crédito, seja para o consumidor ou para o lojista, como a antecipação de recebíveis, o produto próprio de antifraude da Malga e a análise de crédito - pois a Drip tem uma taxa de inadimplência baixa”, afirmou o empreendedor.
A startup entrou em operação em 2021, ano em que foi acelerada pela Y Combinator. No período, recebeu um Seed de US$ 2,7 milhões, com participação dos fundos QED, Verve Capital, Latitud e Norte Ventures. Em 2022, o valor foi ampliado para um total de US$ 6,5 milhões, em extensão liderada pelo Costanoa.
Leia também
QI Tech conclui compra da Singulare e projeta R$ 680 mi em receita e novos M&As
Rodadas da semana: fintech Zig capta R$ 155 mi com soluções para shows e eventos
Escassez de recursos vai durar um pouco mais no país, diz Simonsen, da Upload