Bloomberg Línea — O Inteli, um dos institutos de ensino que buscam formar lideranças no país com conhecimento de tecnologia, acaba de dar um novo passo para alcançar seus objetivos com a criação de um centro de empreendedorismo para apoiar os estudantes no desenvolvimento das suas próprias startups.
O centro já funciona em fase de testes e está disponível por ora para os alunos do quarto ano da graduação e para aqueles que participam da Liga de Empreendedorismo, um clube estudantil do instituto.
Idealizado em 2019 por André Esteves e família e Roberto Sallouti, chairman e CEO do BTG Pactual (BPAC11), respectivamente, o Inteli (Instituto de Liderança e Tecnologia) forma a sua primeira turma de graduandos, que iniciaram os estudos em 2022, em dezembro deste ano.
“Nós já planejávamos que o último ano da graduação deles fosse mais focado nas carreiras que almejam seguir uma vez formados”, afirmou Ana Beatriz Garcia, diretora de Operações do Inteli, em entrevista à Bloomberg Línea.
Leia mais: Inteli, de sócios do BTG, entra em pós-graduação com novo curso de cibersegurança
No modelo do instituto, os alunos não têm disciplina, e sim, projetos, o que permite que conheçam mercados e setores diversos da economia e tenham que solucionar desafios reauis de empresas, startups e governos.
“Eles [os alunos] ampliam o portfólio e o repertório de mercado. E, agora no quarto ano, eles têm total autonomia para escolher qual trilha de carreira eles seguir”, disse Garcia.
Os caminhos propostos estão divididos entre academia, mundo corporativo e empreendedorismo. A maioria da primeira turma primeiro optou pela última opção: dos 140 formandos, 60% querem criar os próprios negócios.
É nesse contexto que o hub surge como um apoio adicional aos jovens universitários, que continuarão com a grade de aulas acadêmicas sobre o ecossistema de empreendedorismo.
“O Centro de Empreendedorismo vai conectá-los com oportunidades do mercado para fomentar esses projetos que eles estão fazendo”, afirmou Garcia. Os pouco mais de 72 alunos se dividiram em 40 startups, com modelos de negócios e atuação diversos.
Leia mais: De IA a green tech: como o Inteli quer se tornar também uma escola para CEOs
Inspirado em hubs de empreendedorismo de universidades americanas, como Harvard, MIT (Massachusetts Institute of Technology) e Carnegie Mellon, o centro do Inteli está estruturado sob três comitês.
O primeiro é curricular e analisa o que o centro oferece de conteúdos aos alunos. O segundo é formado por mentores, profissionais de mercado que acompanharão as startups para ajudá-las a sair do papel até que se torne um negócio que “pare de pé”.
O último comitê conta com líderes da indústria de venture capital, como Eric Acher, do Monashees; Júlio Vasconcelos, do Atlantico; Patrick Arippol, do Alexia Ventures; Larissa Bonfim, do Canastra Ventures; Bruno Yoshimura, do OneVC, e Orlando Cintra, da BR Angels.
“Eles não necessariamente serão os investidores, mas as pessoas que vão ajudar a preparar esses alunos para rodadas de investimento, para montar um bom pitch de investimento e para terem todas as informações de que eles precisam para começarem os seus negócios”, explicou Garcia.
De acordo com a executiva, o Inteli não entrará como investidor em nenhum dos negócios eventualmente criados pelos alunos. O seu papel ficará restrito a oferecer a estrutura e criar pontes.
Antes mesmo de chegaram ao último ano, alguns alunos já colocaram de pé alguns negócios.
É o caso da startup Hyra, um aplicativo de leitura que cria cenas imersivas relacionadas ao livro que o usuário está lendo; e da WinnerVC, que usa IA (Inteligência Artificial) para ajudar quem está à procura de emprego para criar mensagens personalizadas para cada vaga.
Leia mais: Link School amplia o foco e aposta em curso com formação tech para empreendedor
Como nasceu o Inteli
Com início das operações em 2022, o Inteli foi criado com o objetivo de reduzir a deficiência do país na formação de profissionais com competências de liderança e conhecimentos na área de tecnologia.
A instituição tem como foco o aprendizado baseado em projetos e tem como inspiração o modelo de ensino de instituições renomadas como o MIT e a Universidade de Stanford, no Vale do Silício.
Uma doação de R$ 200 milhões de Esteves e sua família viabilizou a criação do instituto. Dezenas de outras doações de executivos, empresários e investidores arcam com bolsas de estudo aos alunos.
Desde então, o Inteli tem se expandido e aberto novos cursos, incluindo na área de educação executiva, na qual tem um programa voltado para Ciência de Dados, além do lançamento posterior do primeiro curso de pós-graduação, anunciado em meados do ano passado, em cibersegurança.
Segundo Garcia, atualmente 50% dos cerca de 450 alunos contam com algum tipo de bolsa, dado que o objetivo é atrair e formar jovens promissores independentemente da condição socioeconômica.
Leia também
NotCo ajusta operação no Brasil e prioriza inovação, distribuição e B2B, diz CEO
De olho em big tech e ‘AI first’: o plano do Nubank com a compra da Hyperplane
Startups miram sofisticação de mercado de IA com mão de obra especializada