Bloomberg Línea — A Qred Brasil, fintech de empréstimo para PMEs, acertou a captação de R$ 25 milhões por meio de um FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios). Os novos recursos serão utilizados integralmente para novas originações da startup de origem sueca, que está presente no país desde 2020.
O plano é crescer a carteira de crédito, hoje em R$ 30 milhões, em 60% nos próximos doze meses com os mesmos níveis de performance, sem que haja aumento da inadimplência - as taxas ainda não são divulgadas por causa do tempo reduzido do portfólio. Isso significaria, portanto, chegar perto de R$ 50 milhões.
Outro objetivo é reforçar o nome da Qred como um player relevante no segmento de crédito para PMEs.
“Estamos prontos para iniciar uma segunda fase da operação da Qred Brasil. Temos demanda por novos empréstimos e precisávamos da captação para continuar a crescer”, disse o CEO, Romulo Pereira, em entrevista à Bloomberg Línea.
“Mas não vamos abrir mão da performance da carteira. Houve muito competidor do nosso segmento que buscou crescimento em detrimento de qualidade. Não é a estratégia que adotamos”, fez questão de ressaltar o executivo ao falar do aumento esperado das concessões, que não envolvem garantia.
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Ao falar de “segunda fase”, o executivo, que chegou ao comando da fintech em 2022 - depois de trabalhar no BCG, no BV (Banco Votorantim), na Gympass e na fintech iugu -, fez referência ao que descreveu como evolução da fintech, agora está mais bem preparada para acelerar as concessões.
Em seus primeiros anos, a startup testou a aderência do seu modelo de negócios no mercado brasileiro e buscou construir uma rede de parceiros que justamente se adequassem a ele. Os recursos iniciais foram destinados a esse objetivo de construir uma operação robusta, segundo Pereira.
No modelo adotado pela Qred Brasil, os empréstimos a pequenas e médias empresas acontece em geral por meio de parceiros como marketplaces de crédito, que são remunerados pela qualidade dos leads (informações que levam à conversão do pedido).
“Nosso modelo alinha incentivos a parceiros, investidores e clientes. No longo prazo, o mais importante é que os clientes tenham um relacionamento de recorrência conosco como um parceiro que viabiliza investimentos constantes no crescimento e no fluxo de caixa”, disse o CEO da Qred Brasil.
A startup chegou ao país com investimentos dos fundos Webrock Ventures e Atlant e do Qred Bank, que, antes de se tornar banco, era considerado a maior fintech de crédito do norte da Europa e possui operações em seis países da região: Suécia, Finlândia, Dinamarca, Holanda, Noruega e Bélgica.
Ele disse que os investidores, que inclui o único que comprou todas as cotas sêniores da nova emisssão do FIDC, estão alinhados com a decisão de expansão gradual da carteira de crédito, com risco controlado, ainda que o momento econômico atual seja de queda de juros e, portanto, menos adverso.
No modelo da Qred Brasil, o risco de crédito é compartilhado pela fintech com o investidor do FIDC.
A Nau Capital foi responsável pela estruturação da emissão, em processo que teve início ainda em 2023 e que levou mais tempo do que o habitual pelo cenário ainda afetado por episódios de aversão a risco de investidores, depois de episódios como a crise da Credz, que acabou adquirida pela DM.
O escritório Veirano Advogados foi o assessor legal da operação.
“Em um ano marcado por um mercado de crédito bastante restrito, principalmente para emissões high yield, conseguimos mostrar aos investidores que temos uma visão de longo prazo e que há um alinhamento de interesses para expandir a carteira mantendo a qualidade”, disse Pereira.
Segundo ele, os novos recursos devem ser suficientes para assegurar o funding ao longo do próximo ano, mas, ainda neste ano, a Qred Brasil deve voltar a mercado para discutir nova captação.
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No modelo da fintech, o cliente PME entra com um pedido de crédito, passa por um processo de pré-aprovação, envia a documentação e, se receber o aval, tem acesso aos recursos em até 24 horas.
As empresas precisam ter mais de 18 meses de operação e faturamento mínimo anual de R$ 150 mil, mas o foco é naquelas que tenham a partir de R$ 500 mil, segundo Pereira.
O tíquete médio da operação fica na faixa entre R$ 90 mil e R$ 100 mil. As taxas de juros partem de 1,99% ao mês, e o pagamento, por sua vez, pode ser feito em até 24 meses. A fintech adota um sistema de assinatura com a cobrança de um fee mensal, que varia de acordo com cada tipo de operação.
Não há na “largada” uma preferência específica por PMEs de determinados setores, mas Pereira disse que, naturalmente, os clientes atuam em setores como varejo e serviços, pela recorrência.
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