Bloomberg Línea — O executivo argentino Julian Colombo trabalhou por duas décadas no Santander, período no qual ocupou posições de liderança em diferentes países da América Latina e na matriz na Espanha. Foi responsável por áreas diversas, de produtos ao atendimento de clientes corporativos e CRM e BI. Saiu do banco com um novo negócio em mente para atender justamente o que identificou como uma das principais oportunidades no segmento que tanto conheceu: o uso de softwares nas operações financeiras.
O negócio que Colombo criou junto com outros ex-executivos de instituições do setor em 2017, a fintech N5, acaba de receber um aporte de valor não revelado - tampouco o valuation - com participação da Illuminate Capital, uma empresa de venture capital que tem como Limited Partners (investidores) algumas das maiores instituições financeiras do mundo, como J.P. Morgan, Citi, Barclays, BNY Mellon, S&P Global e Jefferies.
Segundo apurou a Bloomberg Línea com fontes próximas, a rodada se tratou de uma Series A. A demanda foi equivalente a oito vezes o valor buscado.
Outros investidores incluem Exor Ventures, braço de investimento de risco da Exor, uma sociedade gestora de participações controlada pela família Agnelli e acionista de Ferrari e Stellantis; Madrone Capital Partners, empresa da família Walton, do Walmart; e Overboost, uma empresa de venture builder.
No Brasil, participaram da rodada a LTS Investments, holding de investimentos das famílias de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira; e a Arpex Capital, empresa de investimentos de André Street e Eduardo Pontes, co-fundadores da Stone (STNE).
O principal produto desenvolvido pela N5 de forma proprietária é uma plataforma sistemática que faz a integração de centenas e até milhares de softwares necessários de uma instituição financeira e que em muitas situações não conversam entre si, como CRMs, BPMs e Omnichannel.
A N5 é argentina e está presente nesse país, no Brasil - onde o fundador e CEO mora - e em mais 13 mercados, incluindo outros mercados da América Latina como Chile, Peru, Paraguai e Panamá, além dos Estados Unidos. Mastercard, Santander, Credicorp Bank, Zurich, Banco Atlas e Credicorp Bank estão entre os clientes. O plano é entrar em outros nove mercados nos próximos meses.
A empresa cresce 200% ao ano e pretende encerrar 2023 com aumento de 60% no tamanho da equipe, que opera essencialmente no modelo remoto de trabalho.
Segundo a N5, o uso da plataforma permite ganhos de 53% em produtividade e redução de 16% de custos de distribuição, além de melhora do NPS (Net Promoter Score).
Colombo, que é o CEO e principal acionista da N5, apontou que bancos tradicionais com décadas de atuação enfrentam um desafio particular que é fazer a transição de sistemas legados para novos, algo que nativos digitais em geral não precisam. E isso representa oportunidades no mercado.
“Presenciamos um aumento exponencial de demanda, que ultrapassa nossas previsões mais otimistas. Em regiões onde ainda não operamos, nossa lista de acesso cresceu significativamente, com clientes pedindo antecipadamente por nossa plataforma”, disse Colombo em comunicado.
“Entendemos que era o momento de nos associar a grandes parceiros com a expertise que nos permitirá atender esses clientes com mais rapidez e acompanhar nosso crescimento global.”
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