Esta startup usou dados de seus clientes para ganhar dinheiro. Teve que desistir

A Carta, que cresceu com seu negócio de agregar informações de participações de outras startups, abordava investidores para dar liquidez aos mesmos, mas sem autorização dos clientes

Por

Bloomberg — A Carta, uma empresa americana de tecnologia financeira que trabalha com startups, vai encerrar suas atividades de negociação de equity de empresas de capital fechado após uma controvérsia relacionada ao uso de dados de clientes sem o consentimento dos mesmos.

Em um post em seu blog na noite de segunda-feira (8), o CEO da Carta, Henry Ward, disse que a empresa interromperá suas operações na negociação de ações no mercado secundário.

Essa era uma vertical de negócios que estava expandindo em conjunto com seu serviço de gestão de informações de investidores em startups, conhecido como “cap tables” (tabelas de participação acionária), a sua atividade fim pela qual se tornou mais conhecida no mercado.

A Carta, cuja plataforma é muito utilizada pelo mercado de startups para mapear participações e valuations, oferecia a CartaX, uma solução para ajudar a dar liquidez aos acionistas de empresas no mercado secundário, em um modelo de negócio semelhante ao da brasileira Velvet.

A empresa enfrentou críticas no final de semana porque não teria informado de forma transparente que iria buscar a monetização dos dados que, a princípio, faria apenas com fins de compilação.

Na última sexta-feira (5), o CEO da startup Linear, Karri Saarinen, acusou a Carta de usar os dados do seu cap table para abordar um de seus investidores sobre a venda de ações, uma questão que a própria Carta descreveu depois como uma “violação de política interna”.

Em um post no blog durante o fim de semana, Ward pediu desculpas pela quebra de confiança e afirmou que isso afetou três empresas. Em publicações no X (ex-Twitter), Saarinen e outros clientes, incluindo o CEO da startup de IA Hugging Face, afirmaram que o problema era mais generalizado.

No post de Ward na segunda-feira, ele mencionou que a maior parte da receita da empresa, cerca de US$ 250 milhões por ano, vem do negócio de cap table, enquanto a negociação no mercado secundário gerava apenas US$ 3 milhões por ano.

“Fizemos um trabalho razoável ao construir o negócio de cap tables”, escreveu Ward, “e um trabalho péssimo no negócio secundário”. Ele acrescentou: “É o meu maior fracasso e decepção”.

Ward afirmou que a empresa dará prioridade à proteção dos dados: “São os dados de nossos clientes, não os nossos”. O Axios já havia noticiado anteriormente que a Carta estava encerrando suas operações no setor de venda de equity.

Veja mais em bloomberg.com

Leia também

Mais demanda do que capital disponível: o cenário provável para startups em 2024