Bloomberg Línea — O mercado de benefícios ao trabalhador se transformou nos últimos anos em um dos mais dinâmicos e concorridos da economia brasileira. O de benefícios de alimentação, em particular, movimenta estimados R$ 150 bilhões por ano, com incumbentes como as francesas Sodexo e Ticket Edenred e as nativas VR e Alelo, além de gigantes techs como iFood e Mercado Pago e startups como Flash e Caju.
Um player que tem se destacado com seu crescimento acelerado é a startup francesa Swile, que, com apenas seis de vida, acaba de atingir o estágio de breakeven e elegeu o Brasil como um de seus principais mercados. A Swile diz ter 35% do mercado francês e com planos de não só enfrentar de igual para igual players estabelecidos como os conterrâneos Sodexo e Ticket Edenred como explorar outros segmentos. No Brasil, a empresa está presente há dois anos e já quintuplicou de tamanho, ultrapassando 600.000 usuários ativos.
“Não nos vemos como uma empresa de benefícios mas como uma de tecnologia de trabalho e benefícios. É uma porta de entrada muito forte para conseguir o que queremos construir, um super app para funcionários em que há tudo em um só lugar: benefícios, despesas de viagem e tudo relacionado ao mundo de funcionários”, disse o CEO e fundador da Swile, Loic Soubeyrand, à Bloomberg Línea.
Segundo ele, um exemplo da abordagem nativa digital é o investimento para uso de tecnologias de pagamentos como Samsung Pay, Apple Pay e Google Pay.
Um dos pilares para continuar a investir e a crescer é a saúde financeira da Swile. O plano da empresa é gerar cerca de € 17 milhões em Ebitda [indicador de geração de caixa operacional] por ano em 2025. “Muitos buscam lucratividade reduzindo custos. Nós alcançamos a rentabilidade enquanto crescemos.”
“Nós podemos confiar em nós mesmos e não dependemos mais dos investidores. Isso significa que podemos investir massivamente no Brasil”, disse o CEO, sem abrir números. Ele disse que a startup multiplicou o tamanho da operação no país, seu único mercado na América Latina, por cinco nos últimos dois anos.
O executivo disse que a startup está preparada para mudanças de regulação no Brasil, em referência, por exemplo, a expectativas do mercado de início para valer das regras de portabilidade de benefícios do vale-refeição e do vale-alimentação, aprovadas pelo Congresso e depois regulamentadas pelo governo por meio de decreto. Ainda faltam definições de caráter técnico para que entrem em operação.
Soubeyrand esteve em São Paulo em dezembro e falou sobre a importância estratégica do Brasil para os negócios. O país ultrapassou o mercado francês no uso de vouchers de refeição, consolidando-se como um dos principais focos de crescimento para a empresa mesmo em período de incertezas.
“Quando o sofrimento macroeconômico é persistente, empresas tendem a dar benefícios aos seus funcionários. Quando se enfrenta inflação e assim por diante, companhias tentam conceder benefícios em vez de aumento salarial. Sob esse ponto de vista, isso significa que não sofremos com o contexto macroeconômico”, disse.
Soubeyrand atribuiu o resultado operacional positivo ao fato de a Swile ser proprietária de sua tecnologia de infraestrutura de pagamento.
“Não dependemos de fornecedores para aumentar a margem. No momento em que conseguimos fornecer serviços com uma proposta de valor mais alta, empresas que são clientes no Brasil querem parar de usar o produto antiquado e começar a usar o que chamamos de benefícios flexíveis. É uma forma de gerar crescimento”, disse o empreendedor e executivo.
Há um ano a empresa levantou quantia não revelada de financiamento de risco do Groupe BPCE e de outros investidores. Segundo o CEO, a Swile assinou um acordo para adquirir uma subsidiária do BPCE, que atua no setor financeiro. “Nós adquirimos 100% do negócio e o BPCE ficou com 22% da Swile.”
A Swile realizou uma aquisição recente na França e, segundo Soubeyrand, novas aquisições estão nos planos “graças ao sólido perfil financeiro”.
-- Atualizada às 11h26 do dia 12/1
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