Bloomberg Línea — O mercado de motos elétricas no Brasil acumulou uma queda de quase 20% em vendas nos primeiros nove meses do ano, segundo dados da Fenabrave, entidade que representa as concessionárias. Para os fundadores da Vammo, os americanos Billy Blaustein e Jack Savary, não há motivo para preocupação.
A startup cujo modelo de negócios combina aluguel de motos elétricas para motoboys com cerca de 150 estações de recargas espalhadas pela região metropolitana de São Paulo segue em fase de crescimento e com planos de expansão para outros mercados no Brasil e na América Latina.
“Nós devemos fechar o ano com uma receita de US$ 10 milhões. Em 2023, fizemos cerca de US$ 100 mil”, afirmou Blaustein, cofundador e COO da Vammo, à Bloomberg Línea. “Somos um foguete.”
Leia mais: Uber e BYD ‘ignoram’ guerra tech e acertam parceria para 100 mil carros elétricos
Antes da Vammo, Blaustein liderou a operação de carros usados da Tesla na Europa por cinco anos. A montadora fundada e liderada por Elon Musk foi superada em vendas pela chinesa BYD no fim de 2023, mas segue como uma das referências globais para a estratégia de carros elétricos.
O executivo disse que a startup brasileira lida hoje com uma demanda reprimida. “No momento em que temos uma moto disponível, nós já conseguimos alugar.” A empresa, que conta com cerca de 750 motos atualmente em sua frota, prevê aumentar o número para 5.000 até o fim do ano.
Motoboys da região metropolitana de São Paulo são os principais clientes e contam com dois modelos à disposição. A locação por semana sai a partir de R$ 239.
“Veículo elétrico é uma coisa nova para muitas pessoas e nem todo mundo está disposto a comprar. Quando você aluga, dá a oportunidade para conhecer, sem a necessidade de comprar. Ou seja, a pessoa pode testar, assinando o contrato de um mês. Nós queremos reduzir a barreira de adoção”, disse Blaustein.
O executivo disse que a moto elétrica representa uma economia de 50% nos gastos em comparação com a tradicional a combustão, graças ao menor número de manutenção e à ausência de custos com combustível. As baterias são recarregadas nas estações que a startup distribuiu pela cidade.
Em outra frente, a Vammo pretende avançar em parcerias com aplicativos de mobilidade que têm a ambição de reduzir a emissão de CO2. De acordo com cálculos internos da startup, a operação permitiu que 2.000 toneladas a menos de gases de efeito estufa fossem emitidas à atmosfera.
Quem está por trás do negócio
O novo momento acompanha ajustes que a Vammo colocou em prática ao longo de sua trajetória. A startup inicialmente oferecia baterias elétricas próprias e alugava motocicletas de fabricantes chinesas como NIU e Super Soco e da brasileira Voltz, outrora protagonista nacional no projeto de mobilidade elétrica.
Nos últimos meses, a startup trouxe para ‘dentro de casa’ a fabricação dos veículos, em um modelo em que adquire as peças de fornecedores na Ásia e realiza a montagem na Zona Franca de Manaus - trata-se de uma prática bastante disseminada nesse mercado.
Em abril, inaugurou a primeira fábrica na capital do Amazonas com um parceiro local, com capacidade de produzir 25.000 motocicletas por ano.
Leia mais: D4Sign, startup que cresceu sem investidor, é comprada por italiana por R$ 180 mi
Por trás das movimentações está a entrada de mais recursos para apoiar o negócio.
A Vammo fechou uma captação de US$ 30 milhões em dezembro passado, em rodada liderada pela monashees. Participaram ainda a 2150, gestora europeia com foco em negócios de sustentabilidade, a Maniv Mobility, de mobilidade urbana, e Construct Capital, fundo norte-americano que investe em startups de hardware e mobilidade.
A Monashees e a Construct Capital já haviam liderado a rodada Seed, quando a Vammo (à época com o nome Leoparda Electric) levantou US$ 8,5 milhões em setembro de 2022 para dar seus primeiros passos.
Em julho passado, a startup levantou R$ 30 milhões com a Ext Capital, montante destinado a financiar a expansão da frota e do serviço de troca de baterias.
Esses recursos combinam dívida, a partir da emissão de uma debênture, e equity. O valor, a depender da expansão do negócio, pode chegar a R$ 120 milhões até o fim de 2025.
Com a estrutura reforçada, a startup mira a entrada em novos mercados a partir do ano que vem.
“São Paulo é uma cidade muito grande e temos muita demanda, mas acreditamos que temos uma solução não somente para São Paulo, Curitiba e Recife mas também para Bogotá, Cidade do México e Guatemala”, disse Blaustein. “O objetivo é, basicamente, substituir todas as motos a combustão por elétricas no continente”.
Leia também
Crise dos elétricos? Startup de scooter na Índia que atraiu o SoftBank prevê IPO
NG.Cash, fintech para a geração Z, capta R$ 65 mi com Monashees e Andreessen Horowitz