Bloomberg Línea — A fintech CloudWalk anuncia nesta terça-feira (03) a sua maior captação de recursos com um FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios). A empresa dona da InfinitePay levantou R$ 2,7 bilhões, valor que será usado para financiar a antecipação de recebíveis do cartão de crédito.
Este é o nono veículo de dívida na história da startup e o segundo do ano - em maio, informou ao mercado uma captação de R$ 1,6 bilhão. Entre 2023 e novembro deste ano, a base de clientes triplicou, para 3 milhões.
A CloudWalk atende principalmente micro e pequenos empreendedores e atua nos mais de 5.000 municípios do país. Fundada em 2013 por Luis Silva, que segue na liderança, a startup tem acelerado em outro ritmo desde 2019, com o lançamento da InfinitePay e a sua oferta de antecipação de recebíveis.
O sucesso comercial levou à ampliação do produto com uma plataforma com serviços como concessão de crédito, gestão de vendas e de pagamento instantâneo, e a introdução da tecnologia “Tap to Pay”, que transforma smartphones em terminais de pagamento sem contato.
Por trás do modelo está o apelo de oferecer um crédito mais barato e rápido aos empreendedores, o que permite uma gestão de caixa mais fluida.
Leia mais: Breakeven? Esta startup brasileira tem lucro de US$ 70 mi e vê IPO ‘quando quiser’
De acordo com a fintech, as taxas de antecipação variam entre 1,37% para transações no débito e 12,40% para transações parceladas em 12 vezes no Tap do Pay e na maquininha de pagamentos para quem deseja receber em até um dia útil. Desde junho, a empresa dispõe de um modelo regressivo, com flutuação de acordo com o faturamento de cada estabelecimento.
“Passamos a usar nossa infraestrutura de Inteligência Artificial e a capacidade de análise e interpretação de dados dos clientes para oferecer cobrança de taxas inteligentes”, afirmou Pablo de Mello, COO da CloudWalk.
“O valor pago pelo lojista conta com reduções graduais a partir de fatores como faixa de faturamento, sazonalidade das vendas, diferenciação por segmentos e região geográfica do empreendedor.”
A startup também conta desde junho de 2023 com uma versão batizada de “nitro”, com antecipação do pagamento no mesmo dia. Nesse caso, as taxas não mudam de acordo com os montantes faturados e estão estabelecidas em 1,98% para débito e 16,53%, no parcelamento em até 12 vezes.
Pelo adiantamento, os empreendedores arcam com um deságio no valor a ser recebido. A CloudWalk não revela o valor do tíquete médio das operações.
Novo FIDC
Para a coordenação da nova operação, a CloudWalk reuniu o Bradesco BBI, o BTG Pactual, o BB-Banco de Investimentos e o Safra, com a liderança do Itaú BBA. Ao todo, 16 instituições adquiriram as cotas, distribuídas por 85 veículos de investimento.
Leia mais: Gestora Coatue busca US$ 1 bilhão para ampliar apostas em empresas de IA
Com o novo FIDC, com prazo de três anos, a startup contabiliza R$ 7,7 bilhões levantados desde 2021, quando deu início a esse tipo de operação para financiar essa frente de negócios.
“Em um cenário desafiador e competitivo, tivemos novamente um overbooking na operação. É um importante sinal de que o mercado reconhece a robustez financeira e operacional da CloudWalk”, disse Mello.
A CloudWalk projeta R$ 3 bilhões de Receita Recorrente Anual (ARR) e R$ 400 milhões de lucro em 2024. Neste ano, a empresa entrou nos Estados Unidos com uma nova marca, o aplicativo Jim, que oferta recursos de inteligência artificial e pagamento instantâneo a empreeendedores.
Com mais de uma década de mercado, a CloudWalk já captou US$ 365 milhões e foi avaliada em US$ 2,15 bilhões em novembro de 2021, quando levantou o seu último aporte: uma rodada Série C de US$ 150 milhões, liderada pela Coatue. No mercado, circula a informação de que a startup negocia uma nova rodada. Questionada pela Bloomberg Línea, a CloudWalk afirmou que não comenta sobre o assunto.
Leia também
Como a Prosus saiu do vermelho para um lucro de US$ 60 milhões no semestre
Startup brasileira CrewAI capta R$ 100 mi em dez meses e atrai IBM e Sam Altman
Em nova fase, Creditas reinveste todo o lucro para acelerar a expansão, diz CEO