Bloomberg Línea — A Conta Simples acaba de captar US$ 41,5 milhões em uma rodada Série B. A fintech brasileira, que oferece soluções de gestão financeira para pequenas e médias empresas, disse que recebeu interesse de investidores, o que levou à decisão estratégica de buscar capital adicional.
A rodada foi liderada pela Base10 Partners junto com Valor, Jam Fund, Y Combinator, Big Bets, Broadhaven e Domo.VC. Em entrevista à Bloomberg Línea, o CEO da Conta Simples, Rodrigo Tognini, destacou que a iniciativa para levantar fundos não estava inicialmente nos planos da empresa.
“Entramos em 2023 com a ideia de atingir o breakeven no fim de 2024, início de 2025. Começamos com esse objetivo, mas o que aconteceu foi que 2023 foi um ano excepcional. Crescemos tanto em receita de maneira expressiva quanto conseguimos controlar muito bem a estrutura de despesa e custo. Consequentemente, chegamos ao breakeven em outubro de 2023″, disse Tognini.
O empreendedor disse que, embora a Conta Simples sempre tenha operado de maneira austera em relação ao capital, o crescimento rápido em 2023 impulsionou a necessidade de buscar novos investimentos.
Ao atingir o equilíbrio operacional em outubro, a fintech começou a pensar em uma nova rodada para garantir recursos adicionais. “Geralmente o primeiro material que você faz pra uma rodada é um pitch deck, que não chegamos a fazer, foi muito pelo interesse dos investidores”, contou.
Sem divulgar o quanto os investidores ampliaram de participação na companhia com a nova rodada, Tognini explicou que, em Série B, o usual é de “15% a 20%”.
“Conseguimos até menos do que isso. Não abrimos valuation, mas posso dizer que houve uma valorização relevante”, disse.
A rodada de financiamento permitirá que a Conta Simples acelere seus esforços na expansão da base de clientes, com lançamento de novos produtos e melhoria da experiência do usuário.
Ao abordar as prioridades para o uso dos fundos, ele destacou a expansão agressiva para empresas de maior porte, com planos de atender aquelas que contam com 100 a 1.000 funcionários ou mais. Além disso, a fintech planeja aproveitar a recente aprovação do Banco Central para oferecer produtos de crédito, atendendo à crescente demanda por soluções de financiamento.
Ele indicou que a empresa está atenta às mudanças no cenário regulatório, especialmente em relação ao Pix. O CEO expressou interesse em replicar a experiência da Conta Simples no universo do Pix, oferecendo soluções e tornando-se uma linha de negócios adicional.
“Continuamos em uma rota de expansão, com lançamento de novos produtos. Isso gera uma necessidade de investir em novos canais em que até, então, não estamos maduro”, disse.
“Ao mesmo tempo, tivemos a aprovação da licença de SCD [Sociedade de Crédito Direto], que é uma licença do Banco Central que viabiliza e possibilita ofertarmos produtos de crédito e novos produtos que possam fazer sentido para nossa base de clientes de pequenas e médias empresas.”
“Tem muitas soluções que podemos desenvolver em cima do software de gestão de despesas, em que já temos uma boa parte desenvolvida. Vamos acelerar esse desenvolvimento de crédito. É outra alavanca em que teremos um pouco mais de risco e apetite para aumentar a nossa carteira de crédito, mas não querendo que se torne a principal linha de negócios da Conta Simples ou uma das principais”, disse.
“Queremos continuar operando em um nível saudável de caixa, sem fazer movimentos que nos coloquem em risco desnecessário. Obviamente, quando pensamos em um investimento desse, terá uma certa queima de caixa, mas nada que vá colocar 20%, 30%, 40% de margem negativa no P&L [demonstrativo financeiro].”
Segundo Tognini, outro potencial objetivo é aproveitar o caixa para aquisições.
A Conta Simples vai abrir vagas para as áreas de tecnologia, engenharia, produto e comercial.
“A evolução do Pix está muito agressiva. Vemos a oportunidade de replicar o que oferecemos da experiência de cartão de crédito dentro do Pix, como Pix parcelado e Buy Now Pay Later. Não só melhorar a experiência do nosso cliente na hora de fazer o pagamento de fornecedor ou de acessar uma linha de crédito mas também virar uma linha de negócio.”
Para o CFO Taeli Klaumann, a fintech também monitora como o mercado vai se comportar por causa do limite de juros em cima do rotativo do cartão de crédito imposto pela nova regulação.
“A primeira consequência é olharmos dentro da mecânica de motor de crédito com mais atenção para quem esse crédito vai ser concedido, porque tem risco de inadimplência envolvido. É claro que ainda estamos observando outras instituições financeiras e também os próprios clientes, se essa cobrança de juros muda em alguma coisa o comportamento do cliente”, explicou.
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