Conheça 10 startups brasileiras para ficar de olho em 2025

Lista da Bloomberg Línea reúne empresas que aceleram o crescimento com a criação de novas verticais de negócios, estratégia de M&As ou planejam a expansão para outros mercados

Vista da região da Berrini, em São Paulo: mercado de venture capital ainda ensaia retomada sustentada (Foto: Paulo Fridman/Bloomberg)
Por Marcos Bonfim
06 de Janeiro, 2025 | 05:10 AM

Bloomberg Línea — Em um ano ainda desafiador para o ecossistema apoiado por venture capital, os cheques maiores voltaram a aparecer em rodadas para startups mais maduras, em especial nos últimos meses de 2024.

Os desembolsos, segundo dados monitorados pela plataforma Distrito, mostraram uma pequena melhora na comparação com 2023. Entre janeiro e novembro (dado mais recente divulgado), as captações somaram US$ 1,9 bilhão, contra US$ 1,8 bilhão no mesmo período do ano passado.

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Com novos recursos captados seja via equity ou por meio de outros instrumentos financeiros, algumas startups despontam por explorarem novas avenidas de crescimento - são caminhos pavimentados pela criação de divisões de negócios, M&As ou expansão rumo a novas fronteiras.

Leia mais: Conheça 10 empresas para ficar de olho em 2025

O comitê editorial da Bloomberg Línea ouviu especialistas e selecionou 10 startups brasileiras que estão posicionadas com destaque em mercados estratégicos, da saúde ao setor financeiro.

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A lista abaixo não é um ranking com critérios objetivos como projeções de faturamento, geração de caixa ou outros indicadores financeiros, mas, sim, uma relação de negócios de base tecnológica com potencial de destaque em suas respectivas áreas de atuação ao longo de 2025.

Veja a seguir 10 startups para ficar de olho em 2025:

QI Tech

Plataforma de Banking as a service, a QI Tech superou a mais de 1.000 fundos que contam com R$ 121 bilhões em ativos administrados após a aprovação da compra da corretora Singulare. A incorporação da nova carteira carrega um potencial para a fintech acelerar a venda cruzada de produtos de tecnologia para as gestoras e ampliar o portfólio de clientes. A startup foi a única do país a adquirir o status de “unicórnio” - com valuation igual ou superior a US$ 1 bilhão - em 2024, após uma Série B de US$ 250 milhões. O modelo orgânico e inorgânico acelerado a expansão da QI Tech, que previa receita de R$ 680 milhões em 2024.

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Cloudwalk

A CloudWalk, dona do InfinitePay, triplicou a base de clientes e alcançou a marca de 3 milhões de usuários em 2024. A fintech fundada em 2013 por Luis Silva atende principalmente micro e pequenos empreendedores e atua nos mais de 5.000 municípios do país. No ano passado, a CloudWalk deu o primeiro passo rumo à internacionalização do negócio, com base em IA e blockchain proprietário para o processamento de pagamentos. A fintech passou a operar nos Estados Unidos com a marca Jim.com e com serviços diversos como o recebimento de pagamentos instantâneos por meio do smartphone.

CrewAI

Prestes a completar um ano de operação, a CrewAI acumula R$ 100 milhões em captação de investimentos. Com um exército de agentes múltiplos de IA, a startup fundada por João Moura atraiu investidores-anjos como Andrew Ng, co-fundador do Coursera, Dharmesh Shah, cofundador e CTO do HubSpot, e a Alt Capital, fundo de VC criado pela família de Sam Altman, cofundador da OpenAI. Em código aberto, a ferramenta chamou a atenção da gigante IBM, com a qual foi costurado um acordo para integrar o serviço ao Watson.ai, ferramenta para gerenciar modelos de aprendizado de máquina e aplicativos de IA generativa.

Vittude

O tema da saúde mental tem se mostrado cada vez mais presente nas empresas brasileiras, principalmente entre as maiores. Um papel de destaque crescente é desempenhado pela Vittude, fundada e liderada por Tatiana Pimenta - que participa ativamente do grupo de trabalho para regulamentar a nova lei federal que certifica empresas que possuem programas na área. Com mais de 200 clientes corporativos, como Boticário, Vivo, Ambev, Saint Gobain, L’Óreal, SAP e Thomson Reuters, a Vittude superou a marca de 3,5 milhões de pessoas beneficiadas e projetava chegar ao breakeven no fim de 2024.

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Blip

Plataforma de marketing e gestão conversacional em canais como o WhatsApp e o Instagram, a Blip tem se destacado pela ambição global. A startup adquiriu a Gus, o que deu acesso aos mercados do México e da Europa, em 2024. E recebeu aporte de US$ 60 milhões. A captação marcou a primeira investida do SoftBank na startup, aposta frequente do fundo de private equity Warburg Pincus. A rodada Série C contou ainda com a Microsoft. O capital fortalecerá a internacionalização do negócio, em mercados como os Estados Unidos, assim como para o desenvolvimento de produtos com Inteligência Artificial (IA) generativa.

Tractian

Com um valuation de R$ 4 bilhões, a Tractian desenvolve sensores inteligentes para monitoramento de maquinários industriais, capazes de identificar ruídos, falhas, vibrações e variações de temperatura. Os sensores são integrados à inteligência artificial, o que permite análises avançadas e detecção preditiva de defeitos. Fundada em 2019, a startup já captou R$ 1,05 bilhão em investimentos ao longo de quatro rodadas, incluindo uma Série C de aproximadamente R$ 700 milhões (US$ 120 milhões). Com operação nos Estados Unidos e México, 40% da receita da empresa é gerada fora do Brasil.

Vammo

Os americanos Billy Blaustein e Jack Savary são os fundadores da Vammo, startup que combina aluguel de motos elétricas para motoboys e cerca de 150 estações de recargas espalhadas pela região metropolitana de São Paulo. Com motos azuis, a Vammo procura entregar uma tese de mobilidade elétrica que ainda não se provou no país. A startup saiu de US$ 100 mil em 2023 para cerca de US$ 6 milhões em 2024 em receita. O salto acompanhou mudanças na operação, como a montagem própria das motocicletas e a abertura de fábrica em Manaus, no Amazonas, com capacidade de produzir 25.000 motocicletas por ano.

umgrauemeio

Em um mundo sob impacto do aquecimento global, a umgrauemeio pretende ser os “olhos” que detectam focos de incêndios para que possam ser combatidos antes que se alastrem. A startup do empreendedor Rogério Cavalcante desenvolveu um serviço que combina inteligência artificial e monitoramento a partir de câmeras instaladas em cerca de 150 torres para identificar e combater incêndios florestais e agrícolas. A startup monitora uma área de 17,5 milhões de hectares e já detectou mais de 25.000 focos de incêndio. Em 2024, após seis anos de vida, recebeu o seu primeiro aporte no valor de R$ 18,7 milhões.

Sami

A operadora digital de saúde Sami, com R$ 60 milhões recém-captados em uma extensão de uma Série B de 2023, pretende acelerar o ritmo de crescimento em 2025. A startup fundada e liderada por Vitor Asseituno e Guilherme Berardo passou por um processo de realinhamento do modelo de negócio ao longo de 2024. Com a estrutura reforçada, a healthtech quer estar mais próxima dos clientes, com planos de saúde regionalizados, para entregar a proposta que originou o modelo de negócios: ser um médico da família 2.0 com foco no atendimento a microempreendedores, em geral fora do foco de operadoras de saúde.

NG.Cash

A NG.Cash tem se destacado entre fintechs com a aposta no atendimento ao público adolescente, com idade entre 14 e 15 anos. Em um ano, a fintech cresceu 100% em volume de transações, para R$ 4 bilhões, enquanto a base chegou a 4 milhões de clientes. Com sua tese, atraiu fundos como Monashees, Andreessen Horowitz (a16z) e Generalist Capital. A startup vai além de uma conta digital e oferece educação e “poder financeiro” aos jovens e, diferentemente de outras instituições, os pais só entram na plataforma para assinar a abertura da conta. O Pix e o cartão de crédito pré-pago estão entre os serviços mais utilizados.

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Marcos Bonfim

Marcos Bonfim

Jornalista brasileiro especializado na cobertura de startups, inovação e tecnologia. Formado em jornalismo pela PUC-SP e com pós em Política e Relações Internacionais pela FESPSP, acumula passagens por veículos como Exame, UOL, Meio & Mensagem e Propmark