Como o Brasil se tornou um hub de eventos para inovação na América Latina

Terceira edição do South Summit Brazil em Porto Alegre busca reforçar o país como centro de relevância na região para o ambiente de empreendedorismo e de startups

Imagen aérea de Cais Mauá, en Porto Alegre (RS), donde se celebra South Summit Brazil (Foto: Agência Preview/Divulgación)
03 de Março, 2024 | 04:50 PM

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Bloomberg Línea — Porto Alegre tem um plano para encabeçar a lista das cidades mais inovadoras do Brasil - e se tornar uma referência na América Latina.

José Renato Hopf, fundador da fintech GetNet, que foi vendida ao Santander (SANB11) e se tornou um dos primeiros unicórnios brasileiros, está imerso nos preparativos do South Summit Brazil, evento que preside desde 2021 e se tornou um dos principais do ecossistema de inovação e negócios da América Latina.

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O evento, que teve origem na Espanha e promoverá sua terceira edição brasileira entre os dias 20 e 22 de março, prevê atrair cerca de 140 fundos de investimento e 1.000 investidores.

Em 2023, o South Summit Brazil reuniu mais de 600 investidores, 7.000 executivos, 3.000 empreendedores, 22.000 visitantes e mais de cem fundos.

A perspectiva de um período de cortes nas taxas de juros pelos principais bancos centrais do mundo faz Hopf pensar que 2024 será um momento “especial” para empresas que buscam capitalização.

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“A grande maioria dos países do continente latino-americano passa por uma fase de rápido amadurecimento de seu ecossistema empresarial. Recentemente, tivemos um momento de instabilidade global, mas isso foi benéfico para o ambiente de negócios”, disse em entrevista à Bloomberg Línea.

Para María Benjumea, presidente do South Summit - que acontece na Espanha desde 2012 -, a América Latina tem demonstrado sua capacidade de gerar empresas inovadoras e atrair capital internacional, com US$ 14,7 bilhões levantados pelas startups finalistas até 2023 e o surgimento de sete unicórnios no período (Cabify, Factorial, JobandTalent, Glovo, Wallbox, Devo, Aircall).

“Foi a região que mais cresceu em capital de risco e constitui nossa grande aposta de longo prazo, com o Brasil como centro regional”, disse à Bloomberg Línea.

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María Benjumea disse esperar que a região dê o mesmo salto que a Espanha.

Onze anos após sua inauguração, o evento recebeu mais de 4.500 startups de todo o mundo em Madri no ano passado. Em questão de anos, o país ibérico conseguiu se tornar o quarto mais importante da Europa nessa área, com centros especializados em vários campos de inovação espalhados pelo território. No ano passado, o país lançou sua própria estrutura regulatória para o ecossistema de startups.

Embora o caminho não seja isento de desafios, como o acesso ao capital e a necessidade de estruturas regulatórias mais vantajosas, essas dificuldades abrem oportunidades para a inovação. A adaptabilidade e a mentalidade colaborativa são essenciais para o sucesso nesse ambiente em constante mudança, segundo especialistas.

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“A capacidade de impulsionar a inovação com equipes altamente qualificadas e a de se adaptar rapidamente diante de crises econômicas são características cruciais no mundo das startups”, disse Benjumea. Acrescentou que é essencial “que o empreendedor tenha perseverança e o desejo de superar”.

El brasileño José Renato Hopf (presidente del South Summit Brazil) y la española María Benjumea (Fundadora y presidente del South Summit)

Brasil, hub em ascensão

O mercado latino-americano tem chamado a atenção de investidores e empresas de todo o mundo, e é nesse contexto que o South Summit se insere.

No mês de abril, será a vez da segunda edição de outro grande evento mundial de inovação que reúne fundos de venture capital e empreendedores de startups, o Web Summit Rio, na capital fluminense.

No caso do South Summit, a iniciativa do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, de montar uma plataforma na capital gaúcha dedicada a conectar investidores e empresas inovadoras foi decisiva para que o congresso fosse realizado na cidade.

Para José Renato Hopf, talvez a maior diferença entre o ecossistema de startups da América Latina e outros ao redor do mundo esteja no acesso ao capital e às conexões globais. “E são justamente esses dois pontos que buscamos resolver quando decidimos trazer o South Summit para o Brasil.”

Como ponto favorável aos empreendedores latinos, ele mencionou a criatividade e a resiliência. “Como empresário, sempre defendi que somos plenamente capazes de desenvolver empresas no mesmo nível dos ecossistemas mais desenvolvidos que conhecemos.”

Planos além da América Latina

O South Summit tem ambições de se expandir para outros territórios, com foco para além da América Latina. Miami é o principal alvo.

Benjumea também explora oportunidades para levar seu evento a países do Oriente Médio e da região da Ásia-Pacífico. “Nosso desejo é replicar o que alcançamos no Brasil. Acreditamos que, ao expandir nossa rede de conexões, o mundo de oportunidades para gerar negócios aumenta significativamente”, explicou.

No entanto, esclareceu que ainda não há datas concretas para o lançamento nesses mercados. “Estamos em negociações. Por enquanto, continuamos com o Brasil como nosso compromisso de longo prazo e como nosso centro de operações para a América Latina”, acrescentou.

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Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.