Com a visão do RH do futuro, Tako avança com cofundador da Rappi na gestão

Colombiano Sebastian Mejia se junta no dia-a-dia a Fernando Gadotti, CEO da Tako, como cofundadores para acelerar o crescimento da startup; e conta os novos planos à Bloomberg Línea

Por

Bloomberg Línea — Empreendedores de “segunda viagem” em diante costumam dizer que levam muito da experiência e do aprendizado de seus negócios anteriores para suas novas startups.

Foi assim de certa forma com a Tako, lançada há pouco mais de dois anos pelo brasileiro Fernando Gadotti - e também pelo colombiano Sebastian Mejia, em informação divulgada só agora e em primeira mão pela Bloomberg Línea.

Gadotti, fundador da DogHero - vendida para a PetLove em 2020 -, sentiu e se lembrou dos desafios de gerenciar suas equipes do ponto de vista de recursos humanos ao decidir atacar esse problema em sua nova empreitada.

Mejia, por sua vez, foi cofundador da Rappi, uma das maiores plataformas de delivery e uma das startups mais valiosas da América Latina - e enfrentou desafios semelhantes.

Leia mais: Rodadas da semana: startup de RH conclui a maior captação Seed no Brasil

A Tako desenvolveu uma plataforma que centraliza sistemas e faz uso de inteligência artificial (IA) para analisar, com uma visão única, os diferentes dados que envolvem uma área de RH, da folha de pagamentos e de benefícios até processos de admissão e de desligamento e os registros de férias.

O foco está na experiência do cliente, na precisão das informações e no ganho de produtividade - leia-se economia de tempo -, com atendimento essencialmente de médias empresas que não acessam, por exemplo, sistemas mais caros e complexos voltados às grandes.

A empresa passa a contar agora em sua gestão e operação com a experiência - bem como o tempo e a energia - do cofundador da Rappi, um dos cases mais bem-sucedidos de empreendedorismo na América Latina e globalmente.

Há uma semana, ele se despediu da presidência da Rappi e comunicou que seguirá no conselho da empresa, uma gigante que alcançou há tempos o status de unicórnio, como são designadas as startups com valuation igual ou equivalente a US$ 1 bilhão.

“Após quase uma década, tomei a decisão de me afastar da Rappi [...] chegou o momento de virar a página”, escreveu Mejia em post no LinkedIn. “Empreender, em sua essência, é o ato contínuo de tornar-se — de construir, resistir, deixar ir e recomeçar. Exige reinvenção, resiliência e coragem.”

O empreendedor colombiano explicou que o aprendizado tem sido colocado em prática na Tako desde a sua concepção.

“Eu e o Fernando quisemos criar uma empresa muito duradoura e muito bem construída, do ponto de vista de engenharia e desenvolvimento, e AI native, desde o começo”, disse Mejia à Bloomberg Línea.

Metade da equipe atual trabalha em engenharia e tecnologia, o que inclui o recém-chegado Pedro Axelrud, contratado para liderar as áreas de Produto e Design. O executivo veio do Nubank, em que ficou quase dez anos e ajudou na construção da NuConta e no trabalho de experiência do cliente.

Leia mais: Prosus investe em startup brasileira que mira ser um hub de agentes de IA para saúde

Gadotti, por sua vez, relembrou quando decidiu que era o momento de voltar a empreender - ele estava como executivo na PetLove depois da aquisição da DogHero. Saiu no início de 2022.

“Eu costumo colocar 110% da energia em um projeto. Foi assim na PetLove. Mas não tem jeito, eu vou querer ser empreendedor. Gosto de pensar como as coisas podem ser feitas, em como gerar o maior impacto possível. Mas naquele momento não sabia com o quê”, disse à Bloomberg Línea.

O empreendedor se recordou do que chamou de “planilhão” com dados como nomes, cargos, salários e outras informações de funcionários de empresas pelas quais passou e o desafio de organização e de extrair valor. E se deu conta de que ali estava uma oportunidade.

Em muitos casos, tais dados estão espalhados em diferentes sistemas que não conversam, o que gera a necessidade justamente do “planilhão”.

Mas só isso não bastava, segundo ele.

“O fato de eu ter vivido a dor era importante, mas [para escolher a área de atuação da startup] precisava ser um mercado interessante, com fundamentos consistentes. E nesse caso vimos que tem a ver com o que os americanos chamam de system of record, com todas as informações sobre um dado tema, como faz a Salesforce, por exemplo. Há um modelo de negócios”, disse.

De Ribbit Capital à a16z

Em novembro passado, a Tako anunciou ao mercado a captação de R$ 75 milhões, no que foi classificado à época como a maior rodada Seed de uma startup brasileira.

O aporte foi liderado pela Ribbit Capital e pela Andreessen Horowitz (a16z) e contou com a ONEVC e os fundadores da Ramp, fintech de gestão de despesas corporativas.

“Há muitas oportunidades. Começamos pela folha [de pagamentos], mas podemos abraçar outros processos adjacentes das empresas, como produtos para a gestão de pessoas ou para o CFO ou mesmo serviços financeiros”, disse o colombiano sobre necessidades dos clientes.

Mejia destacou o que apontou como pontos fortes em comum entre startups bem-sucedidas e que, segundo ele, a Tako buscou atender, como uma infraestrutura tecnológica como base que é altamente escalável.

“Já processamos centenas de milhões de reais em pagamentos e podemos ampliar esse volume em muitas vezes mais com a base tecnológica que já possuímos”, disse o empreendedor.

- Em atualização.

Leia também

André Penha, do QuintoAndar, tem nova missão: liderar uma startup de energia sem fio

IA é um tsunami e abre oportunidade global para startups, diz Szapiro, do SoftBank

Aquisições, breakeven, valuation e até IPO: o que pensa o cofundador da Rappi