CEO do Web Summit renuncia após críticas a Israel e cancelamento de apoiadores

Paddy Cosgrave, um dos fundadores do evento de startups e inovação, insinuou que a resposta de Israel ao Hamas era crime de guerra; empresas como Google e Meta tinham retirado patrocínio

Paddy Cosgrave, fundador do Web Summit
Por Amy Thomson
21 de Outubro, 2023 | 02:06 PM

Bloomberg — Paddy Cosgrave renunciou ao cargo de CEO do Web Summit, um dos maiores e principais eventos de tecnologia e inovação do mundo, depois que seus comentários sobre os ataques de Israel ao Hamas no início deste mês levaram empresas de renome a cancelarem a participação e o apoio ao evento, incluindo a Alphabet (GOOGL), dona do Google, e a Meta Platforms (META), do Facebook e do Instagram.

O Web Summit nomeará um novo CEO o mais breve possível, e o evento, programado para começar em 13 de novembro em Lisboa, Portugal, ocorrerá conforme planejado, disseram os organizadores em um comunicado por e-mail neste sábado (21).

“Infelizmente, meus comentários pessoais se tornaram uma distração do evento, de nossa equipe, de nossos patrocinadores, das startups e das pessoas que comparecem”, disse Cosgrave no comunicado. “Peço desculpas novamente sinceramente por qualquer mágoa que tenha causado.”

Cosgrave havia postado na rede social X (ex-Twitter), que “crimes de guerra são crimes de guerra mesmo quando cometidos por aliados”, direcionado à resposta de Israel ao ataque do Hamas, grupo classificado como terrorista pelos Estados Unidos e pela União Europeia. Os comentários causaram uma reação negativa de diversos investidores de capital de risco e fundadores de empresas de tecnologia.

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Cosgrave postou um pedido de desculpas no blog do Web Summit dias depois e disse que lamentava por causar “uma mágoa profunda” com o momento e o conteúdo de sua declaração.

No entanto não foi o suficiente para impedir uma campanha pedindo que palestrantes e patrocinadores retirassem sua participação do evento, que teve mais de 70.000 participantes no ano passado.

Além da Alphabet e da Meta, empresas como Amazon (AMZN), Intel (INTC), Siemens e Stripe e um grupo de investidores disseram que cancelariam seus planos de comparecer ao evento. Um grupo de investidores israelenses emitiu uma declaração conjunta pedindo um boicote ao evento, de acordo com um relatório do site de notícias Calcalist.

A renúncia do CEO, no entanto, foi uma surpresa, já que Cosgrave indicou, até a semana passada, que permaneceria no cargo e tranquilizou os funcionários de que o evento tinha dinheiro suficiente no banco para continuar por pelo menos dois anos, segundo um relatório do jornal irlandês Business Post, que citou funcionários do Web Summit não identificados.

Quem criou o Web Summit

O empresário Paddy Cosgrave fundou o Web Summit em Dublin em 2009 com David Kelly e Daire Hickey, antes de transferir a conferência principal para Portugal em 2016. Neste ano, foi realizada em maio uma edição no Rio de Janeiro que atraiu centenas de empresas e investidores e milhares de pessoas para assistir.

Embora o evento tenha se tornado o maior encontro de tecnologia da Europa e atraído empresas de tecnologia e celebridades de todo o mundo, Cosgrave já havia causado polêmica antes.

No ano passado, a cúpula teve que retirar convites para palestrantes do Grayzone após uma reação contra as narrativas anti-governo ucraniano do site. O Grayzone havia publicado postagens desde o início da invasão russa que acusavam membros graduados do governo e das Forças Armadas da Ucrânia de simpatizar com os nazistas.

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