Byju’s Alpha entra em recuperação judicial nos EUA após calote de US$ 1,2 bi

Edtech que já foi avaliada em US$ 22 bilhões enfrenta dificuldades financeiras também no mercado americano; a Bloomberg Línea revelou os bastidores da crise da startup no Brasil

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Bloomberg — Uma unidade da Byju’s, que já foi a edtech mais valiosa do mundo, foi colocada em recuperação judicial nos Estados Unidos por um agente nomeado pelo tribunal que assumiu a empresa de fachada depois que ela não conseguiu pagar US$ 1,2 bilhão em dívidas.

A Byju’s Alpha não tem dinheiro suficiente para continuar a lutar contra a sua empresa controladora para pagar a dívida, segundo documentos judiciais apresentados pelo CEO da unidade, Timothy Pohl.

Os credores exigiram que a empresa entrasse em concordata - o equivalente da recuperação judicial no Brasil - antes de continuar a financiar a Byju’s Alpha, segundo o pedido no Chapter 11.

Um advogado da controladora da Byju’s Alpha não retornou a um e-mail da Bloomberg News solicitando comentários.

A empresa planeja processar um pequeno fundo hedge na Flórida, que a acusou de ajudar a controladora da Byju’s a esconder mais de US$ 500 milhões em dinheiro que deveria ir para os credores, de acordo com a apresentação.

Pioneira em educação online e ensino de programação para crianças, a Byju’s e seus credores têm estado em um conflito prolongado de reestruturação após a empresa violar cláusulas em um empréstimo de US$ 1,2 bilhão.

No Brasil, os atrasos no pagamento a professoras e funcionários levaram ao cancelamento de aulas e à perda de alunos, em meio à saída do segundo CEO da empresa no país em menos de dois meses, conforme revelou a Bloomberg Línea na última semana.

No exterior, a Byju’s decidiu deixar de honrar um pagamento de juros sobre o empréstimo a prazo, um dos maiores de uma startup globalmente.

“A situação é bastante sombria”, disse Amit Singhania, fundador do Areete Law Offices na Índia, que não está envolvido nos processos. “Enfrentar insolvência em várias jurisdições é como passar de ruim para pior.”

O pedido marca uma reversão para o fundador da empresa, Byju Raveendran, cuja ascensão de tutor a líder de uma empresa que chegou a ser avaliada em US$ 22 bilhões cativou investidores. À medida que os negócios prosperaram durante a pandemia, a Byju’s realizou uma série de aquisições para se expandir globalmente.

Mas a demanda por tutoria online diminuiu à medida que as escolas reabriram.

Membros do conselho renunciaram e Raveendran comprometeu sua casa em garantia, bem como as de seus familiares, para levantar dinheiro para pagar funcionários enquanto a empresa enfrenta uma crise de caixa. A Byju’s também está vendendo novas ações com desconto de mais de 90% em relação à rodada de financiamento anterior em uma tentativa de levantar capital.

Na quinta-feira (1), a Prosus, que detém cerca de 9% a empresa de ensino online - e que é controladora do iFood no Brasil -, juntou-se a um grupo de investidores exigindo uma reunião de acionistas para substituir a gestão e o conselho da Byju’s, cujo nome oficial é Think & Learn.

Em resposta, a Byju’s disse lamentar o pedido e que os investidores não têm direito de votar na mudança da gestão ou do CEO conforme o acordo de acionistas.

A empresa disse que continuará com um plano de levantar US$ 200 milhões por meio de uma emissão de direitos e que “está satisfeita com o apoio recebido por uma ampla seção de seus acionistas”.

As regras de recuperação nos EUA permitirão que os credores emprestem dinheiro à Byju’s Alpha, que pode ser usado para continuar a lutar contra a empresa controladora.

Se a Byju’s Alpha eventualmente ganhar dinheiro em suas batalhas legais com a controladora, os credores poderão reivindicar esse dinheiro. Disputas judiciais complexas nos EUA podem custar dezenas de milhões de dólares caso se arrastem por anos.

O caso de insolvência nos EUA também pode dar aos credores uma modesta vantagem tática em suas batalhas judiciais ao consolidar grande parte da litigância contra a empresa controladora em um único tribunal de falências em Wilmington, Delaware.

Os credores poderiam usar a recuperação judicial para iniciar um caso de acusação de transferência fraudulenta contra a controladora por supostamente repassar mais de US$ 500 milhões da Byju’s Alpha. Tais casos são rotineiros em grandes quebras corporativas nos EUA.

A Byju’s Alpha listou ativos de pelo menos US$ 500 milhões e passivos de pelo menos US$ 1 bilhão em seu pedido no Chapter 11.

Os credores da Byju’s venceram uma batalha judicial em Delaware no final do ano passado que lhes permitiu nomear um novo diretor - Pohl - para a unidade de financiamento. Desde então, os credores e a controladora da Byju’s trocaram acusações em tribunais de Delaware e da Flórida, onde a batalha sobre o default da dívida tem sido travada.

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