Bloomberg — A Brex, uma das fintechs que consideram a possibilidade de realizar uma oferta pública inicial, quer ter certeza de que está pronta para apresentar aos investidores um negócio previsível antes de decidir levar adiante um IPO, de acordo com o CEO, o brasileiro Pedro Franceschi.
“É fácil abrir o capital, mas é difícil ser uma empresa de capital aberto com baixa volatilidade e altíssima previsibilidade nos negócios”, disse Franceschi em entrevista à Bloomberg News. Ele acrescentou que a Brex planeja ter fluxo de caixa positivo até meados deste ano. “A previsibilidade é crucial e queremos nos tornar realmente excelentes nisso nos próximos anos.”
A Brex, fundada por Franceschi e por Henrique Dubugras, ambos com passagem pelo Y Combinator, recebeu US$ 1,5 bilhão dos investimentos de venture capital que fluíram para fintechs durante o período de baixas taxas de juros após o início da pandemia de covid-19. A empresa oferece cartões corporativos, contas bancárias empresariais e software de gerenciamento de despesas.
A Brex ganha dinheiro por meio de taxas de intercâmbio (swipe fees), juros de depósitos, conversões de câmbio e assinaturas de software. A empresa espera que sua receita líquida anual atinja US$ 500 milhões em 2025, de acordo com uma pessoa familiarizada com as operações da empresa que pediu para não ser identificada ao discutir projeções internas.
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Em seu auge do ponto de vista de captação, em janeiro de 2022, a Brex garantiu um valuation de US$ 12,3 bilhões ao traçar um caminho para conquistar a participação de mercado de empresas financeiras estabelecidas, incluindo American Express, JPMorgan Chase e Citigroup.
A Brex também concorre de perto com outras fintechs, como a Ramp e a Mercury, que têm ofertas de produtos semelhantes. A Ramp obteve valuation de US$ 7,65 bilhões em abril de 2024 e a Mercury está em negociações para garantir um novo financiamento que a avalie em mais de US$ 3 bilhões.
A empresa de pesquisa de mercado Sacra estima que a taxa de execução da receita líquida anual da Ramp atingiu US$ 648 milhões no final de 2024 e que a Mercury atingiu US$ 500 milhões em taxa de execução da receita líquida anual no mesmo ano.
Com o aumento das taxas de juros na economia americana até 2023, a Brex passou por uma fase difícil. Sua base de clientes, que inclui um grande número de startups, sofreu com a desaceleração dos financiamentos de venture capital e o aumento da pressão para atingir a lucratividade.
À medida que seus clientes reduziram seus gastos, a receita de taxas de intercâmbio da Brex sofreu um golpe, enquanto ainda precisava sustentar uma equipe de aproximadamente 1.400 pessoas. No quarto trimestre de 2023, a empresa gastava uma média de US$ 17 milhões por mês, reportou o The Information.
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Atualmente, a queima de caixa da Brex caiu 82% em relação ao ano anterior, disse Franceschi. Isso ocorre depois que a empresa reduziu significativamente o número de funcionários. A Brex tem atualmente cerca de 1.100 funcionários, uma redução de 21% em relação ao final de 2023.
“A realidade é que a empresa fica maior e, com todas essas camadas de gerenciamento, todos esses processos, todas essas métricas, e é fácil esquecer o que realmente cria valor para o cliente”, disse Franceschi.
"Basicamente, o que fizemos foi nos livrar completamente de duas camadas de gerenciamento e trouxemos os líderes para mais perto do modelo, mais perto do cliente, e reduzimos nosso escopo para fazer menos coisas."
Além de cortar gastos, a startup aumentou seu foco na conquista de clientes, que incluiu a startup de Inteligência Artificial (IA) Anthropic, o aplicativo de investimentos Robinhood e a empresa de tecnologia de áudio Sonos. Seu segmento de negócios empresariais teve um aumento de 80% na receita líquida em 2024, de acordo com a startup.
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