Brex, fintech de brasileiros nos EUA avaliada em US$ 12,3 bi, demite 20% da equipe

Fintech fundada por Henrique Dubugras e Pedro Franceschi no Vale do Silício cortou 282 funcionários e alterou cargos de COO e CTO em medida para reduzir a queima de caixa

Fundadores da Brex.
23 de Janeiro, 2024 | 04:45 PM

Bloomberg Línea — A Brex, fintech avaliada em US$ 12,3 bilhões fundada pelos brasileiros Henrique Dubugras e Pedro Franceschi no Vale do Silício, vai cortar 20% de sua equipe (282 funcionários). A empresa também vai alterar posições de executivos em mudanças para reduzir a queima de caixa.

Nesta terça-feira (23), o cofundador e co-CEO da Brex Pedro Franceschi enviou em mensagem aos funcionários dizendo que a startup passa por uma reestruturação para se tornar “uma empresa de alta velocidade”.

Camilla Morais substituirá Michael Tannenbaum como COO, que deixará a posição para ser membro do conselho da Brex. Morais se reportará diretamente a Franceschi, junto do CFO Ben Gammell.

O CTO Cosmin Nicolaescu deixará o cargo executivo para ser conselheiro, e James Reggio será promovido a vice-presidente de Engenharia e se reportará diretamente a Franceschi, juntamente de Matt Bango, VP de Design.

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“Embora nossa estratégia e missão permaneçam as mesmas, estamos fazendo algumas mudanças importantes hoje que aumentarão a intensidade e a qualidade de nossa execução. Infelizmente, como parte dessas mudanças, 282 pessoas (aproximadamente 20% da empresa) estarão deixando a Brex hoje”, disse Franceschi.

“Henrique e eu somos responsáveis pelas decisões que nos trouxeram até aqui, e ver tantas pessoas talentosas passarem por essa experiência nunca é o que se espera como fundador. É incrivelmente difícil dizer adeus, e somos muito gratos por suas contribuições para construir a Brex no que ela é hoje.”

A empresa ofereceu aos demitidos pagamento equivalente a oito semanas de indenização e duas semanas adicionais de salário para cada ano de serviço, isenção da carência de um ano de participação acionária para aqueles que ainda não atingiram essa exigência e suporte para recolocação profissional.

As pessoas impactadas poderão manter seus laptops para auxiliar na transição. A fintech também manterá a cobertura de saúde subsidiada por seis meses, incluindo suporte à saúde mental.

“Ao olhar internamente, percebi que crescemos nossa organização muito rapidamente, tornando mais difícil mover-se na velocidade [com] que costumávamos. Neste ano, decidimos dar uma boa olhada em nossa estrutura atual e reduzir o número de camadas entre os líderes e o trabalho real que afeta os clientes. Isso resultou na difícil decisão de hoje”, disse.

A fintech reduziu a estrutura organizacional e as camadas de gerenciamento. Segundo Franceschi, o objetivo é que os líderes operem mais próximos da operação.

A empresa disse que enfatiza o pensamento de longo prazo e a propriedade sobre ganhos de curto prazo na estrutura de compensação.

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De acordo com Franceschi, a empresa cresceu o lucro bruto em mais de 75% em 2023, mas “ainda tem um longo caminho a percorrer para garantir crescimento e lucratividade de alta velocidade nos próximos anos”. Ele disse ainda que essas mudanças ajudam a Brex a alcançar o objetivo de ter fluxo de caixa positivo.

O fundador afirmou que, embora a empresa tenha crescido para centenas de milhões de dólares em receita em pouco tempo, a startup ainda atende menos de 1% do mercado dos EUA.

“Temos uma oportunidade única nos próximos 5-10 anos, e essas mudanças aumentarão a intensidade e a qualidade de nossa execução, nos conectando mais profundamente às necessidades dos clientes e nos colocando em um caminho claro rumo à lucratividade e independência. Tenho tanta confiança na capacidade dessa equipe de enfrentar os desafios e continuar construindo uma empresa geracional”, disse.

Em entrevista exclusiva à Bloomberg Línea em outubro de 2023, Franceschi disse que a empresa estava contratando latino-americanos. Michael Tannenbaum destacou, à época, que o foco era realmente no mercado de talentos, principalmente em engenharia, que existe no México. “Naturalmente, temos muitas pessoas da América Latina que se juntaram à empresa”, afirmou.

A Brex foi avaliada em US$ 12,3 bilhões depois de uma rodada de financiamento em janeiro de 2022 liderada pelo TCV e pelo Grenoaks Capital.

Em outubro, Franceschi disse que “a rentabilidade estava mais perto a cada trimestre que passa”, mas não quis divulgar números do tamanho do prejuízo e de receitas.

Em 2023, a Brex suspendeu seu pedido para uma licença bancária nos Estados Unidos diante das dificuldades regulatórias para aprovação. Em vez disso, a empresa optou por seguir operando com parceiros bancários, como Barclays, Credit Suisse e JPMorgan.

A Brex tem hoje uma licença equivalente à de uma corretora para o produto de banking e outra para pagamentos nos Estados Unidos.

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups