Braskem anuncia fim da Oxygea, fundo de CVC para investir em startups

Decisão que foi antecipada pela Bloomberg Línea na segunda-feira (27) com base em fontes ocorre em momento de reavaliação de ativos pela companhia; fundo aportou US$ 10 milhões em nove startups

O veículo de investimento foi criado pela companhia petroquímica com planos de US$ 150 milhões para investimento em startups
Por Marcos Bonfim
31 de Janeiro, 2025 | 07:38 AM

Bloomberg Línea — A Braskem anunciou na noite de quinta-feira (30) o fim da Oxygea, fundo de Corporate Venture Capital (CVC) criado em 2022 para investir em startup. A noticia havia sido antecipada pela Bloomberg Línea no início da semana com base em fontes com acesso aos planos.

O veículo de investimento foi criado pela companhia petroquímica com um cheque de US$ 150 milhões para investir em startups com produtos e soluções relacionados a temas como neutralidade de carbono, economia circular, energia renovável, novos materiais e smart factory.

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Até aqui, o fundo tinha desembolsado US$ 10 milhões em aportes em nove startups tanto no Brasil quanto no exterior.

Em comunicado ao mercado, a petroquímica informou que a decisão está “alinhada ao direcionamento estratégico da companhia de reavaliação e priorização dos seus ativos e investimentos, tanto operacionais quanto estratégicos, na busca de otimização de alocação de capital e na sua geração caixa”.

A empresa não informou como ficará a relação com as startups investidas.

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Por que a Braskem fechou o CVC?

O fim do CVC ocorre em concomitância com a nova fase da petroquímica, que tem o grupo Novonor (ex-Odebrecht) como principal acionista, junto com a Petrobras como acionista relevante.

A companhia enfrenta desafios que vão de um mercado com elevada competição internacional às incertezas dos passivos da crise provocada pelo afundamento de bairros em Maceió, capital de Alagoas.

No processo de reestruturação, a Braskem anunciou a chegada de Roberto Prisco Paraíso Ramos como CEO no fim de 2024. O executivo deve focar os investimentos no core business da companhia, principalmente no aumento da capacidade produtiva, segundo analistas e fontes do mercado.

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A mudança de comando foi recebida no mercado como uma estratégia para acelerar a venda da própria companhia, processo que se arrasta ao longo dos últimos anos.

No grupo Novonor, Ramos já presidiu a Ocyan (ex-Odebrecht Óleo & Gás), adquirida por investidores americanos em 2023, além da própria Braskem (BRKM5).

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Anunciado em novembro, o novo CEO assumiu em 1º de dezembro e logo nos primeiros dias comunicou a demissão de oito diretores da companhia. Os cortes vieram acompanhados de novos agrupamentos de áreas, em decisão que diminuiu o quadro executivo e, portanto, representa redução de gastos.

Como nasceu a Oxygea

Criada como um Corporate Venture Capital e um Corporate Venture Building (CVB), a Oxygea investiu cerca de US$ 10 milhões dos US$ 150 milhões anunciados inicialmente. Do total, US$ 100 milhões seriam destinados a negócios em estágio mais avançado, no CVC, e US$ 50 milhões ao CVB, para lançar novas startups.

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No Corporate Venture in Brasil Awards, premiação organizada pela Apex, o fundo foi reconhecido como a maior captação de um CVC em 2023, ano em que operação começou de fato.

Os maiores investimentos foram em duas startups americanas, a Circular.co, negócio de reciclagem de plásticos que funciona como um marketplace para conectar fornecedores a grandes fabricantes e varejistas, e a AssetWatch, que usa Inteligência Artificial para oferecer serviços de manutenção preditiva.

Os investimentos em startups brasileiras foram feitos a partir de programas internos. O Oxygea Labs, de aceleração e investimentos, aportou na LogShare (logística), na Growpack (biomateriais para plásticos) e na Embeddo (controle de processos) em sua primeira edição em 2023.

Na última edição, finalizada em dezembro passado, as startups ainda estão à espera de uma posição do fundo.

As outras três investidas saíram do CVB, com a criação da Zaya.eco, greentech focada em calcular impactos ambientais para empresas, Pacey, de negociação inteligente de fretes, e a BALQ, plataforma SaaS que tem o apelo de gerar ganhos de produtividade de até 40% para a indústria.

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Marcos Bonfim

Marcos Bonfim

Jornalista brasileiro especializado na cobertura de startups, inovação e tecnologia. Formado em jornalismo pela PUC-SP e com pós em Política e Relações Internacionais pela FESPSP, acumula passagens por veículos como Exame, UOL, Meio & Mensagem e Propmark