A startup chinesa de IA que atraiu do Alibaba à Tencent e vale US$ 2,8 bilhões

Investimento na Baichuan, que já lançou 12 grandes modelos de linguagem em IA, simboliza novas estratégias da gigante tech fundada por Jack Ma para recuperar o seu brilho

O Alibaba Group, fundado por Jack Ma - não mais envolvido nas operações -, acelera investimentos na área de IA
Por Bloomberg News
27 de Julho, 2024 | 09:58 AM

Bloomberg — O Alibaba Group (BABA) participou de um novo financiamento de 5 bilhões de yuans (cerca de US$ 690 milhões) para a startup chinesa Baichuan, em seu terceiro grande acordo de IA neste ano, à medida que a gigante de comércio eletrônico busca crescimento além de seu negócio principal.

A Baichuan está agora avaliada em 20 bilhões de yuans (US$ 2,76 bilhões) depois de garantir financiamento recentemente dos governos de Pequim, Xangai e Shenzhen, disse a startup em um comunicado na quinta-feira (25). A eles se juntaram os investidores já no cap table, incluindo a Tencent Holdings e a Xiaomi.

Fundada em abril de 2023, a Baichuan é líder no segmento de IA generativa na China e foi uma das primeiras startups a obter a aprovação de Pequim para um lançamento público.

A empresa com sede em Pequim lançou 12 grandes modelos de linguagem (LLM, na sigla em inglês) até o momento e estreou um assistente de IA em maio, de acordo com o comunicado.

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O fundador Wang Xiaochuan, que batizou sua startup com o nome da frase chinesa para “cem rios”, disse à Bloomberg News no ano passado que a China pode precisar de anos para alcançar os EUA.

Os pares chineses da Baichuan, a MiniMax e a Moonshot AI, também viram suas avaliações ultrapassarem a marca de US$ 2 bilhões no início deste ano, depois de receberem apoio do Alibaba.

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A gigante de comércio fundada por Jack Ma eletrônico se junta a alguns de seus pares do Vale do Silício, como a Microsoft (MSFT), para fazer grandes apostas em IA generativa, a tecnologia que impulsiona o ChatGPT.

O acordo com a Baichuan sinalizou que o Alibaba tem acelerado seu ritmo de investimentos, que, nos últimos anos, consolidaram sua liderança tecnológica e comercial e ajudaram a impulsionar a ascensão de nomes como a DiDi Global, a empresa de tecnologia dona da 99 no Brasil.

Os novos presidente do conselho e presidente executivo (CEO) do Alibaba, Joseph Tsai e Eddie Wu, respectivamente, dois ex-fabricantes de negócios que assumiram o comando das mãos de Daniel Zhang (ex-CEO) em 2023, têm explorado opções para dar a volta por cima de uma empresa em declínio, prejudicada por dois anos de escrutínio regulatório mais rigoroso da parte de Pequim.

Além de investir em IA, a empresa sediada em Hangzhou também orquestra uma divisão multidirecional destinada a estimular linhas de negócios independentes, da nuvem à logística.

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A empresa tenta reviver o negócio de nuvem e integrar a IA e seu modelo interno - Tongyi Qianwen - em um negócio em expansão que também abrange o entretenimento.

Tsai disse que a unidade de nuvem já abriga metade das empresas de IA generativa da China e atende a cerca de 80% das empresas de tecnologia do país.

As apostas crescentes do Alibaba em IA também se alinham com a promessa repetida do presidente chinês Xi Jinping de mobilizar uma nação inteira para reduzir sua dependência da tecnologia ocidental.

A IA, que tem aplicações militares e comerciais, é de especial interesse tanto para Pequim quanto para Washington devido à sua natureza potencialmente transformadora.

- Com a colaboração de Vlad Savov.

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