A investidora Serena Williams: do aporte perdido na Uber ao valor da diversidade

Uma das maiores atletas da história contou as teses que orientam as decisões de investimento de seu fundo de VC, o Serena Ventures, em evento em São Paulo organizado pelo iFood

Serena Williams em evento em São Paulo nesta quinta (26): 'Eu amo tecnologia e amo ver como a tecnologia muda a forma como vivemos'
Por Marcos Bonfim
27 de Setembro, 2024 | 05:29 AM

Bloomberg Línea — A americana Serena Williams dominou as quadras de tênis por mais de duas décadas e é considerada uma das maiores atletas de todos os tempos, com 23 conquistas de Grand Slam, uma medalha de ouro olímpica - isso individualmente - e inspiração para milhões de pessoas dentro e fora das quadras.

A paixão e as conquistas no esporte foram acompanhadas por um lado menos conhecido, o investimento em startups. Desde 2014, Williams lidera o Serena Ventures, um fundo de venture capital que anunciou em 2022 a captação de US$ 111 milhões para aportes em novas empresas de tecnologia.

Desde o lançamento, o SV, como é conhecido, investiu em mais de 60 startups, dos quais se tornaram 13 unicórnios. Houve seis saídas bem-sucedidas com a venda de negócios em que aportou.

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Na lista estão nomes como a edtech Masterclass, avaliada em mais de US$ 2 bilhões, a Daily Harvest, unicórnio de refeições plant based, e as fintechs Propel e Cointracker.

A gestora investe em startups em fases mais iniciais - early stage -, de rodadas sementes a Série A.

“Eu amo tecnologia e amo ver como a tecnologia muda as nossas vidas. Nós não vivemos hoje da mesma forma como vivíamos dez anos atrás. E quero ser parte deste movimento de mudança tecnológica”, afirmou Williams, 43 anos, durante apresentação no evento iFood Move nesta quinta-feira (26).

Atração de encerramento do evento organizado pela empresa em São Paulo, a ex-tenista recebeu R$ 1 milhão para vir ao país, segundo fontes disseram à Bloomberg Línea. O iFood não quis comentar.

“Eu comecei a investir naturalmente, sem saber que eu iria fazer isso. Alguma coisa foi me levando”, disse Williams sobre os aportes, que começaram antes mesmo da criação da gestora de investimentos. Foi nessa época que a ex-tenista deixou passar uma das maiores oportunidades de investimento que já teve: o aplicativo de mobilidade Uber, criado em 2009.

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“Na época em que estavam captando, eles me apresentaram a oferta. Eu tinha certeza que iria dar certo e queria participar, mas eu estava tão focada em uma competição na França que acabei deixando passar. Eu fiquei desolada”, afirmou. A Uber é avaliada atualmente em US$ 161 bilhões na Bolsa de Nova York.

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“Naquele período, eu não tinha equipe. Daí a importância de ter um time. Foi quando eu comecei a pensar na montagem do meu”. Hoje, o time da Serena Ventures reúne cerca de 15 profissionais.

Entre os pilares do fundo está a busca por empreendedores de origens diversas, como mulheres, negros e hispânicos. De acordo com números da gestora, 76% dos fundadores das startups investidas têm origem em grupos minorizados.

“O fator principal para a escolha de uma startup é a chance de sucesso do negócio e o quão grande ele pode ser. Analisado isso, nós pensamos na autenticidade, se é algo que eu gostaria que as minhas filhas fizessem, se é ambientalmente sustentável. Depois, qual é o perfil do empreendedor e a motivação para criar aquele negócio”, contou.

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