Bloomberg Línea — A Sami deve terminar 2024 com um crescimento perto de 50%, em ritmo menos acelerado do que os 80% alcançados um ano antes. A healthtech fundada por Vitor Asseituno e Guilherme Berardo dedicou boa parte do ano para rever os processos e “arrumar a casa”. O plano agora, já em execução, é acelerar o crescimento, com suporte de uma nova captação de R$ 60 milhões.
O novo cheque, extensão de uma rodada Série B de R$ 90 milhões captada em 2023, chega para “impulsionar a Sami 2.0″, como os fundadores definem a nova fase.
Os recursos adicionais combinam captação via equity e via dívida em aporte liderado pelo Mundi Ventures - fundo que comandou a Série B - e pelo banco americano StoneX.
O aporte foi acompanhado pelos principais investidores da startup, incluindo a Monashees, o Valor Capital e a Redpoint eventures, além do fundo inglês DN Capital. Participaram ainda Paulo Veras (cofundador da 99), Ricardo Villela Marino (vice-presidente do conselho de administração do Itaú), Kevin Efrusy (sócio emérito da Accel) e Nemer Rahal (managing partner da Mindset Ventures).
“Do segundo trimestre deste ano para cá, o que nós fizemos foi um reajuste geral de todas as redes e trabalhamos na construção de novos produtos”, afirmou Berardo, CEO da startup, que atua estruturada em um modelo de saúde preventiva.
“Estivemos menos preocupados em termos de crescimento de volume, e mais preocupados na construção de uma base sustentável”, disse em entrevista à Bloomberg Línea.
“Feitos os ajustes, o momento é de ‘pisar no acelerador’ com muito mais velocidade. Começamos a fazer isso já no fim de novembro e estamos prontos para avançar em 2025, com os produtos certos e os canais pelos quais iremos distribuir os nossos produtos organizados”, afirmou Berardo.
“Eu estou muito otimista, mas não queremos sair apresentando números malucos. Mas, certamente, nós iremos crescer mais de 50% no ano que vem [em 2025]”.
Nste ano, a Sami deve fechar com faturamento aproximado de R$110 milhões. Se bem-sucedido, o plano contribuirá para o equilíbrio das contas da startup. “O breakeven está bem perto.”
As mudanças realizadas abrangeram inclusão e retirada de hospitais da rede credenciada, lançamento de planos de saúde regionalizados, com foco na zona leste de São Paulo, e expansão do modelo de coparticipação, anunciado em maio passado e que responde por 90% dos novos clientes.
“A frequência de utilização de um membro com coparticipação é por volta de 20% menor. A pessoa se torna consciente no uso porque ela sabe que aquilo pesa no bolso e, mais importante ainda, pesará lá na frente, em forma de reajuste. É uma ferramenta construtiva”, disse o CEO.
Com a mudança, o valor dos planos foi reduzido em 21%: o tíquete médio passou a R$ 400.
Em operação desde 2020, a Sami foi fundada com o objetivo de atender um perfil de usuários que está fora dos grandes planos de saúde: pequenas empresas e microempreendedores, entre os quais MEIs.
Cerca de 65% dos membros da operadora, como são chamados internamente, são de empresas com um ou dois beneficiários. No total, a Sami faz a gestão de 21.000 vidas de profissionais de mais de 10.000 empresas.
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A operadora digital está presente na capital paulista e em outras seis cidades da região metropolitana. No modelo, os beneficiários são acompanhados por equipes com coordenador, médico e profissional de enfermagem e têm acesso ao app de atividades físicas e bem-estar Wellhub (ex-Gympass).
Pé no acelerador
Os atendimentos digitais, com serviços como telemedicina, triagens, encaminhamentos e outras práticas, predominam na operação, com 95% de participação.
Para as consultas presenciais e exames, a startup conta com uma rede credenciada com 250 parceiros entre clínicas, laboratórios e hospitais, como o Nove de julho, o São Camilo, o HCor, a Dasa e a Fleury.
O montante captado por meio de equity será usado para investimento em infraestrutura e reforço tecnológico da operação. A parte em dívida tem destinação exclusiva para potencializar o crescimento do negócio e é um crédito ativo, retroalimentado a partir de uma relação entre a emissão de novos prêmios e o custo de aquisição dos clientes (CAC).
“Eu financio o crescimento com a emissão do próprio prêmio do meu cliente”, explicou Berardo. “É uma estrutura que não pesa na companhia. Se a empresa, por exemplo, entrar no segundo semestre do ano que vem com crescimento de 5.000 vidas no mês, teremos acesso a capital para suportar esse ritmo e não precisaremos chamar equity, o que acabaria diluindo os investidores atuais.”
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De acordo com o CEO, a healthtech, com base nos números atuais, poderia ter acessado em torno de R$ 100 milhões. “Eu falei ‘não, pelo amor de Deus, não precisamos disso agora”, contou.
Nos próximos meses, a startup deve colocar de pé novos planos regionalizados, voltados para o centro, a zona sul e a zona norte de São Paulo, reforçando um conceito de proximidade com os beneficiários.
O objetivo, neste momento, é ampliar a densidade - e também melhorar a relação com os parceiros das áreas de saúde. A estratégia vem associada ao acordo com um novo grupo de corretores para melhorar a distribuição dos produtos.
Além disso, a startup começa a oferecer a venda de planos por adesão, que são aqueles vinculados a associações ou sindicatos. O lançamento é resultado de uma parceria com a Qualicorp. Todas as versões atuais dos planos poderão ser contratados nessa modalidade.
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