Zara investe em lojas e logística, descola de rivais e tem salto nas vendas

A Inditex, grupo espanhol dono da marca de fast fashion, teve valorização de mais de 100% nas ações desde 2022 e tem demanda aquecida neste início de segundo trimestre

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Bloomberg — Depois de um recorde em março, as ações da Inditex, dona da Zara, estão novamente em alta diante do aumento da demanda por suas roupas de verão no hemisfério norte, apesar do mau tempo que prejudicou concorrentes.

As ações da holding espanhola que tem a Zara como principal marca subiram até 5,5% nesta quarta-feira (5), o maior ganho desde março, depois que divulgou um início otimista para o segundo trimestre e vendas e lucros do primeiro trimestre que atenderam às expectativas de analistas.

A Inditex continua a investir em suas lojas e na cadeia de suprimentos - o grupo traçou planos para gastar 2,7 bilhões de euros neste ano para melhorar as lojas e a tecnologia e aumentar sua capacidade logística. Até o segundo semestre de 2025, a varejista espera ter mais 670 mil metros quadrados de espaço de distribuição, incluindo mais capacidade para a Zara, a Bershka e os calçados do grupo.

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As ações da Inditex subiram mais de 16% até o momento neste ano e atingiram um recorde histórico em março. O preço das ações mais do que dobrou desde 2022.

As vendas aumentaram 12% a taxas de câmbio constantes de 1º de maio a 3 de junho, em um sinal de que o segundo trimestre pode estar no caminho para registrar um crescimento de dois dígitos.

A empresa com sede em Arteixo, na Espanha, registrou lucro operacional de 1,6 bilhão de euros (US$ 1,74 bilhão) nos três meses até 30 de abril, atingindo a estimativa média dos analistas.

Há muito tempo a Inditex tem se destacado no setor de moda, com sua variedade de moda e prazos de entrega rápidos que a ajudam a registrar aumentos de dois dígitos nas vendas e margens de lucro saudáveis.

Sua atualização comercial para as primeiras cinco semanas do segundo trimestre ofereceu uma surpresa positiva, desafiando as condições de desaceleração dos últimos trimestres.

A atualização marca “um início impressionante” para o segundo trimestre, disse James Grzinic, analista da Jefferies, observando que ele esperava “atualizações modestas para o consenso” como resultado.

O crescimento de 12% nas vendas no início do segundo trimestre sugere alguma “demanda reprimida após um início de primavera frio e chuvoso no sul da Europa”, disseram dois analistas da RBC Capital Markets, Richard Chamberlain e Manjari Dhar.

As condições da cadeia de suprimentos também se normalizaram desde os ataques a navios que transportavam cargas no Mar Vermelho, o que ajudou o desempenho da empresa, disse a Inditex em uma teleconferência com analistas nesta quarta-feira.

A interrupção forçou muitas empresas de transporte marítimo a navegarem para o sul da África, o que acrescentou semanas aos prazos de entrega da carga.

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O CEO do grupo, Oscar Garcia Maceiras Gonzalez, disse que “a execução da Inditex foi muito, muito forte” e que a empresa está conseguindo manter as vendas em crescimento, ao mesmo tempo em que mantém seus estoques sob controle.

A arquirrival H&M (Hennes & Mauritz), por outro lado, há muito tempo tem enfrentado um quadro de acúmulo de estoque, que, para ser liquidado, precisa ser negociado com desconto nas lojas.

- Com a colaboração de Macarena Muñoz.

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