WeWork tem plano de recuperação aprovado pela Justiça nos Estados Unidos

Tribunal de falências do país aprovou o plano da empresa para se desfazer de aluguéis de imóveis de escritórios não lucrativos e reduzir metade dos compromissos de US$ 12 bilhões

Fundador Adam Neumann fez uma oferta de última hora para reestruturar a empresa sob um plano alternativo, que foi rejeitado pelos atuais gestores e credores da empresa
Por Steven Church - Natalie Wong - Jonathan Randles
30 de Maio, 2024 | 04:50 PM

Bloomberg — A WeWork obteve a aprovação de um tribunal especializado para se desfazer de bilhões de dólares em dívidas, abandonar os aluguéis não lucrativos de seu portfólio de espaços de trabalho para escritórios e deixar para trás o legado do cofundador Adam Neumann.

O juiz de falências dos EUA, John K. Sherwood, disse nesta quinta-feira (30) que aprovaria o plano de reestruturação da empresa de coworking, abrindo caminho para o WeWork sair da recuperação judicial sob a propriedade de seus credores sêniores.

“Foram pouco mais de seis meses, mas pareceu uma vida inteira”, disse o advogado da empresa, Steven Serajeddini, referindo-se às difíceis negociações e às várias disputas pelas quais a WeWork passou desde que entrou com o pedido no processo conhecido como Chapter 11 nos Estados Unidos no ano passado, equivalente à recuperação judicial.

Nos próximos dias, a empresa planeja executar todos os contratos financeiros necessários para financiar a reorganização, disse a advogada Ciara Foster ao juiz.

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A medida marca o rompimento final da WeWork com a era de Adam Neumann, que, sem sucesso, fez uma oferta de última hora para reestruturar a empresa sob um plano alternativo que foi rejeitado pelos atuais gestores e credores da empresa.

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Queda épica

A empresa teve dificuldades para se recuperar de sua queda épica há quase cinco anos, após uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) fracassada.

Sob o comando de Neumann, a WeWork era a empresa de coworking de crescimento mais rápido do mundo. O ex-CEO conduziu a empresa em uma trajetória de crescimento agressiva, assumindo dezenas de contratos de aluguel de longo prazo com proprietários, reformando espaços de escritórios e, em seguida, alugando-os para trabalhadores ou empresas por períodos mais curtos.

Em 2019, a WeWork era o maior locatário do setor privado em Londres e Nova York, entre dois dos maiores mercados de escritórios do mundo. A empresa também se preparava para realizar um dos IPOs mais esperados da década. No entanto, a companhia estava gastando muito dinheiro, com um caminho pouco claro para a lucratividade.

A aposta de Neumann acabou sendo desastrosa para a WeWork, pois os investidores e os membros do conselho de administração ficaram preocupados com a governança corporativa e as estratégias agressivas de crescimento. Pouco tempo depois, a empresa disse que adiaria seu IPO e Neumann deixou a companhia.

Novo valuation

A WeWork disse que a reestruturação reduziu pela metade suas obrigações futuras de aluguel, ou cerca de US$ 12 bilhões no total.

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A empresa reestruturada valerá entre US$ 665 milhões e US$ 865 milhões quando sair do Capítulo 11, disse a empresa em documentos judiciais. Isso é uma fração do valuation máximo da empresa, de US$ 47 bilhões.

Os credores da WeWork vão sofrer cortes substanciais dos empréstimos a receber na reestruturação e espera-se que recebam entre 3 e 5 centavos para cada dólar a receber, dependendo da dívida que possuem, de acordo com um processo judicial.

Os detentores de títulos de menor valor deverão receber 4 centavos a cada dólar com a reestruturação, disse o advogado dos credores, Kris Hansen, no tribunal. Espera-se que outros credores sem garantia recebam apenas 1 centavo por dólar da sua dívida. Apesar do valor baixo, eles não teriam nada a receber em caso de falência da empresa, disse ele.

A WeWork disse na quinta-feira que a reestruturação marca o fim das "perdas operacionais substanciais que caracterizaram os anos de hipercrescimento e subsequente contração da empresa".

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