Bloomberg — Após uma recente onda de compras que levou o grupo Votorantim a investir em concessões rodoviárias, saúde e energia renovável, a infraestrutura e o saneamento são áreas que a holding segue observando para possíveis negócios, de acordo com seu presidente.
As recentes aquisições do grupo se concentraram no equilíbrio de seu portfólio para reduzir os riscos cíclicos e diversificar para novos setores e regiões geográficas. Muitos dos ativos pré-existentes estavam intimamente ligados aos preços das commodities.
“A Votorantim é uma empresa de investimentos e continuará buscando oportunidades”, disse o CEO João Schmidt, em entrevista à Bloomberg News. “A infraestrutura ainda é muito interessante. E o saneamento é uma oportunidade secular.”
Ainda assim, a maior parte do capital será investida em empresas do portfólio para impulsionar o crescimento, disse ele.
A holding, que pertence à família do falecido bilionário Antônio Ermírio de Moraes, registrou R$ 48,5 bilhões em receita líquida no ano passado, com um lucro de R$ 1,8 bilhão.
Embora o lucro anual tenha caído de R$ 5,5 bilhões no ano anterior, a estratégia de diversificação ajudou a suavizar o impacto das pressões de custo e preço das unidades de zinco e alumínio do grupo, disse o diretor financeiro Sergio Malacrida na entrevista.
Desde 2021, a holding com sede em São Paulo, conhecida por investimentos em cimento, mineração e suco de laranja, comprou participações em empresas como a empresa de produtos farmacêuticos Hypera (HYPE3), a de infraestrutura CCR (CCRO3) e criou a produtora de energia renovável Auren Energia (AURE3) ao integrar ativos com a CPP Investments.
O grupo também investiu em empresas de educação e crédito por meio da 23S, uma joint venture com a Temasek, um dos fundos soberanos de Singapura.
O setor de saneamento no Brasil passa por uma transformação, à medida que estados e municípios privatizam grande parte de suas operações. A maior delas deverá ocorrer em breve, quando São Paulo vender a sua participação majoritária na Sabesp (SBSP3).
Schmidt não quis comentar se a Votorantim participará do processo de privatização.
Fora do Brasil, a unidade de cimento da Votorantim adquiriu ativos na Espanha e na América do Norte nos últimos anos. O grupo também abriu um escritório em Nova York e, depois de fazer um primeiro investimento em imóveis residenciais em Chicago, continua em busca de oportunidades em empreendimentos “multifamily” - prédios de apartamentos destinados a aluguel de um único proprietário - e propriedades industriais nos EUA.
A holding, que não tem ações em bolsa, tem uma classificação de grau de investimento das três maiores agências de classificação de risco. Seu nível de endividamento é de 1,8x o Ebitda e possui R$ 5,5 bilhões em caixa, disse Malacrida.
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