Bloomberg — A Qantas Airways e a Air New Zealand juntaram-se à crescente lista de companhias aéreas afetadas por atrasos na entrega de aeronaves, enquanto os dramas na cadeia de suprimentos continuam a tumultuar o setor.
A Qantas anunciou nesta quinta-feira (22) que seu primeiro Airbus SE A350 de ultralongo alcance chegará em meados de 2026, seis meses após o planejado. Isso postergará o início dos serviços sem escalas que ligam Sydney a Nova York e Londres, previstos para serem os voos comerciais diretos mais longos do mundo.
O atraso decorre de um redesenho do tanque de combustível adicional necessário para a “maratona” de viagem, disse Christian Scherer, chefe de aeronaves comerciais da Airbus, em uma entrevista no Singapore Airshow, nesta quinta-feira (22).
Enquanto isso, a Air New Zealand disse que seus novos Boeing 787 Dreamliners dificilmente chegarão até pelo menos meados de 2025, o que deve atrasar o lançamento de beliches na classe econômica, que deveriam estar disponíveis em setembro nos voos para Nova York e Chicago.
A Boeing e a Airbus “lutam” para aumentar a produção rapidamente o suficiente para atender à demanda pós-pandemia por novas aeronaves. A cadeia de suprimentos sofre com gargalos por várias razões: falta de componentes, atrasos na certificação e escrutínio regulatório sobre a Boeing.
Mas as consequências são claras: as companhias aéreas não conseguem atender ao apetite por viagens aéreas, restringindo o crescimento do mercado e aumentando as tarifas.
“O ecossistema global da aviação permanece sob pressão imensa”, disse o CEO da Air New Zealand, Greg Foran. A capacidade adicional de produção para a popular família de aeronaves Airbus A320neo, por exemplo, está esgotada até o final da década, apesar do interesse de companhias aéreas com capital para expandir.
“Até mesmo se você tiver dinheiro, é difícil conseguir um avião”, disse Chang Kuo-wei, presidente da Starlux Airlines, na quarta, em Singapura. A companhia aérea com sede em Taipei encomendou vários aviões de passageiros e cargueiros de fuselagem larga - widebody - da Airbus, mas continua a buscar um acordo sobre os jatos de corredor estreito - narrowbody - populares.
Mais cedo no evento, a fabricante de motores CFM International disse que os gargalos na cadeia de suprimentos vão atrapalhar a aviação pelo menos durante o restante deste ano. O diretor-geral da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), Willie Walsh, prevê que os problemas persistirão por mais tempo e disse que um número significativo de aeronaves ficará parado até 2024 e 2025.
A Ryanair Holdings disse no final do ano passado que os atrasos na entrega dos aviões Boeing 737 Max haviam piorado e, em janeiro, alertou que poderiam faltar sete entregas contratadas até o verão.
Os problemas mais recentes com o 737 Max aumentaram o impasse. A Administração Federal de Aviação (FAA) dos EUA limitou a produção do avião enquanto avalia os processos de fabricação da Boeing após uma explosão em um painel da fuselagem em um voo da Alaska Airlines em janeiro.
Além do atraso no Boeing 787, a Air New Zealand disse que a manutenção extra nos motores Pratt & Whitney em aeronaves A321neo manterá cinco das aeronaves paradas de cada vez por pelo menos os próximos 18 meses.
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