Bloomberg — A Volkswagen reduziu seu guidance (projeção) pela segunda vez este ano, alertando que a queda na demanda prejudicará a lucratividade da montadora alemã, enquanto enfrenta sindicatos sobre possíveis cortes de empregos e o fechamento inédito de fábricas.
A fabricante disse na sexta-feira (28) que agora prevê uma margem operacional de 5,6%. Isso representa uma queda em relação à previsão de até 7% em julho, quando a Volkswagen já havia reduzido suas expectativas, em parte devido aos custos esperados com o fechamento de uma fábrica da Audi na Bélgica.
O fluxo de caixa líquido na divisão automotiva agora deverá ser menos da metade do nível previsto anteriormente pela empresa.
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As três principais montadoras alemãs — Volkswagen, Mercedes-Benz e BMW — já alertaram sobre seus lucros neste mês.
Todas enfrentam dificuldades com a queda nas vendas na China, onde os consumidores têm evitado gastar devido a uma crise imobiliária cada vez mais profunda.
A concorrência crescente no setor de veículos elétricos também impulsiona grandes descontos e reduz as margens, enquanto a confiança do consumidor em declínio reduz a demanda por carros a combustão.
O corte na previsão da Volkswagen agrava os desafios para o CEO Oliver Blume, que alertou que os custos na Alemanha são altos demais, à medida que o crescimento dos veículos elétricos desacelera e os fabricantes chineses, liderados pela BYD, avançam na Europa.
A empresa considera o fechamento de fábricas na Alemanha pela primeira vez em sua história e cancelou as garantias de segurança no emprego, que duraram décadas, enquanto tenta se tornar mais competitiva.
Executivos identificaram uma capacidade excedente equivalente a cerca de duas fábricas de automóveis, o que os coloca em rota de colisão com os poderosos grupos trabalhistas.
“As notícias ajudam a marca VW a justificar o fechamento do excesso de capacidade na Alemanha”, disse o analista da Bloomberg Intelligence, Giacomo Reghelin. “Assim como a Mercedes, esperamos novos alertas de lucro no futuro.”
A Volkswagen agora espera que o fluxo de caixa líquido da divisão automotiva chegue a cerca de €2 bilhões (US$2,2 bilhões), abaixo dos até €4,5 bilhões anteriormente previstos, em parte devido a atividades de fusões e aquisições, incluindo uma parceria com a Rivian Automotive na tecnologia de veículos elétricos.
A Volkswagen afirmou que sua marca de carros de passeio e sua unidade de veículos comerciais estão com desempenho abaixo do esperado. Ela destacou riscos adicionais para seu grupo de fabricação de veículos de alto volume, que também inclui Skoda e Seat, citando uma “deterioração no ambiente macroeconômico”.
As entregas globais da empresa cairão para cerca de 9 milhões de unidades este ano, em comparação com 9,24 milhões em 2023, disse a VW na sexta-feira. A montadora havia previsto anteriormente um aumento de 3%.
No início deste mês, a rival BMW alertou que seus lucros em 2024 seriam significativamente inferiores aos do ano anterior, após um defeito no sistema de freios da Continental, que levou ao recall e à suspensão das entregas de cerca de 1,5 milhão de veículos.
A margem operacional da montadora ficaria em torno de 6%, comparada ao mínimo anterior de 8%, segundo previsão da empresa.
A Mercedes-Benz seguiu com seu próprio alerta, à medida que a crise crescente na China afetou as vendas de seus modelos mais caros, como os sedãs S-Class e Maybach.
O retorno ajustado deste ano ficará entre 7,5% e 8,5%, em comparação com a previsão anterior de até 11%, e os lucros antes de juros e impostos serão “significativamente inferiores” ao nível do ano anterior, disse a montadora na semana passada.
-- Com a colaboração de Craig Trudell e William Wilkes.
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