Volks planeja fechar três fábricas alemãs para cortar custos, dizem trabalhadores

Medidas em estudo incluem redução de 10% nos salários, disse a chefe do conselho de trabalhadores, Daniela Cavallo; empresa não confirmou e disse que ‘precisa proteger o seu futuro’

A Volkswagen AG planeja fechar pelo menos três fábricas na Alemanha, à medida que a maior montadora da Europa tenta cortar despesas para se tornar mais competitiva, segundo a chefe do conselho dos trabalhadores
Por Monica Raymunt
28 de Outubro, 2024 | 09:23 AM

Bloomberg — A Volkswagen planeja fechar pelo menos três fábricas na Alemanha, à medida que a maior montadora da Europa tenta cortar despesas para se tornar mais competitiva. Seria uma medida inédita em sua história.

As propostas para “consertar” a marca homônima VW, que está em dificuldades financeiras, incluem um corte de 10% nos salários e a redução de todas as unidades restantes na Alemanha, disse a chefe do conselho de trabalhadores e membro do conselho supervisor Daniela Cavallo.

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Os planos ressaltam a extensão da crise na Volkswagen, que enfrenta sérios desafios na transição para veículos elétricos e perdeu relevância no mercado da China, onde sua participação de mercado está em queda em detrimento de montadoras locais.

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Com as vendas de carros na Europa ainda cerca de 20% abaixo do pico pré-pandemia, o impulso na Alemanha pode ser um sinal do que está reservado para seus pares em outras partes da Europa.

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Os planos da VW ameaçam “dezenas de milhares” de empregos na Alemanha, disse Cavallo nesta segunda em um discurso para os trabalhadores da VW em Wolfsburg. “Isso é fome, um enfraquecimento em parcelas.”

Trabalhadores da Volkswagen participam de uma manifestação na sede da empresa e no complexo da fábrica de automóveis, em Wolfsburg, na Alemanha, nesta segunda-feira (28) (Foto: Liesa Johannssen/Bloomberg)

O CEO Oliver Blume apontou para os altos custos da marca VW, que luta contra os efeitos da diminuição da demanda na Europa e a intensificação da concorrência da BYD na China.

Os sindicalistas alegam que os trabalhadores são obrigados a pagar pelos erros da direção e do conselho, que incluem uma mudança de veículo elétrico mal-executada e uma política de preços ruim.

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Os planos de corte devem intensificar um conflito com os sindicatos e causar um golpe na maior economia da Europa, que luta contra a estagnação e enfrenta desafios que vão desde a migração e os custos mais altos de energia até a austeridade orçamentária e a guerra na Ucrânia.

Essas medidas dão início a uma semana contenciosa para a Volkswagen, que deve registrar queda nas vendas e nos lucros quando divulgar os resultados do terceiro trimestre na quarta-feira (30).

Leia mais: Porsche avalia cortar custos e rever linha de modelos com queda das vendas na China

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Os cortes também incluem o congelamento de salários no próximo ano e em 2026, disse Cavallo, e a abolição de pagamentos únicos para trabalhadores que permaneceram na montadora por 25 e 35 anos.

Ela acrescentou que a Porsche - marca também liderada por Blume - encerrou sua relação de produção e planejamento de modelos futuros com a fábrica de Osnabrück.

O que disse a Volkswagen

A Volkswagen se recusou a comentar sobre a natureza exata dos cortes, dizendo apenas que a situação é "séria" e que ambos os lados têm a responsabilidade de proteger o futuro da empresa.

“Não estamos produzindo o suficiente em nossas unidades alemãs”, disse o CEO da marca VW, Thomas Schäfer, que acrescentou que os custos da fábrica estão de 25% a 50% acima dos planos da empresa.

As ações da Volkswagen caíam cerca de 2% em Frankfurt perto das 13h no horário local. E acumulam queda perto de 18% neste ano.

A montadora alemã, que emitiu seu segundo alerta sobre os resultados em três meses no final de setembro, está em um período difícil.

Leia mais: Mudanças no comando da Stellantis evidenciam o tamanho de seus desafios

Suas marcas premium, incluindo a Audi e a Porsche, que foram a maior fonte de lucro nos últimos anos, agora enfrentam dificuldades. A Porsche disse na sexta-feira (25) que avalia cortes de custos e revisa sua linha de modelos depois que uma queda na demanda na China atingiu seus lucros.

O anúncio se soma a uma série de alertas sobre mudanças nos lucros de montadoras europeias. A Mercedes-Benz também é afetada pela queda nas vendas na China, a BMW foi prejudicada por um recall caro, e a Stellantis tem sido atingida por um desempenho ruim no mercado dos EUA.

Até o momento, as negociações entre a administração da Volkswagen e os trabalhadores não produziram resultados. Um período de carência se esgotará no próximo mês, com a possibilidade de greves de advertência nas unidades da VW na Alemanha a partir de 1º de dezembro.

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