Volks planeja fechar três fábricas alemãs para cortar custos, dizem trabalhadores

Medidas em estudo incluem redução de 10% nos salários, disse a chefe do conselho de trabalhadores, Daniela Cavallo; empresa não confirmou e disse que a situação é séria e que ‘precisa proteger o seu futuro’

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Bloomberg — A Volkswagen planeja fechar pelo menos três fábricas na Alemanha, à medida que a maior montadora da Europa tenta cortar despesas para se tornar mais competitiva. Seria uma medida inédita em sua história.

As propostas para “consertar” a marca homônima VW, que está em dificuldades financeiras, incluem um corte de 10% nos salários e a redução de todas as unidades restantes na Alemanha, disse a chefe do conselho de trabalhadores e membro do conselho supervisor Daniela Cavallo.

Os planos ressaltam a extensão da crise na Volkswagen, que enfrenta sérios desafios na transição para veículos elétricos e perdeu relevância no mercado da China, onde sua participação de mercado está em queda em detrimento de montadoras locais.

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Com as vendas de carros na Europa ainda cerca de 20% abaixo do pico pré-pandemia, o impulso na Alemanha pode ser um sinal do que está reservado para seus pares em outras partes da Europa.

Os planos da VW ameaçam “dezenas de milhares” de empregos na Alemanha, disse Cavallo nesta segunda em um discurso para os trabalhadores da VW em Wolfsburg. “Isso é fome, um enfraquecimento em parcelas.”

O CEO Oliver Blume apontou para os altos custos da marca VW, que luta contra os efeitos da diminuição da demanda na Europa e a intensificação da concorrência da BYD na China.

Os sindicalistas alegam que os trabalhadores são obrigados a pagar pelos erros da direção e do conselho, que incluem uma mudança de veículo elétrico mal-executada e uma política de preços ruim.

Os planos de corte devem intensificar um conflito com os sindicatos e causar um golpe na maior economia da Europa, que luta contra a estagnação e enfrenta desafios que vão desde a migração e os custos mais altos de energia até a austeridade orçamentária e a guerra na Ucrânia.

Essas medidas dão início a uma semana contenciosa para a Volkswagen, que deve registrar queda nas vendas e nos lucros quando divulgar os resultados do terceiro trimestre na quarta-feira (30).

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Os cortes também incluem o congelamento de salários no próximo ano e em 2026, disse Cavallo, e a abolição de pagamentos únicos para trabalhadores que permaneceram na montadora por 25 e 35 anos.

Ela acrescentou que a Porsche - marca também liderada por Blume - encerrou sua relação de produção e planejamento de modelos futuros com a fábrica de Osnabrück.

O que disse a Volkswagen

A Volkswagen se recusou a comentar sobre a natureza exata dos cortes, dizendo apenas que a situação é "séria" e que ambos os lados têm a responsabilidade de proteger o futuro da empresa.

“Não estamos produzindo o suficiente em nossas unidades alemãs”, disse o CEO da marca VW, Thomas Schäfer, que acrescentou que os custos da fábrica estão de 25% a 50% acima dos planos da empresa.

As ações da Volkswagen caíam cerca de 2% em Frankfurt perto das 13h no horário local. E acumulam queda perto de 18% neste ano.

A montadora alemã, que emitiu seu segundo alerta sobre os resultados em três meses no final de setembro, está em um período difícil.

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Suas marcas premium, incluindo a Audi e a Porsche, que foram a maior fonte de lucro nos últimos anos, agora enfrentam dificuldades. A Porsche disse na sexta-feira (25) que avalia cortes de custos e revisa sua linha de modelos depois que uma queda na demanda na China atingiu seus lucros.

O anúncio se soma a uma série de alertas sobre mudanças nos lucros de montadoras europeias. A Mercedes-Benz também é afetada pela queda nas vendas na China, a BMW foi prejudicada por um recall caro, e a Stellantis tem sido atingida por um desempenho ruim no mercado dos EUA.

Até o momento, as negociações entre a administração da Volkswagen e os trabalhadores não produziram resultados. Um período de carência se esgotará no próximo mês, com a possibilidade de greves de advertência nas unidades da VW na Alemanha a partir de 1º de dezembro.

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