Volcafe reduz estimativas para a safra de café do Brasil em razão da seca

Seca prolongada no Brasil, o principal produtor global de café, impactará a produção do ciclo 2025/26 para 34,4 milhões de sacas; preços da commodities subiram 5,5% nesta terça (10)

Os futuros do café arábica negociados em Nova York atingiram um recorde de alta na terça-feira (10), subindo até 5,5%. (Foto: Dimas Ardian)
Por Ilena Peng - Isis Almeida
10 de Dezembro, 2024 | 04:23 PM

Bloomberg — A Volcafe, uma das maiores negociadoras de café do mundo, reduziu sua perspectiva para a produção de arábica do Brasil depois que uma visita à safra revelou a gravidade de uma seca prolongada no maior produtor mundial.

O Brasil deve produzir apenas 34,4 milhões de sacas do grão arábica premium na próxima temporada, uma queda de cerca de 11 milhões de sacas em relação à estimativa de setembro, de acordo com uma apresentação vista pela Bloomberg News.

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Isso coloca a produção global de café no caminho para ficar aquém da demanda em 8,5 milhões de sacas na temporada 2025/26, o que marca o quinto ano de déficits, segundo a apresentação.

Os futuros do café arábica negociados em Nova York atingiram um recorde de alta na terça-feira (10), subindo até 5,5%.

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Os preços subiram mais de 80% este ano devido às preocupações com o impacto da seca no Brasil, ameaçando aumentar ainda mais os preços da bebida para os consumidores.

O Brasil "tinha o potencial de levar o equilíbrio global de oferta e demanda de volta a um superávit muito necessário", disse a Volcafe. "No entanto, os resultados de nossa visita às lavouras indicam níveis significativamente altos de falhas na floração."

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As estimativas se baseiam em um tour de safra em 1.850 fazendas de amostra, que mostrou “o forte impacto” do clima sobre os cafeeiros, segundo o relatório.

A seca prolongada de abril a setembro reduziu a umidade do solo, fez com que as folhas caíssem das árvores e impediu a floração. As árvores que tiveram flores não conseguiram florescer e se desenvolver mais.

A perspectiva para 2025/26 é pior do que a da atual temporada, na qual a produção brasileira de arábica deverá ser de 43,3 milhões de sacas, resultando em um déficit global de 5,5 milhões de sacas. Uma saca pesa 60 kg (132 libras).

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“A perda da safra brasileira de arábica de 2025/26 é um sinal crítico para as perspectivas da estrutura do mercado”, disse a Volcafe. É improvável que os estoques certificados mantidos pela bolsa de futuros subam acima de um limite que poderia ajudar o mercado a entrar em uma estrutura em que os preços atuais são mais baixos que os preços futuros.

O aperto no mercado de arábica também foi impulsionado pelo aumento da demanda após a escassez de grãos robusta no início deste ano, o que poderia levar os estoques a “níveis insustentáveis”, abaixo de cinco meses de consumo até o segundo trimestre de 2025, disse a Volcafe.

Isso deverá apoiar uma mudança de volta para o robusta no médio prazo, potencialmente apoiando os preços da variedade mais barata.

A Volcafe também reduziu sua perspectiva para a safra brasileira de robusta de 2025/26 em 1,5 milhão de sacas, para 24 milhões de sacas, em função da seca, embora os preços mais altos da variedade sejam vistos como um estímulo geral à produção do país.

A produção global de robusta na próxima safra é vista como excedente em 1,2 milhão de sacas, após quatro anos de déficits. Os futuros do robusta em Londres subiram até 6% na terça-feira.

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