Bloomberg Línea — A Vibra antecipou o direito de compra dos 50% que não possui na Comerc Energia e concordou em pagar R$ 3,525 bilhões pela fatia, segundo informou ao mercado no fim da tarde desta quarta-feira (21).
“Nossa decisão é motivada pelo importante retorno financeiro, que virá de sinergias significativas entre as duas empresas e pelo baixo risco do negócio já totalmente operacional″, disse o CEO da Vibra, Ernesto Pousada, em comunicado.
Segundo fato relevante, são estimadas sinergias imediatas de R$ 1,4 bilhão em benefícios a valor presente, que incluem redução de custos financeiros e otimização da estrutura fiscal e de custos operacionais, que serão implementadas em até dois anos.
“A Comerc vem apresentando bons resultados, com os principais projetos de geração concluídos e com um Ebitda [métrica de geração de caixa operacional] anualizado de R$ 1 bilhão em 2024″, disse o CEO.
Com a transação, a Vibra se torna uma das maiores plataformas multienergia do Brasil.
“A Vibra tem demonstrado os efeitos de seu modelo de gestão capaz de garantir patamares consistentes de margem, geração de valor para o acionista e menor volatilidade”, disse a empresa em comunicado.
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O presidente do conselho da Comerc, Cristopher Vlavianos, continuará na companhia até pelo menos 2028 e, no período até chegar esse momento, vai participar ativamente de decisões estratégicas da comercializadora de energia, umas das líderes na geração de renováveis. Ele fundou a companhia em 2001.
O atual CEO da Comerc, André Dorf, ficará no cargo até o começo de 2025, quando será substituído por Clarissa Saddock, atualmente VP Executiva de Energia Renovável e ESG da Vibra - a executiva chegou à companhia há pouco mais de um ano, depois de renunciar ao cargo de CEO da AES Brasil. Segundo o comunicado, haverá uma transição gradual e coordenada.
“A Vibra valoriza o DNA empreendedor da Comerc e quer manter sua agilidade e foco no cliente. Em paralelo, vamos ter uma relação mais próxima com a Vibra operando em uma estratégia de interdependência em áreas em que juntos geraremos mais valor”, disse Vlavianos, o Kiko, em post no LinkedIn.
“Nesse modelo, a Comerc segue atuando com sua estrutura atual, em São Paulo, e será uma vertical de negócios dentro da Vibra seguindo suas atividades normalmente”, completou.
A Vibra havia acertado a aquisição de 50% da Comerc em outubro de 2021, em operação em diferentes etapas, concluída em maio de 2022, com previsão de compra da totalidade das ações entre 2026 e 2028.
Segundo a empresa, anteriormente conhecida como BR Distribuidora e que segue como líder do mercado doméstico de distribuição de combustíveis e lubrificantes, “boas oportunidades de retorno financeiro imediato levaram a Vibra a optar por antecipar a operação.”
A companhia disse que já dispõe dos recursos necessários para efetivar a transação e que não haverá mudanças significativas em sua estrutura de capital.
A Vibra tem como maiores acionistas a Dynamo, o investidor Ronaldo Cezar Coelho, por meio de seu fundo Samambaia, a Previ, fundo de pensão de funcionários do Banco do Brasil, e a BlackRock.
As ações da Vibra (VBBR3) acumulam ganhos perto de 40% nos últimos doze meses, com valor de mercado de R$ 29 bilhões.
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