Proibição a Crocs em escolas desafia popularidade entre adolescentes

Preocupação com segurança gerou proibição em 12 estados americanos; empresa diz que não há dado comprovado de que restrições aumentaram e possam afetar as vendas

Crocs
Por Julia Fanzeres
28 de Outubro, 2024 | 04:55 PM

Bloomberg — Dezenas de escolas em pelo menos 12 estados dos Estados Unidos proibiram os alunos de usar calçados da Crocs no dia-a-dia citando a alegada propensão de alguns alunos tropeçarem e caírem ao usar os modelos coloridos sem as chamadas tiras de segurança atrás do calcanhar.

Outras escolas afirmam que os calçados levaram a um aumento no número de acidentes e distrações, incluindo alunos que brincam com os pequenos amuletos que acompanham os calçados em sala de aula e jogam os calçados em seus colegas.

Isso acontece depois de a Crocs ter se transformado em uma empresa de US$ 8 bilhões e alcançado fama no mesmo nível do astro Justin Bieber ao oferecer uma opção rápida e confortável para crianças e adolescentes.

“Sempre que alguém menciona um ferimento no pé, a primeira coisa que todos dizem é: ‘aposto que estava usando Crocs’”, disse Oswaldo Luciano, que tem dois filhos e trabalha como enfermeiro escolar em Nova York. Ele se referia a conversas com outros enfermeiros de todo o estado.

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“Todos os alunos devem usar sapatos fechados para segurança [sem Crocs]”, apontou a política de uniformes da escola Lake City Elementary, que fica ao sul de Atlanta.

A LaBelle Middle School em LaBelle, Flórida, diz em seu código de vestimenta para o ano letivo atual que “calçados seguros devem ser usados o tempo todo”, especificando: “NÃO são permitidos CROCS”.

Vendas em alta

A Crocs (CROX), que deve divulgar os resultados do terceiro trimestre na terça-feira (29), antes da abertura dos mercados dos EUA, viu suas vendas anuais mais do que triplicarem nos últimos quatro anos.

A empresa disse que as restrições escolares são “desconcertantes” e afirmou que, mesmo que algumas escolas estejam proibindo o uso, eles ainda são um “calçado de uso diário”.

Ainda assim, Anne Mehlman, presidente da marca Crocs e vice-presidente executiva da empresa, disse que não tem conhecimento de “nenhum dado comprovado de que as proibições estejam aumentando”.

Após um período de inatividade de uma década durante os anos 2010, a Crocs recuperou sua relevância após um movimento estratégico para atingir os adolescentes.

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Ajudada por crianças que ansiavam por conforto durante a pandemia e por uma série de parcerias com celebridades, incluindo Post Malone e Justin Bieber, a Crocs agora está entre as dez marcas preferidas dos adolescentes, de acordo com uma pesquisa semestral da Piper Sandler.

As ações subiram mais de três vezes o desempenho do índice S&P 500 desde 2018.

Ainda assim, há sinais de que o crescimento da empresa pode estar diminuindo. Espera-se que o crescimento das vendas no terceiro trimestre, que inclui o período de compras de volta às aulas, seja de apenas 0,4%, de acordo com a média das estimativas compiladas pela Bloomberg.

Esse seria o nível mais baixo desde 2020. E o cenário econômico para os gastos do consumidor tem piorado à medida que os compradores buscam ofertas antes da temporada de compras de fim de ano e os preços mais altos em toda a economia prejudicam a fidelidade à marca.

“A compra de produtos para a volta às aulas ou para uso na escola é importante para a marca”, disse Neil Saunders, diretor administrativo de varejo da GlobalData. E, embora Saunders diga que ainda não há sinais de que as proibições estejam afetando as vendas, “certamente não ajuda“.

Siobhan Joshua, técnica de farmácia em Yonkers, no estado de Nova York, disse que recentemente comprou para sua filha de dez anos um par de tênis para substituir os Crocs na escola, que recentemente proibiu os tamancos durante o recreio por motivos de segurança.

A filha de Joshua levou oito pontos na canela depois que um de seus Crocs ficou preso em uma escada rolante, levando a uma queda.

“Na verdade, achei uma loucura o fato de termos comprado os tamancos para segurança e eles estarem proibindo-os por causa da segurança”, disse Joshua, acrescentando que sua filha ainda adora seus Crocs e os usa fora da escola.

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