Bloomberg — A hesitante recuperação econômica da China continuou a pesar sobre a demanda pelos produtos do Grupo Rio Tinto (RIO). Os embarques de minério de ferro no segundo trimestre caíram 1% frente ao ano anterior.
O maior produtor de minério de ferro do mundo embarcou 79,1 milhões de toneladas da matéria-prima usada para a fabricação de aço nos três meses até 30 de junho. Embora tenha mantido inalterada a previsão - o guidance - de exportação para o ano inteiro de seu principal produto, a empresa reduziu as projeções de produção de alumina e cobre refinado.
Os pesos pesados exportadores de commodities, incluindo a Rio Tinto e a Vale (VALE), estão sendo observados de perto em busca de insights sobre o grau de desaceleração na China, que pode ter efeitos significativos em toda a economia global.
A decepcionante recuperação pós-pandemia e os persistentes problemas imobiliários do maior país consumidor de metais pressionaram para baixo a demanda por aço e os preços do minério de ferro.
“A recuperação econômica da China ficou aquém das expectativas iniciais do mercado, já que a desaceleração do mercado imobiliário continua a pesar sobre a economia e os consumidores permanecem cautelosos, apesar da flexibilização da política monetária”, disse a Rio Tinto em um comunicado.
A recuperação da demanda de aço no país encontrou “ventos contrários persistentes” no segundo trimestre, disse a empresa.
Os preços do minério de ferro, que apresentaram uma recuperação parcial desde o final de maio, podem ficar sob maior pressão devido a um aumento nos embarques da Vale. A produção da mineradora brasileira, a segunda maior fornecedora de minério de ferro do mundo, aumentou mais de 6% no último trimestre.
O minério de ferro caiu 1,1%, para US$ 112,40 a tonelada, por volta das 14h42 em Cingapura. O produto básico para a fabricação de aço está cerca de 15% abaixo da alta de fechamento deste ano, em meados de março.
A Rio Tinto disse esperar que os embarques de minério de ferro para o ano inteiro fiquem na metade superior de sua faixa projetada de 320 a 335 milhões de toneladas.
A companhia reduziu o guidance de produção de alumina para o ano inteiro para 7,4 milhões de toneladas a 7,7 milhões de toneladas, em comparação com as 8 milhões de toneladas anteriores, e de cobre refinado para 160.000 a 190.000 toneladas, em comparação com as 210.000 toneladas.
“As quedas de produção durante o trimestre destacam que ainda temos muito a fazer”, disse o CEO da Rio Tinto, Jakob Stausholm, no comunicado.
A produção de alumínio no segundo trimestre aumentou 11% em relação ao ano anterior, para 814.000 toneladas, enquanto a de cobre caiu 1%, para 145.000 toneladas.
A expansão do projeto Oyu Tolgoi da empresa na Mongólia - uma das maiores minas de cobre do mundo - está progredindo antes do previsto, disse a empresa. Ela continua no caminho certo para mais do que triplicar a produção do metal até o final da década.
A Rio Tinto disse que as negociações sobre o co-desenvolvimento do enorme projeto de minério de ferro de Simandou, na Guiné, no qual tem uma participação conjunta com produtores chineses e o governo da nação da África Ocidental, continuaram a progredir, mas não deu nenhum cronograma de produção.
A mineradora continua a se ramificar a partir de seu negócio principal de minério de ferro, com ambições de se expandir para metais que sustentarão a transição para a energia limpa.
A Rio Tinto tem um projeto de lítio na Argentina e espera desenvolver o que seria a maior mina da Europa para o metal de bateria na Sérvia, apesar de seu pedido ter sido bloqueado pelas autoridades do país no início deste ano. Ela está concentrada em consultar as principais partes interessadas no projeto sérvio para apoiar o que considera um “ativo de classe mundial”, disse a empresa.
- Com a colaboração de James Fernyhough.
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