Bloomberg — A Samsung Electronics relatou a maior queda em receita trimestral desde pelo menos 2009, alimentando a incerteza sobre quando a baixa de um ano na demanda por eletrônicos e chips chegará ao fim.
Na sexta-feira (7), as ações caíram 2,4% em Seul – a maior baixa em três meses – depois que a Samsung relatou queda de 22% nas vendas, para 60 trilhões de won (US$ 46 bilhões), acima do que o esperado pelo mercado.
O lucro operacional despencou 96% nos três meses encerrados em junho, embora tenha atingido 600 bilhões de won, superando as estimativas médias.
A Samsung tem sido a mais afetada pela desaceleração que atinge a indústria global de chips de memória, no valor de US$ 160 bilhões, refletindo uma queda mais ampla após o boom das atividades online visto durante a pandemia.
Os temores de inflação e recessão no ano passado desencadearam uma rápida redução nos gastos do consumidor e das empresas, o que desde então tem prejudicado as vendas de eletrônicos em todo o mundo.
Excesso de chips
Apesar da queda nas vendas, investidores permanecem “cautelosamente otimistas” de que o excesso de chips de memória está finalmente diminuindo após mais de um ano de queda nos preços.
Rivais da Samsung, como Micron Technology e SK Hynix, sinalizaram que as empresas de eletrônicos estão lidando com estoques excedentes de chips de memória após o colapso pós-pandemia na demanda por smartphones e computadores.
A indústria cíclica tem se esforçado para estabilizar os preços. A Samsung anunciou em abril que está reduzindo a produção após relatar seu lucro mais baixo em 14 anos, um passo significativo para acabar com o excesso de oferta.
A Micron afirmou na semana passada que já passou pelo ponto mais baixo da atual recessão, e executivos da Hynix previram algum alívio ainda este ano.
A demanda relacionada à inteligência artificial também está impulsionando as esperanças dos investidores, com o Morgan Stanley (MS) elevando seus preços-alvo para as ações da Samsung e da Hynix diante das perspectivas de longo prazo para semicondutores ligados à IA.
O último trimestre foi “o piso de lucro para a Samsung no ciclo atual de queda na demanda por chips”, disse o analista da CLSA, Sanjeev Rana.
“Esperamos uma recuperação acentuada nos lucros no segundo semestre, à medida que a queda nos preços dos chips desacelerar e a demanda se recuperar”.
A Samsung tem sido a maior contribuinte para os ganhos do índice Kospi, referência da Coreia do Sul, em 2023. A maior empresa do país fornecerá uma perspectiva do seu negócio quando divulgar o balanço completo em 27 de julho.
“Acreditamos que a pior perda trimestral do negócio de semicondutores ocorreu no 1º trimestre de 2023″, disse Giuni Lee, analista do Goldman Sachs (GS), em um relatório antes da divulgação dos resultados.
Espera-se que as perdas da Samsung diminuam gradualmente antes que a empresa registre um pequeno lucro no quarto trimestre, acrescentou.
Semicondutores
As exportações de semicondutores também estão se recuperando, com uma queda de 28% em junho, ante baixa de 41% em abril.
Na semana passada, a Samsung anunciou um plano para fortalecer seus negócios de fundição na tentativa de reduzir a liderança da Taiwan Semiconductor Manufacturing e reduzir sua própria exposição ao mercado de chips de memória.
A Samsung pretende introduzir produção de 2 nanômetros para peças de smartphones até 2025 e expandir as aplicações, além de aumentar a produção em Pyeongtaek, na Coreia do Sul, e em Taylor, Texas.
Embora o excesso possa estar diminuindo, os níveis de estoque em toda a indústria permanecem historicamente altos e o panorama econômico é incerto.
Ainda assim, os investidores depositam suas esperanças nas perspectivas de longo prazo de que a IA generativa impulsione uma nova demanda por servidores que exijam DRAM de próxima geração, ou DDR5.
Servidores habilitados para IA exigem pelo menos quatro a seis vezes mais capacidade de DRAM em comparação com os convencionais, segundo o relatório do Goldman Sachs.
Analistas do Morgan Stanley, incluindo Shawn Kim, afirmaram que as fabricantes de chips de memória da Coreia estão prestes a se beneficiar de um crescimento quase 10 vezes maior no mercado de DRAM, chegando a US$ 19 bilhões nos próximos quatro anos.
No entanto, por enquanto, a Samsung também está lidando com uma queda prolongada no mercado de smartphones. Estima-se que os envios de celulares da empresa tenham caído 9% no segundo trimestre de abril a junho, de acordo com a eBest Investment.
A Samsung está apostando em uma linha de smartphones dobráveis para fortalecer sua lucratividade, com planos de lançar o Galaxy Z Fold 5 e o Flip 5 no final de julho.
-- Com a colaboração de Youkyung Lee e Debby Wu
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