Vendas da Nestlé perdem força e têm o menor ritmo de expansão desde 2020

Receitas tiveram crescimento orgânico de 6% no terceiro trimestre, e ficou abaixo das previsões de analistas

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Bloomberg — A Nestlé teve uma desaceleração no crescimento de receita, atingindo o ritmo mais fraco em quase três anos, uma vez que os consumidores reduziram as compras diante dos preços mais altos dos produtos da fabricante, que incluem a ração Purina e o café Nespresso.

A receita aumentou 6% na comparação orgânica no terceiro trimestre, informou a empresa nesta quinta-feira (19), ficando aquém das previsões dos analistas. Um indicador de volume registrou o quinto declínio consecutivo.

A Nestlé Health Science, que deveria ser um impulsionador de crescimento, foi uma das unidades com pior desempenho, e a empresa adiou as metas para 2025 para essa unidade em seis meses.

A receita de vitaminas, minerais e suplementos diminuiu devido a problemas de TI nos Estados Unidos. Restrições de capacidade afetaram as vendas da água Perrier engarrafada, e o mercado dos Estados Unidos estava desafiador.

O crescimento das vendas é o mais lento desde o quarto trimestre de 2020. As ações da Nestlé caíram 3,2% no último mês, parcialmente devido à preocupação de que os consumidores possam consumir menos alimentos diante do crescimento das vendas de medicamentos para emagrecimento, como o Wegovy.

Os medicamentos GLP-1 não tiveram impacto nas vendas, informou o CEO Mark Schneider a jornalistas. A Nestlé reiterou sua previsão de crescimento de vendas orgânicas de 7% a 8% para este ano. Schneider afirmou em julho que o crescimento deve ficar no extremo superior desse intervalo.

O fabricante do KitKat tem como alvo o crescimento de vendas orgânicas de um dígito e uma margem operacional de 18% para a Nestlé Health Science, que produz produtos como os pós de proteína Orgain e as cápsulas Vowst para prevenir a recorrência de infecções por C. diff, uma bactéria que causa diarreia.

O problema de TI surgiu em agosto, quando a Nestlé consolidou suas instalações de embalagem nos EUA, e espera-se que as restrições sejam resolvidas até o início de 2024.

Schneider afirmou que a Nestlé se beneficia ao reduzir seu portfólio de produtos e gastar mais em marketing para marcas com vendas superiores a 1 bilhão de francos suíços (US$ 1,1 bilhão). Isso deve ajudar no crescimento real interno, um indicador de volume, se tornar positivo no quarto trimestre, disse ele.

A margem bruta da Nestlé continua se recuperando, afirmou Schneider.

Outro tema discutido foi a crise no Oriente Médio. A Nestlé fechou temporariamente uma fábrica em Israel após o ataque do Hamas ao país.

“Tomamos todas as precauções necessárias”, disse o CEO. “Neste ponto, é muito cedo para especular exatamente qual será o impacto nos negócios.”

A empresa anunciou na quarta-feira que pode cortar 542 empregos e encerrar as operações de fabricação e pesquisa de fórmulas infantis da Wyeth, na Irlanda. A demanda tem sofrido devido à queda na taxa de natalidade na China.

“Nessas circunstâncias, é melhor reequilibrar nossa oferta”, disse Schneider.

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