Vendas da LVMH no fim do ano sinalizam que o pior ficou para trás para o luxo

Receitas cresceram 10% em termos orgânicos no quarto trimestre, o que impulsionou as ações para o maior ganho em quase quatro anos e beneficiou concorrentes na bolsa

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Bloomberg — As vendas da LVMH aumentaram no fim do ano passado, em um momento em que consumidores ricos se presentearam com bolsas caras e champanhes do grupo. Trata-se de um sinal de resistência no maior conglomerado de luxo do mundo, o que levou as ações a disparar.

A receita cresceu 10% em termos orgânicos nos últimos três meses do ano passado, afirmou a empresa com sede em Paris na quinta-feira (25), superando as estimativas de analistas e investidores.

O bilionário Bernard Arnault, CEO da LVMH, disse estar “muito confiante” para este ano. As ações tiveram o maior aumento em quase quatro anos.

O tom otimista da administração “apoia nossa visão de que 2024 poderia ser um ano de normalização suave em vez de difícil para a LVMH”, escreveu o analista do Citigroup (C), Thomas Chauvet, em nota.

O boom de consumo pós-pandemia que, por um tempo, tornou a LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton a empresa mais valiosa da Europa, perdeu força na segunda metade do ano passado com o aumento da inflação.

No entanto os resultados da LVMH e da proprietária da Cartier, a Richemont, no início deste mês sugerem que as marcas mais fortes resistiram à crucial temporada de compras de fim de ano.

As ações da LVMH subiram até 11,9% nas negociações na Bolsa de Paris ontem. Os ganhos lideraram uma ampla alta para concorrentes, desde a dona da Gucci, a Kering, até a Moncler.

Conhaque e champanhe

As vendas na unidade considerada estratégica de moda e artigos de couro da LVMH, que inclui Louis Vuitton e Christian Dior, aumentaram 9% no último trimestre em termos orgânicos.

A unidade de vinhos e destilados, com marcas como o champanhe Moët & Chandon e o conhaque Hennessy, cresceu inesperadamente nos últimos três meses de 2023, após dois trimestres consecutivos de vendas em declínio.

O diretor financeiro da LVMH, Jean-Jacques Guiony, disse que o pior para o negócio de conhaque “provavelmente ficou para trás”, especialmente na China, que continua absorvendo altos níveis de estoques após os bloqueios à circulação de pessoas em 2022.

As ações da Remy Cointreau também dispararam nesta sexta-feira (26) depois que a destilaria disse que cortará custos em 100 milhões de euros (US$ 108 milhões) para proteger a rentabilidade após uma queda nas vendas.

Guiony disse que a LVMH conseguiu gerenciar seus custos, o que ajudou na lucratividade. O negócio está se normalizando após um período “excepcional” de crescimento pós-covid, disse ele. “Estamos saindo deste período com níveis favoráveis de crescimento.”

A LVMH conseguiu “calibrar” seus custos de marketing, citando a redução da compra de mídia como exemplo. “Não fizemos nada drástico ou horrível, mas gerenciamos”, disse ele.

A Ásia, excluindo o Japão, viu um crescimento orgânico de vendas trimestrais de 15%, enquanto os EUA se recuperaram sequencialmente para um crescimento de 8%, acima dos 2% nos três meses anteriores.

Guiony disse que a LVMH ainda não viu o retorno de turistas chineses de massa à Europa, mas o grupo está se beneficiando de altos níveis de gastos de viajantes chineses muito ricos em grandes cidades como Paris.

O lucro operacional recorrente para o ano superou as estimativas, subindo para 22,8 bilhões de euros.

A LVMH não planeja aumentos adicionais de preços para 2024, disse Guiony. Arnault disse que seus filhos Alexandre e Frederic serão nomeados para o conselho da empresa, em que se juntarão a outros dois filhos, a filha Delphine e o filho Antoine.

O empresário tem preparado os filhos para liderar potencialmente o império de luxo que ele fundou, e todos os cinco têm atualmente funções na empresa.

Arnault também disse que não tem planos de desmembrar ativos. “Eu nunca consideraria isso”, disse ele, já que “o grupo é construído sobre uma diversidade de marcas”.

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