Vendas da Hermès desaceleram com queda na demanda chinesa por produtos de luxo

O diretor financeiro da marca de luxo, Eric du Halgouet, disse que a empresa vai “compensar totalmente” o impacto das tarifas em todas as categorias de produtos

Apesar do resultado, o modelo de negócios da Hermès, com oferta restrita, garantiu que a demanda por suas bolsas, como a Birkin superasse a oferta.
Por Angelina Rascouet
17 de Abril, 2025 | 08:15 AM

Bloomberg — As vendas da Hermès no início do ano foram prejudicadas por uma desaceleração na demanda chinesa, mostrando que mesmo o mais resiliente fornecedor de produtos de alta qualidade não foi poupado da queda no setor de luxo no país.

As vendas do primeiro trimestre na Ásia-Pacífico, excluindo o Japão, aumentaram 1,2% a taxas de câmbio constantes, informou a Hermès em um comunicado na quinta-feira, abaixo do ganho de 4% que os analistas esperavam.

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As vendas totais no período atingiram € 4,1 bilhões (US$ 4,7 bilhões), com o crescimento de 7,2% ficando ligeiramente aquém das estimativas dos analistas. As ações caíram até 4,2% no início das negociações em Paris.

O resultado da Hermès - fabricante da cobiçada bolsa Birkin - ocorre em um momento em que o mercado de luxo luta para sair de um período de crescimento lento causado, em grande parte, pelos compradores chineses que estão reduzindo as compras.

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A perspectiva do setor ficou ainda mais sombria desde que o presidente dos EUA, Donald Trump, impôs este mês tarifas de 10% sobre as importações da União Europeia, ao mesmo tempo em que suspendeu os planos de uma taxa de 20% por 90 dias.

A Hermès aumentará os preços nos EUA a partir de 1º de maio, disse o diretor financeiro Eric du Halgouet em uma ligação com os repórteres.

“Vamos compensar totalmente o impacto dessas novas tarifas” em todas as categorias de produtos, disse ele, acrescentando que as decisões finais sobre os preços ainda estão sendo definidas. A empresa não notou uma mudança perceptível nas tendências de demanda dos EUA em abril, disse du Halgouet.

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O desempenho na China foi prejudicado pelo menor tráfego nas lojas em meio a uma desaceleração do mercado imobiliário e também por causa da base de comparação mais alta de um ano atrás, disse ele.

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A Hermès não foi a única a sofrer com a demanda na China.

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A fraca demanda no país também atingiu as vendas da fabricante de conhaque Pernod Richard.

A Hermès ainda continua a superar seus rivais, em parte porque atende aos clientes mais ricos do mundo, cujos hábitos de consumo tendem a ser menos afetados pelas crises econômicas.

A empresa também desfruta de um forte poder de precificação e de listas de espera para suas bolsas de primeira linha, graças a um modelo de produção orientado pela escassez gerenciada que aumenta sua exclusividade.

Suas vendas no primeiro trimestre cresceram em todas as regiões, com as Américas registrando um salto de 11%.

No início desta semana, a LVMH divulgou vendas trimestrais abaixo do esperado em sua principal unidade de moda e artigos de couro.

A dona da Christian Dior sofreu especialmente com a fraca demanda na região que inclui a China, com a receita caindo 11%. Essa região é responsável por 30% das vendas totais da LVMH, em comparação com 48% da Hermès.

O modelo de negócios da Hermès, com oferta restrita, garantiu que a demanda por suas bolsas, como a Birkin - batizada em homenagem à falecida cantora e atriz britânica Jane Birkin - e a Kelly - inspirada na princesa Grace Kelly - superasse a oferta.

Essas bolsas podem ser vendidas por cerca de € 10.000 em Paris e podem alcançar preços muito mais altos no mercado de revenda.

Em fevereiro, a avaliação da Hermès ultrapassou brevemente a marca simbólica de 300 bilhões de euros, mas as preocupações com a escalada da guerra comercial global prejudicaram o setor de luxo em geral.

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