Vendas da Gucci caem no trimestre e sinalizam situações distintas no setor de luxo

Receita comparável da Gucci caiu 4% no quarto trimestre, informou o grupo Kering, dono da marca, na contramão do crescimento acima do esperado de marcas da LVMH

Gucci contribui com cerca de dois terços do lucro do grupo Kering
Por Angelina Rascouet
08 de Fevereiro, 2024 | 10:49 AM

Bloomberg — As vendas da Gucci caíram nos últimos meses do ano passado, em um ambiente em que a marca de luxo italiana, que pertence ao grupo Kering, teve dificuldades em atrair mais compradores ricos para seus cintos Double G e chinelos Princetown durante a temporada de compras de fim de ano.

A receita comparável da Gucci caiu 4% no quarto trimestre, informou a Kering nesta quinta-feira (8), superando a queda de cerca de 3,1% esperada por analistas. A empresa sediada em Paris também alertou que uma medida-chave do lucro do grupo, o lucro operacional recorrente, cairá em 2024.

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"Estamos focados em revitalizar a Gucci", disse o CEO da Kering, Francois-Henri Pinault, descrevendo 2023 como um "ano difícil" que não atendeu às expectativas do grupo.

As ações da Kering subiram no início das negociações em Paris, pois alguns investidores se tranquilizaram ao ver que Pinault está lidando com a correção da Gucci — que contribui com cerca de dois terços do lucro do grupo — e que o desempenho da marca não foi ainda pior. As ações têm ficado atrás do maior rival francês, a LVMH, neste ano.

O esforço de transformação da Gucci acelerou após a nomeação de um novo estilista há um ano. Sabato De Sarno apresentou sua coleção de estreia na semana de moda de Milão em setembro, no mesmo mês em que o CEO da Gucci, Marco Bizzarri, deixou a empresa após oito anos no cargo.

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Os produtos apresentados em setembro chegarão às lojas nas próximas semanas, disse a diretora financeira da Kering, Armelle Poulou, aos repórteres.

Os esforços de revitalização ocorrem enquanto os fabricantes de bens de luxo se ajustam aos níveis de gastos mais baixos por parte de seus clientes ricos depois que a demanda disparou após a pandemia. A empresa de consultoria Bain estima que a indústria crescerá até 4% este ano, metade do ritmo do ano passado.

No entanto, os resultados do mês passado da proprietária da Cartier, Richemont, e da LVMH, cujas marcas incluem Louis Vuitton e Christian Dior, mostraram que as marcas mais fortes permaneceram principalmente resilientes durante a desaceleração.

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No geral, o lucro operacional recorrente do grupo na Kering despencou 15% para 4,75 bilhões de euros (US$ 5,12 bilhões) no ano passado. Os analistas esperavam 4,9 bilhões de euros.

Pinault alertou que os investimentos da Kering em suas marcas — que incluem também a Balenciaga — vão pressionar os resultados do grupo no curto prazo.

A Kering previu que o lucro operacional recorrente neste ano terá uma queda em relação a 2023, principalmente no primeiro semestre, e afirmou que permanecerá “vigilante e disciplinada em relação à sua estrutura de custos.”

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