Bloomberg — As vendas da Richemont, grupo que detém marcas como Cartier, Montblanc, Van Cleef & Arpels e Panerai, tiveram um salto inesperado de dois dígitos durante a temporada de compras de fim de ano, em um sinal provisório de que a demanda por artigos de luxo pode estar em recuperação.
As vendas aumentaram 10% durante os três meses até dezembro, a taxas de câmbio constantes, informou a Richemont na quinta-feira (16).
Os analistas esperavam um aumento de menos de 1%. As Américas e a Europa impulsionaram o desempenho, com as compras de joias caras superando as fracas vendas de relógios, que prejudicaram o lucro do grupo.
"Consideramos esses resultados como excepcionalmente fortes", escreveu Piral Dadhania, analista da RBC Capital Markets, em uma nota.
Leia mais: Bernard Arnault, da LVMH, adquire fatia na proprietária da Cartier, dizem fontes
O desempenho elevou as ações da Richemont em até 18% nesta quinta, um patamar recorde, e impulsionou outros grupos de luxo com o otimismo de que o pior pode ter passado para o setor, que tem enfrentado uma demanda mais fraca após anos de aumentos agressivos de preços.
Embora a maior exposição da Richemont a joias lhe dê algum isolamento da volatilidade de outras categorias de moda, as ações das rivais LVMH, Kering e Hermes International também subiram com as notícias.
Até mesmo os resultados da Richemont na região Ásia-Pacífico, onde as vendas caíram 7% nos últimos três meses, foram muito melhores do que as estimativas. Somente a China, onde os compradores demonstraram menos apetite pelo luxo em meio a preocupações com a saúde do mercado imobiliário, continuou sendo um ponto fraco, e as vendas caíram 18%.
O último trimestre do ano é, normalmente, o período mais importante para as marcas de luxo, devido às compras de fim de ano. Os gastos mais altos dos turistas americanos e do Oriente Médio ajudaram a aumentar as vendas na Europa em 19%, segundo estimativas.
Leia mais: Família bilionária das marcas Carolina Herrera e Rabanne mira sucessão com IPO
A Richemont é proprietária da Cartier e da Van Cleef & Arpels, duas marcas de joias muito procuradas. Esse segmento, conhecido como hard luxury, geralmente se sai melhor em tempos de incerteza, pois as joias tendem a ser mais atemporais do que bolsas e outros itens de moda.
O segmento de relógios da Richemont também superou as estimativas, com a receita caindo menos do que o esperado.
“Embora ainda frágil, o mercado tem mostrado sinais de estabilização” na China, escreveu Jean-Philippe Bertschy, analista da Vontobel, em uma nota. Mas, de modo geral, “apesar da situação desafiadora na China e nos relógios, a Richemont nunca esteve tão forte”, acrescentou.
Algumas empresas que atendem a pessoas muito ricas resistiram melhor à recessão do luxo do que aquelas que apelam para os menos abastados.
No início desta semana, a Brunello Cucinelli divulgou uma forte receita trimestral e previu um crescimento de vendas de 10% neste ano e no próximo. A marca italiana vende jaquetas bomber de cashmere e vicunha por 17.500 euros (US$ 17.992).
A LVMH (Louis Vuitton Moët Hennessy), o maior grupo de luxo do mundo, divulgará seus lucros em 28 de janeiro. A empresa francesa, liderada pelo bilionário Bernard Arnault, está mais exposta ao chamado segmento de “soft luxury”, que oferece bolsas e artigos de moda.
Veja mais em bloomberg.com
©2025 Bloomberg L.P.